Assinar

“Pegamos um mercado destroçado”

Buscar
Publicidade
Comunicação

“Pegamos um mercado destroçado”

Eduardo Lima, presidente do CCSP, critica geração anterior de criativos por desunião da classe


20 de setembro de 2013 - 12h59

Acabar com um mercado que se fala muito pelo Twitter, mas que não se olha no olho e sequer se conhece para valer. Essa tem sido a grande missão de Eduardo Lima, diretor geral de criação da F/Nazca S&S, desde que assumiu o Clube de Criação de São Paulo (CCSP) em 2009 até os próximos dias, quando entregará o posto a Fernando Campos, presidente, e João Linneu, vice-presidente da nova gestão.

Lima abriu na manhã desta sexta-feira, 20, a edição 2013 do Festival do CCSP, no Memorial da América Latina, fazendo críticas à geração anterior de profissionais do setor, que contribuíram para esse distanciamento. “Pegamos um mercado destroçado, sem relações entre pessoas. Isso é uma herança de uma geração anterior, em que os diretores de criação sequer podiam sentar lado a lado”.

O festival é a maior expressão dessa nova fase, em que os criativos estão mais próximos entre si e abrindo espaço para outros segmentos do mercado. “As pessoas estavam muito no Facebook e no Twitter, mas precisavam se olhar e se conhecer melhor. Estamos trazendo os grupos de Atendimento, Mídia e Planejamento, as produtoras, para cá e queremos trazer os clientes. O legal disso é que a criação que está juntando todo mundo”, afirma.

“O clube iria acabar se não se abrisse. Me arrisco a dizer que os dois momentos mais importantes da história do clube foram a criação dele há 38 anos e a recriação do ano passado. Não dava mais para ficar fechado só para criativo”, conclui.

Mídia e pesquisas

Outros dois temas estiveram na mira de Lima durante sua apresentação. A relação com os veículos e as pesquisas. Sobre a mídia, ele defendeu uma aproximação maior dela com a comunidade criativa, mas se mostrou pessimista. “Os dois lados tem que ter boa vontade. Os veículos, não sei se querem. Do lado de cá, também tem gente que não quer. Nosso mercado é muito tradicional em algumas coisas e eu não sinto essa vontade”, afirmou. Ele elogiou um movimento do SBT de estabelecer comerciais de 37 segundos interessante – formato que não tem sido usado de forma contínua. “Não dá pra ficar do jeito que está. A TV tem que se reinventar. Se não o fizer, ficaremos restritos”, conclama Lima.

Sobre as pesquisas, a crítica é que elas não podem ter o poder de decisão supremo sobre o destino da campanha. “Não temos que sentar, clientes e agências, e esperar o que a senhora pesquisa diz. Tem que ter uma leitura. Quantas campanhas foram mal em pesquisas e se tornaram sucessos? Há todo tipo de cliente, com bom senso e outros mais nazistas. Mas não podemos ficar entrincheirados. A intuição não existe mais e isso é muito ruim”, afirma.

Tanto ele quanto Campos, vice na atual gestão e próximo presidente, se dizem satisfeitos com as conquistas dos últimos anos. “Há dois anos, não fazíamos sequer cócegas. Hoje, já incomodamos. O próximo passo é transformar esse debate em poder para conseguir mudanças maiores como nas leis de radiodifusão e na maneira como o mercado se organizada, que é arcaica”, diz Campos. “Esse é o grande prêmio do mercado. Surgiram vários festivais caça-níqueis na cola do nosso. Alguns diziam que tínhamos que inscrever porque era de veículo. A ideia é que criativo gosta de ganhar prêmio e, por isso, devemos encher de festivais”, conclui Lima.

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também