Politicagem e fofoca reduzem produtividade
Em entrevista, Celso Loducca argumenta que trabalhar com ética dá dinheiro
Em entrevista, Celso Loducca argumenta que trabalhar com ética dá dinheiro
Felipe Turlao
27 de agosto de 2015 - 7h34
Celso Loducca anunciou na semana passada a saída da agência que leva seu sobrenome e que fundou há 20 anos – relembre aqui. Ele concedeu uma entrevista de 20 minutos em que falou sobre o legado que quer deixar no mercado e levar consigo em um novo negócio que deve abrir no ano que vem.
Confira trechos do bate-papo:
É possível competir sem concessões éticas
Achei que fosse mais fácil comunicar a decisão de sair. Mas não tenho nenhum arrependimento. Esse é o lugar que construí, do jeito que eu queria, com os sócios que eu queria. Caramba (suspiros), e agora, como vai ser? Fiz a agência lá atrás e me questionava se seria capaz de fazer uma empresa que não engana cliente, que é transparente, sem politicagem interna. Até dá para fazer, mas para competir na elite, sem concessões éticas? Tenho um excesso de sinceridade nas coisas e na vida e cobro isso das pessoas. Vivemos em um mundo essencialmente hipócrita e corrupto, em todos os sentidos. Não só no do dinheiro, mas no modo como aprendemos que as coisas deveriam ser. Eu construí a agência para poder sobreviver. Aqui, quem fizer política será mandado embora. E se você é diretor, não é melhor que outros. Seu bônus é o mesmo da dona Lu do café. Isso parece besta, mas tem um significado absurdo.
Politicagem e fofoca diminuem a produtividade
Não tenho saudosismo. Foi demais, foi bacana. Comecei a agência na sala da minha casa, e um cliente visitou e viu a bagunça, com camiseta molhada no varal. Tudo errado. Hoje, sou melhor do que há 20 anos. Mas não sei o que vou fazer. Sinto-me capaz de liderar. Pegar pessoas criativas, sem a vaidade de querer me sobrepor, e juntar essas caras com um objetivo comum, e manter um ambiente ético. Isso dá dinheiro e explico o porquê: 50% do tempo das pessoas nas empresas é gasto com politicagem e fofoca. Isso é baixa produtividade. Com a Lowe, eu era a agência mais rentável e continuo sendo no ABC. Em vez de ter 300 pessoas se digladiando para ser a mais poderosa, é melhor alinhar interesses e fazer as pessoas entregarem o coração. Eu não engano pessoas. Como você consegue a rentabilidade? Não minto, não finjo ir para um lado e ir para o outro. Ao se sentirem traídas, as pessoas querem que a empresa se dane. E eu me dano junto. Além de ser um modelo bacana, trabalhar com ética é muito mais rentável. Acho que esse know-how poucos líderes do mercado, e de fora, têm.
A íntegra desta entrevista está publicada na edição 1674, de 24 de agosto, exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.
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