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Comunicação

Politicagem e fofoca reduzem produtividade

Em entrevista, Celso Loducca argumenta que trabalhar com ética dá dinheiro


27 de agosto de 2015 - 7h34

 Celso Loducca anunciou na semana passada a saída da agência que leva seu sobrenome e que fundou há 20 anos – relembre aqui. Ele concedeu uma entrevista de 20 minutos em que falou sobre o legado que quer deixar no mercado e levar consigo em um novo negócio que deve abrir no ano que vem.

Confira trechos do bate-papo:

É possível competir sem concessões éticas

Achei que fosse mais fácil comunicar a decisão de sair. Mas não tenho nenhum arrependimento. Esse é o lugar que construí, do jeito que eu queria, com os sócios que eu queria. Caramba (suspiros), e agora, como vai ser? Fiz a agência lá atrás e me questionava se seria capaz de fazer uma empresa que não engana cliente, que é transparente, sem politicagem interna. Até dá para fazer, mas para competir na elite, sem concessões éticas? Tenho um excesso de sinceridade nas coisas e na vida e cobro isso das pessoas. Vivemos em um mundo essencialmente hipócrita e corrupto, em todos os sentidos. Não só no do dinheiro, mas no modo como aprendemos que as coisas deveriam ser. Eu construí a agência para poder sobreviver. Aqui, quem fizer política será mandado embora. E se você é diretor, não é melhor que outros. Seu bônus é o mesmo da dona Lu do café. Isso parece besta, mas tem um significado absurdo.

Politicagem e fofoca diminuem a produtividade

Não tenho saudosismo. Foi demais, foi bacana. Comecei a agência na sala da minha casa, e um cliente visitou e viu a bagunça, com camiseta molhada no varal. Tudo errado. Hoje, sou melhor do que há 20 anos. Mas não sei o que vou fazer. Sinto-me capaz de liderar. Pegar pessoas criativas, sem a vaidade de querer me sobrepor, e juntar essas caras com um objetivo comum, e manter um ambiente ético. Isso dá dinheiro e explico o porquê: 50% do tempo das pessoas nas empresas é gasto com politicagem e fofoca. Isso é baixa produtividade. Com a Lowe, eu era a agência mais rentável e continuo sendo no ABC. Em vez de ter 300 pessoas se digladiando para ser a mais poderosa, é melhor alinhar interesses e fazer as pessoas entregarem o coração. Eu não engano pessoas. Como você consegue a rentabilidade? Não minto, não finjo ir para um lado e ir para o outro. Ao se sentirem traídas, as pessoas querem que a empresa se dane. E eu me dano junto. Além de ser um modelo bacana, trabalhar com ética é muito mais rentável. Acho que esse know-how poucos líderes do mercado, e de fora, têm.

A íntegra desta entrevista está publicada na edição 1674, de 24 de agosto, exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.

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