Meio & Mensagem
12 de novembro de 2013 - 11h10
Vivemos em plena era da revolução digital, da TRANSMÍDIA, da tendência reality em comunicação. E a palavra da moda é INOVAÇÃO. Mas um tabu ou dogma de marketing que continua intocável há décadas é aquele que confunde o personagem da mensagem com o target ou o consumidor.
Ah, mas o comercial tem que ser aspiracional para que o consumidor se identifique com o personagem.
Se a ideia pede um avô ou avó, lá vem o casting com um monte de velhinhos de cabelo branco e enrugadinhos.
Será que esses gênios marketeiros já leram as pesquisas sobre a porcentagem de avós com menos de quarenta anos hoje em dia?
Recentemente, vi um cara jovem, menos de 40 com certeza, vencendo uma prova no programa dominical do Faustão, feliz por ter ganho 27 mil reais, mandando um abraço pro seu… netinho!
O Faustão que não deixa passar uma piada nem se tocou.
Há 21 anos, a Pepsi fazia comerciais com o Personagem ET.
Qual a semelhança de um ET com o consumidor de Pepsi?
A cerveja Budweiser produziu, todos se lembram, os comerciais com os adoráveis sapinhos que, obviamente, não bebiam cerveja.
Há alguns anos, Peter Souter trouxe para uma palestra sobre seus comerciais preferidos, o do chocolate Cadbury Milk Dairy com o gorila que toca bateria (e que logo depois, ele, Peter, como presidente do júri em Cannes em 2008, trabalhou para que fosse Grand Prix.).
Com certeza, um gorila vai adorar chocolate se você der a ele, mas será que ele se parece com o consumidor?
E Dove Evolution Grand Prix em 2007 mostrando em um outdoor uma mulher comum e autêntica que se torna bonita. Um viral de internet. E, agora, o último Grand Prix em Cannes com mulheres normais sendo embelezadas por um ilustrador seguindo a descrição de outras pessoas?
Parece que agora, com a ascensão das classes C e D, a nova classe média consumidora, os publicitários estão começando a descobrir aquilo que Woody Allen e Caetano Veloso descobriram faz tempo.
“Gente espelho de estrelas
Reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas
Só mesmo o amor
Maurício, Lucila, Gildásio, Ivonete,
Agripino, Gracinha, Zezé.
Gente espelho da vida”.
Julio Xavier é sócio da BossaNovaFilms e gente boa!
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