Assinar

Pra que diabos serve um conceito?

Buscar
Publicidade
Ponto de vista

Pra que diabos serve um conceito?


18 de dezembro de 2013 - 12h14

wraps
Sim, eu sei, é fácil responder à pergunta, talvez, e você há de concordar que as coisas ficam mais complicadas na hora de executar. Mas o ponto é, se todo mundo estivesse lembrando de utilizar a resposta da pergunta na prática do dia a dia, as coisas poderiam estar menos complicadas.
Ou desentendimentos não fazem parte do nosso dia a dia?

Existe um professor da FGV que, antes de responder a qualquer simples pergunta, sempre questionava ao aluno sobre qual era o conceito que ele tinha sobre aquilo. E tal indagação, embora desafiadora a princípio, servia para duas coisas: uma, para entender claramente o que aquilo significava para o aluno; duas, para balizar qual era o tipo de resposta que seria pertinente para o significado que o aluno dava para ela.

Somente assim o professor poderia respeitar a ótica e os valores que o aluno tinha sobre aquilo que estava em questão e respondê-la de forma adequada e dentro da expectativa da pergunta.

O relato serve para ilustrar de forma simples o quanto conceituar bem as coisas faz a diferença e ajuda a estabelecer uma série de parâmetros e diretrizes para saber se o combinado está sendo cumprido.

Ou problemas de cultura empresarial, divergências de objetivos e metas, e parcerias não têm andado no mais completo desajuste?

Na música, o conceito por trás de cada gênero musical permite que a banda top e os garotos do fundo da garagem produzam essencialmente a mesma coisa, seja ela concebida no Japão, seja nos subúrbios de Londres. 

Pense no punk rock, feito para protestar e questionar. O som rasgado e "tosco", os vocais trash, as letras sem pudor e o visual chocante são só consequências naturais do conceito. Então, não há de se esperar que o punk rock produza músicas sobre desilusões amorosas e coisas afins. Nesse caso, o conceito serve para alinhar a essência, ou, Noel Rosa e Wilson Batista não versavam sobre as mesmas coisas? Mesmo com as suas diferenças ?

Conceituar também ajuda a dar plena clareza para a entrega. Os maiores diretores de cinema têm muito claro qual é o conceito por trás de sua obra, e não estou falando de fazer mais do mesmo. Porém, eles fazem com que o telespectador saiba qual tipo de coisa esperar. Você não espera um Woody Allen do Tarantino, nem um Almodóvar do Scorsese; tem diferença, e todos são brilhantemente geniais e versáteis dentro de seus conceitos.

Gostar ou não também tem a ver com o conceito, e isso é um ponto importante. Ele não foi feito para agradar todo mundo, e, no esforço de tentar, originasse uma grande sacanagem com o dito cujo.
Ficam tentando criar CONCEITO para agradar todo mundo, politicamente "coxinha". Gregos e troianos já provaram que isso não dá certo, Romeu e Julieta também.

Qualquer ambiente funciona muito melhor quando o conceito está claro para todos os responsáveis por fazer o ecossistema girar, ou todos os funcionários da Disney não são
responsáveis pelo "The Dream Comes True” ?

Tem gente saindo correndo e fazendo as coisas antes de conceituar, daí, qualquer coisa pode servir ou fazer sentido, tipo o Ozzy Osbourne acordar tocando Justin Bieber, "Who the fuck is Justin Bieber"?, como disse o Ozzy quando questionado sobre o garoto.

As coisas começam a dar mais errado quando o diabo do conceito não está desenhado, rascunhado e devidamente alumiado a todos os envolvidos: é a namorada que espera algo diferente do que o namorado é. É a temakeria que começa a vender churrasco e pizza para ampliar a clientela. É Las Vegas deixar de ser Sin City só porque não é politicamente correto. Ou, ainda, a pastelaria que tenta subverter os conceitos da economia e quer crescer 4 vezes mais investindo 3 vezes menos.

Conceituar é o segundo passo para tentar fazer as coisas darem mais certo.
O primeiro tem a ver com o objetivo: o do professor era ser o melhor mestre possível.
 
Thiago Nascimento é diretor de planejamento da NewStyle

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Britânia promove espetáculo natalino ao som de Air Fryers

    Britânia promove espetáculo natalino ao som de Air Fryers

    Iniciativa foi desenvolvida pela Calia Y2 Propaganda e Marketing e conta com a presença do maestro João Carlos Martins

  • Campanhas da Semana: verão, festas e presentes

    Campanhas da Semana: verão, festas e presentes

    Intimus reforça importância do conforto no Verão, enquanto McDonald’s e Multishow apostam em música para se conectar com o público