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“Tecnologia sem inclusão perde o sentido”

Juliana Yamana, head de insights do Google Brasil, defende que é preciso ir além para tornar a tecnologia inclusiva e acessível para além dos recortes geracionais

Luiz Gustavo Pacete
7 de janeiro de 2020 - 6h00

 

Juliana Yamana, head de insights para as indústrias de mobilidade, finanças, telecom e entretenimento do Google Brasil

Há aproximadamente quinze anos, Juliana Yamana trabalhava para a Nokia. Uma empresa que foi referência no segmento de telecomunicações, mas que em um curto período perdeu espaço. Hoje, como head de insights para mobilidade, finanças, telecom e entretenimento do Google Brasil, Juliana utiliza sua própria trajetória para exemplificar que a velocidade com que mercados e indústrias se transformam é cada vez maior.

“É até um pouco assustador pensar em todas as mudanças que aconteceram nos últimos dez anos. Antigamente, quando uma empresa ia decidir que cor de aparelho que ia trazer para o portfólio do Brasil as opções eram rodar uma pesquisa de campo que poderia demorar até quatro meses para ficar pronta ou confiar no feeling de quem estava trabalhando na ponta. Essas duas opções me parecem tão impensáveis hoje em dia, uma porque não era data driven e a outra porque gerava um delay muito grande em todo o processo de planejamento”, relembra.

“Privacidade e segurança são temas que precisam ser tratados com muita seriedade e responsabilidade por toda a indústria e temos um forte compromisso com ambos.”

 

Atualmente, na função de business analytics e presente nesta edição da Consumer Electronics Show para entender como que os diversos setores com que atua se relacionam, ela ressalta que a estrutura de profissionais e inteligência disponível para as empresas também mudou, o que, apesar de ser desafiador, também torna a possibilidade de oferecer algo assertivo para o consumidor cada vez maior. “Hoje, contamos com estatísticos, cientistas de dados e analistas para nos ajudar a criar modelos inteligentes e responder grandes questões de negócios”, afirma, reforçando que nada faz sentido, do ponto de vista tecnológico, se ficar restrito a uma bolha e não considerar a inclusão no sentido amplo.

Qual a origem da transformação?
Por um lado temos um consumidor conectado e, por causa disso, bastante empoderado uma vez que a internet permitiu uma maior democratização de conhecimento. Por outro lado, vemos surgir novas empresas, ágeis, focadas no consumidor, que trazem novos modelos de negócios e que descobriram que poderiam usar o digital e a internet para adquirir, reter e se relacionar com milhões de clientes, garantindo escala e reduzindo custo de operação. Foi muito disruptivo para a indústria financeira, por exemplo, perceber que fintechs estavam se estruturando para oferecer operações de crédito e investimento direto no digital e que possuir duas ou três mil agências bancárias não seria um impeditivo para esse novo modelo de negócio.

“Hoje, no Brasil temos em torno de 70% da população conectada e isso é um grande feito, mas como podemos avançar ainda mais?”

 

O que está por vir?
Exemplos similares eu posso dar para as outras indústrias. No caso de mobilidade e todos os novos serviços que vêm surgindo, tanto de ride hailing, quanto de entrega, car sharing. Acredito que na próxima década vamos nos locomover de formas muito diferentes das quais nos locomovemos hoje. No caso de telecom e entretenimento também, conteúdo sobre demanda mudou o status quo da indústria e trouxe novos desafios e oportunidades para quem sabe aproveitá-las e uma grande expectativa em torno do 5G que permitirá que a Internet das Coisas realmente aconteça em grande escala.

O que levar em conta?
Eu acredito que as premissas para todas essas indústrias também são bastante similares e para vencer nessa nova era é preciso três coisas: (1) colocar o consumidor no centro através de um propósito amplo e que permita que essa organização consiga, de fato, resolver dores; (2) construir organizações inteligentes e que possam estar sempre em processo de aprendizagem, permitindo o chamado test and learn alimentando a operação e também a estratégia, que não é mais fixa, mas sim um processo infinito de evolução; (3) organizações que queiram ter um papel de protagonismo nas mudanças que estão por vir, com ownership e responsabilidade pelo mundo que iremos criar. É cada vez menos aceitável colocar milhões de produtos ou mesmo embalagens plásticas no mundo e não nos preocuparmos com o impacto disso depois.

Tecnologia é para todos?
A grande questão aqui é garantir o acesso a essas novas tecnologias a todo mundo. Se pensarmos numa janela de dez anos, quanto custava ter um aparelho celular e quanto custa hoje em dia? Com certeza, isso foi uma grande conquista de um trabalho em conjunto do poder público e privado. A internet é uma grande fonte de democratização de conhecimento. Hoje, no Brasil temos em torno de 70% da população conectada e isso é um grande feito, mas como podemos avançar ainda mais? Rodamos, no Google, uma análise estatística para entender quais eram as variáveis que melhor explicam o acesso à internet e na frente de renda apareceu a idade, quanto mais jovem mais inserido no mundo digital e minha pergunta aqui é como podemos garantir que os mais velhos também se sintam inseridos em todas essas mudanças?

“Por um lado temos um consumidor conectado e, por causa disso, bastante empoderado uma vez que a internet permitiu uma maior democratização de conhecimento.”

 

Legado e responsabilidade
Privacidade e segurança são temas que precisam ser tratados com muita seriedade e responsabilidade por toda a indústria e temos um forte compromisso com ambos. Damos aos usuários controle sobre seus dados e transparência sobre como as informações são utilizadas. Também é nossa responsabilidade garantir que todos os dados compartilhados conosco estejam seguros. Não vendemos informações pessoais a ninguém. Usamos os dados para melhorar a experiência de nossos produtos e para oferecer anúncios relevantes. Com tantos pontos de contato ao longo da jornada do consumidor, pode haver muitas informações disponíveis para personalização de anúncios. Queremos usar o mínimo possível desses dados ao longo do tempo para atender às expectativas de relevância. A transparência precisa ser um movimento da indústria.

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