Imposto diminui consumo de refrigerantes nos EUA

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Imposto diminui consumo de refrigerantes nos EUA

Estudo mostra que moradores da cidade da Berkeley, primeira a adotar a taxação no país, estão bebendo 21% menos produtos com açúcar


29 de agosto de 2016 - 11h27

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Quase 70% do custo com o imposto é repassado aos consumidores (crédito: FreeImages.com)

(*) Do Advertising Age,

Nada como um imposto sobre refrigerantes para por fim à vontade de consumir a bebida.

A população de baixa renda e minorias da cidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), beberam 21% menos refrigerante depois que o município passou a taxar o produto, de acordo com estudo publicado na terça- feira, 23, no American Journal of Public Health.

Os pesquisadores compararam a venda de bebidas açucaradas em Berkeley entre abril e julho de 2014 a um período de cinco meses do ano seguinte, logo após o imposto entrar em vigor.

No mesmo período, as vendas de refrigerante para a população de baixa renda e minorias de São Francisco e Oakland, cidades vizinhas de Berkeley, aumentaram em 4%. Esses estratos da população são mais propensos a consumir bebidas açucaradas e a sofrer os problemas de saúde decorrentes disso.
Aprovado pelos eleitores em novembro de 2014 e implementado em março de 2015, o imposto cobra dos distribuidores um centavo de dólar para cada onça (28,4 ml) de bebidas açucaradas como refrigerantes, bebidas esportivas e chás doces.

Quase 70% desse custo é repassado aos consumidores, segundo estudo do Instituto de Políticas Nutricionais de Berkeley, ligado à Universidade da Califórnia.

A cidade foi a primeira dos Estados Unidos a cobrar imposto sobre refrigerantes depois de uma campanha financiada em parte por Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York. Do outro lado, a Big Soda investiu US$ 1,7 milhão para derrotar a medida.

A Philadelphia, cidade maior do que Berkeley, foi ainda mais longe e decretou imposto de um centavo e meio de dólar por onça de bebidas açucaradas e diet. O plano é usar a receita arrecadada para financiar a expansão do programa de pré-escola da cidade.

Em Berkeley, no entanto, pode ser que não só o imposto faça a diferença. Campanhas em favor da taxação de refrigerantes geralmente alertam as pessoas para os perigos do consumo da bebida.
“Não sabemos se a redução é o resultado do aumento dos preços ou o reflexo de uma maior conscientização a partir de uma campanha bem-sucedida sobre o imposto”, afirma Jennifer Falbe, pesquisadora da Escola de Saúde Pública de Berkeley, da Universidade da Califórnia, que liderou o estudo.

“O debate em torno da adoção da taxa aumenta a consciência – uma peça fundamental de como ela funciona”, diz David Goldberg, vice-presidente de comunicação do Healthy Food America, entidade sem fins lucrativos que faz uso da ciência para alterar políticas de saúde e práticas da indústria.
Antes de o México decretar aproximadamente 10% de imposto para bebidas açucaradas em janeiro de 2014, surgiram cartazes na Cidade do México que mostravam a presença de 12 colheres de chá de açúcar na garrafa de 600 ml de Coca-Cola, e também um homem que perdeu partes de seus pés por conta da diabetes.

Um estudo inicial conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Pública do México, divulgado em novembro de 2015, mostrou que o consumo de refrigerante caiu em até 12% no ano seguinte à implementação do imposto. Um comunicado da indústria de refrigerante apontou que houve recuperação nas vendas dois anos após o início da taxação, colocando a efetividade do imposto em dúvida. No entanto, Falbe, Goldberg e defensores da saúde mexicana alertam para os números de venda fornecidos pela Big Soda.

A Associação Americana de Bebida declarou em comunicado à Bloomberg que não acredita que o imposto terá impacto mensurável na saúde pública.

“O que eu gostaria de ver”, afirmou Falbe, “são resultados de longo prazo que usem os mesmos métodos e a mesma fonte de dados do estudo original, antes de esboçar qualquer conclusão”.

Em outras palavras, é cedo para dizer se o imposto mexicano sobre refrigerantes será efetivo a longo assim como a curto prazo. Mas em Berkeley, até o momento, o imposto parece estar fazendo seu trabalho.

Tradução: Guilherme Fernandes

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