As estratégias da Copa do Mundo para além dos gramados
Criadores de conteúdo e influenciadores conquistam protagonismo na Copa do Mundo Fifa Qatar ao engajar a torcida nativa digital
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Valeria Contado
28 de novembro de 2022 - 12h40
Os nativos digitais são um público potencial para ser ativado pelos criadores de conteúdo neste período de Copa do Mundo. Além de já nasceram na era da internet, não tiveram a experiência de acompanhar a seleção brasileira levantar a taça de campeã. A última vez foi em 2002, na Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão. E, em geral, não tiveram contato com muitas tradições das gerações mais analógicas, como se reunir com vizinhos e amigos para pintar as ruas em homenagem à seleção e ao torneio. Assim, os creators se tornam pontos de conexão para engajar o público com o evento. Em alguns casos, atraindo pessoas que não necessariamente acompanham futebol, mas entram na conversar pois são seguidoras.
Por isso, nessa edição da Copa do Mundo, pode-se notar que os criadores de conteúdo e influenciadores conquistaram relevância ao se tornarem uma ponte para a conexão entre marcas e fãs. O público acompanha transmissões, como as comandadas por Casimiro no YouTube, Twitch e TikTok, e pelo apresentador Chico Pedrotti, do canal Desimpedidos, no streaming Fifa+. Além disso, a criação de conteúdo e reportagem in loco para redes sociais é parte da estratégia de diversos veículos. O portal Terra, por exemplo, levou personagens do Cenas Lamentáveis para serem seus representantes no Oriente Médio. Os craques das redes sociais estão apresentando novas formas de acompanhar o torneio.
O engajamento digital da Copa do Mundo 2022
O cofundador e CSO da Spark, Rafael Coca, diz que a Copa do Mundo permite que a indústria faça um retrato do momento histórico, e que isso envolve a comunicação. “Chegamos em uma Copa em que a produção de conteúdo está madura. A prova disso é o ponto em que estamos de ter grandes comunicadores virando canal de transmissão ou representando marcas”, explica.
Esse é um reflexo de como os espectadores, em especial os da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) consomem futebol. O estudo “Futebol e Geração Z: qual o match?”, do Grupo SBF (que controla as lojas Centauro, ByTennis e Almax Sports, além da Nike e lojas Nike Store no País), encomendado ao Grupo Consumoteca, identificou as formas de consumo desses torcedores. A empresa ouviu 1,5 mil pessoas acima de 16 anos, entre os dias 12 e 18 de agosto. Durante a realização da pesquisa, 67% dos entrevistados pertenciam à geração Z. 17% eram millennials, que são os nascidos após o início da década de 1980, e 17% pertenciam à geração X, que são os nascidos de 1965 a 1981.
O levantamento identificou que os respondentes que pertencem à geração Z adotam múltiplas formas de conseguir informação. Isso torna o consumo fragmentado e a disputa pela audiência pulverizada. Assim, segundo o estudo, 56% das pessoas da geração Z acreditam que a modalidade vai além do campo. Isso significa que 73% acompanham as partidas interagindo no WhatsApp. Outros 54% se envolvem em resenhas nos perfis de jogadores, enquanto 48% gostam de ver conteúdo humorístico em perfis sobre futebol.
Assim, veículos, plataformas de mídia e marcas estão investindo numa cobertura que vai além do que acontece nas quatro linhas. Quase como um VAR digital, o árbitro de vídeo, a estratégia é apresentar um panorama com a visão única do que acontece no Qatar sob o ponto de vista de quem está lá. Para Vanessa Costa, gerente executiva de marketing da NWB (content tech do Grupo SBF) e especialista em marketing estratégico para marcas globais no Brasil e na América Latina, ter esse tira teima real time é um dos grandes trunfos da Copa do Mundo do Qatar. “O conteúdo que está sendo gerado respeita o formato de cada rede social. Isso faz com que a experiência seja ainda mais divertida para o torcedor e muito mais próxima do que nas últimas”.
Esse é um dos objetivos do #NossaSeleça, que propõe uma cobertura que promova o engajamento com uma visão exclusiva do torneio para a torcida brasileira. Assim, o projeto, idealizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que se uniu à agência Arara, selecionou influenciadores que estão acompanhando a seleção brasileira durante o evento. Igão e Mítico, do Podpah; Dembele e Letícia Esteves, do Canal Reversão; Robin Hood Gamer, Thiago Rocha, Jéssica Ingrede, Leko Bertoldo, Enzo Paiza, do Frutal; e Lucca Maciel foram os representantes escolhidos pela entidade e pelo público.
Esses criadores têm o poder de se relacionar com plataformas e formatos diferentes, com linguagens específicas. Dessa forma, amplificam o conteúdo para gerar engajamento e entregar a mensagem desejada pelo anunciante ou pela própria entidade com clareza. Por consequência, para o sócio da LiveMode, Mauricio Portela, essa edição é um marco para o mundo digital. “Pela primeira vez, uma Copa do Mundo está sendo pensada para o público digital, para as ferramentas, com a linguagem e as pessoas escolhidas com esse objetivo. É inédito e histórico. Dessa forma, é ainda mais importante para todos nós”, afirma.
A empresa foi a responsável pela negociação dos direitos de transmissão com Casimiro. O streamer, dessa forma, tem direito a transmissão das partidas da Copa em seu YouTube, de trechos das partidas em plataformas digitais, como o seu perfil no TikTok, que está exibindo gols e lances dos 64 jogos, além de conteúdo na Twitch. Coca, da Spark, avalia que será uma forma amplificada de comemorar, caso o Brasil seja campeão do mundo pela sexta vez.
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