Brasil: um país em indefinição
Gerson Camarotti analisa que não é possível cravar quem será o novo presidente e convoca marcas, publicitários e profissionais de mídia a ajudarem a minimizar a polarização e resgatar o diálogo entre as pessoas
Gerson Camarotti analisa que não é possível cravar quem será o novo presidente e convoca marcas, publicitários e profissionais de mídia a ajudarem a minimizar a polarização e resgatar o diálogo entre as pessoas
Roseani Rocha
14 de maio de 2022 - 18h24
Convidado, no MNB 2022, a traçar um cenário político e econômico do Brasil neste ano eleitoral, dada sua experiência de 26 anos cobrindo governo, o jornalista e comentarista político da Globo News Gerson Camarotti analisou como o País chegou à situação política atual e para onde vamos.
O jornalista lembrou os movimentos populares de 2013 e o fato de a economia, já naquele momento, estar começando a dar sinais de esgotamento, apesar de conquistas sociais feitas até então. No ano seguinte, de eleições presidenciais, em que houve a morte trágica do candidato Eduardo Campos e em que Marina Silva vinha crescendo, sua análise é de que a campanha da presidente Dilma Rousseff, ao considerar que era preciso partir para um tudo ou nada é que começou um marketing mais agressivo, embrião de uma polarização mais acirrada, que continua sendo praticada até hoje, mas se espalhou para também para a sociedade civil – e, hoje em dia, com as bases do presidente Bolsonaro explorando bem o tema, nas redes sociais.
Para Camarotti, a eleição este ano está indefinida e ele toma com parâmetro para a afirmação, o fato de que em dezembro de 2021 havia um rol maior de candidatos que iam do ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta ao apresentador Luciano Huck, mas que essa lista tem sido decantada e os votos de Sergio Moro têm tendência de ir para o atual presidente, o que diminuiu uma vantagem de Lula sobre aquele. Em dezembro – notou – Lula tinha cerca de 45% das intenções de voto, segundo as pesquisas, contra 22% de Bolsonaro. Agora, são 42% contra 32%.
Com isso, para o comentarista, a eleição será calcada pelos dois candidatos (já que a terceira via não se estabeleceu até hoje) em explorar e tentar ampliar a rejeição do oponente, com a campanha de Bolsonaro retomando temas como o Petrolão e pautas de comportamento e que geram polêmica entre os eleitores, sendo o aborto um dos exemplos, e a de Lula, atacando o mau desempenho atual da economia e perdas sociais, o esquema das rachadinhas e o caso Covaxin, entre outras questões.
“Infelizmente, esta será uma eleição pouco propositiva, quando deveríamos estar discutindo o Brasil”, analisa Camarotti. Para ele, o “tudo ou nada” utilizado lá atrás pela campanha de Dilma é o mesmo tom adotado agora, pelo atual presidente, o que tende a gerar um esgarçamento do tecido social brasileiro e qualquer que seja o resultado da eleição, ainda deixará o país dividido.
Segundo o jornalista, os dois candidatos têm cometido erros e, de um lado, Lula não trata de qual será sua proposta para a economia, e do outro, Bolsonaro até hoje não entregou resultados de uma bandeira liberal que levantou em 2018.
Embora não considere que o Brasil viva um risco de rompimento institucional real – pois o Supremo funciona bem, o Legislativo passou a se manifestar pela democracia e a imprensa é livre – há cuidados a tomar, especialmente para voltar a gerar diálogo e respeito entre as pessoas.
“O meu alerta é essa polarização se ampliar tanto para a sociedade, em nossa família, entre amigos, no trabalho. Nós, que trabalhamos na comunicação e vocês na publicidade, precisamos trabalhar mais o diálogo. Vocês, que são lideranças, precisam ajudar a reconstruir esse ambiente que sempre foi nossa característica”, incentivou.
Inspirado pelo escritor Ariano Suassuna, Gerson Camarotti, descreveu a si mesmo como um “realista esperançoso” e citou como exemplo de algo que lhe dá um sopro de esperança no futuro do País o fato de ao serem convocados por celebridades como Anitta e Leonardo Di Caprio (e anunciantes como o Burger King), a tirar seu título de eleitor/a os jovens maiores de 16 anos atenderam ao chamado. A expectativa do Tribunal Superior Eleitoral era de 500 mil novos eleitores, e o resultado foi 1,5 milhão de pessoas que participarão pela primeira vez da chamada festa da democracia.
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