Internet das coisas: 34 bilhões de dispositivos em 2020
Serão mais de quatro equipamentos conectados por habitante da Terra e as cidades, que concentrarão 70% da população mundial, são as maiores responsáveis por essa expansão
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Sergio Damasceno Silva
1 de junho de 2016 - 15h33
Até 2020, existirão 34 bilhões de dispositivos – PCs, smartphones, tablets, smartTVs, relógios inteligentes e internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) -, em todo o mundo, conectados à internet. Isso significa que são mais de quatro dispositivos para cada humano no planeta (a população mundial é de 7,426 bilhões de pessoas). O cálculo é da Business Intelligence (BI) e indica que a IoT tem o poder de revolucionar todas as coisas – casas, negócios e cidades inteiras. Apenas a IoT deve demandar investimento no quinquênio 2015/2020 de US$ 6 trilhões, ou 1,25% do PIB global no mesmo período. Esses US$ 6 trilhões gerarão retorno (ROI) de US$ 12,6 trilhões na década compreendida entre 2015-2025.
Outra estimativa, da União Internacional das Telecomunicações (ITU), prevê que, em 2018, pelo menos metade do mundo estará conectado à internet (atualmente, o índice é de 46,4%, conforme o site Internet World Stats). Em 2020, ainda pelos dados da BI e do Goldman Sachs, o preço do hardware deve despencar, o que elevará o número de equipamentos IoT a 24 bilhões instalados. Esses bilhões de dispositivos deverão ser usados, principalmente, por corporações e governos. As aplicações, afirma o estudo, orientam-se para as mais diversas áreas. Para o setor de petróleo, cujos preços têm caído, o investimento em IoT tornará as companhias mais eficientes. Por segmento, devem se beneficiar com esse avanço da IoT, na sequência, a indústria de manufaturas, o setor financeiro, as operadoras de telefonia, as companhias de energia, o varejo, o segmento de viagens e transportes, a indústria da alta tecnologia, o ramo farmacêutico, o automobilístico e, por fim, a indústria de mídia e entretenimento.
Projeções da ONU apontam que a população mundial urbana deve chegar, até 2050, a 70%. Atualmente, mais de 50% das pessoas já vivem nas cidades. Isso significará que o planejamento urbano para a conexão dessas concentrações urbanas será ainda mais importante. E que o investimento em IoT será exponencial: de US$ 50 bilhões em 2014 para US$ 140 bilhões até 2019. Ainda em 2020, ou seja, em apenas quatro anos, 6 bilhões de dispositivos de IoT serão usados pelas próprias cidades.
Esse smartworld abrange desde sistemas automáticos de defesa, geridos pelo governo a drones (no ano passado, foram vendidos 700 mil drones no mundo; projeção calcula vendas quase 60% maiores este ano) e robôs usados pela indústria e pessoas. No ano passado, por exemplo, a indústria automobilística já registrou uma expansão acelerada de carros conectados por sistemas multimídias (por CarPlay ou Android Auto, da Apple e Google, respectivamente, e outros proprietários como MyLink, da Chevrolet, o AppConnect, da Volkswagen ou o Sync, da Ford). Nos EUA, a AT&T conectou cerca de 3 milhões de veículos nos nove primeiros meses do ano passado. Isso significa 43% do total das vendas de oito fabricantes norte-americanos: GM, Ford, Audi, BMW, Tesla, Nissan, Volvo e Subaru.
O problema, de acordo com o relatório do BI, é que a infraestrutura atual não é capaz de suportar o tráfego de internet que se expande conforme aumenta a base instalada de dispositivos conectados. Para isso, novas redes precisam ser construídas. O segundo problema é que, tanto para empresas e governos quanto para consumidores finais, essas redes enredam-se com outras existentes e tornam ainda mais confusa a proliferação de operadoras. Isso, afirma o estudo, cria vulnerabilidades e as deixam (as redes) prontas para serem atacadas por hackers. Por esse motivo, a demanda por segurança cibernética deve apresentar sensível aumento. Mas, isso não deve barrar a expansão acentuada da internet das coisas: o investimento previsto no quinquênio 2015/2020 é de US$ 6 trilhões. É algo equivalente a 1,25% do PIB global no mesmo período. Ainda dentro da expectativa da BI, esses US$ 6 trilhões gerarão retorno (ROI) de US$ 12,6 trilhões na década compreendida entre 2015-2025.
Setor de seguros
A pesquisa Voice of The Customer, da Capgemini, que integra o Relatório Mundial sobre Seguros 2016, cujos dados detalhados serão apresentados no Insurance Summit nos próximos dias 9 e 10 em Milão, na Itália, adiciona outros dados ao estudo da BI, também relacionados à IoT. Esse levantamento cobre 30 mercados na América, inclusive o Brasil, e identifica uma série de ameaças ao setor de seguros em direção a uma ruptura massiva ou, para usar a palavra que melhor descreve isso, uma disrupção. E um dos elementos dessa disrupção é a evolução da IoT que, numa combinação com a atitude da Geração Y, sinaliza, para as seguradoras, a necessidade de transformação rápida e significativa, sob o risco de serem ultrapassadas, entre outras, pelas fintechs (startups financeiras de tecnologia).
As tecnologias de IoT (casas inteligentes, vestíveis – ou wearables -, drones, robôs e carros conectados) devem, alerta o relatório da Capgemini, no entanto, liderar as transformações dos modelos de negócio tradicionais das empresas do ramo de seguros. O fator que mais leva o cliente a adotar essas novas tecnologias é o poder aquisitivo, e não a idade. Mais de 45% dos clientes com alto poder aquisitivo da Geração X devem adotar ecossistemas inteligentes, dispositivos conectados e vestíveis, comparados a apenas 30% a 35% de pessoas mais jovens e com menor poder aquisitivo. Para clientes da Geração Y com maior poder aquisitivo, a probabilidade de adotar as tecnologias conectadas é maior (50%). No entanto, os clientes mais ricos também tendem a contratar seguros de empresas não-tradicionais (como as fintechs). Globalmente, aproximadamente 31% dos clientes ricos afirmam que podem vir a contratar seguros de empresas de tecnologia, percentual que sobe para 47% entre os clientes mais abonados da Geração Y.
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