“Marcas querem contar nossas histórias, mas não nos incluem”
Jamie Clayton, atriz de Sense8, fala sobre relação de marcas com a comunidade LGBTQIA+
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Isaque Criscuolo
13 de outubro de 2017 - 14h34
Jamie Clayton, atriz da série Sense8, esteve em São Paulo para participar da abertura da Casa Ponte, projeto idealizado pela SKYY Vodka e conversou conosco sobre representatividade e o trabalho de marcas com a comunidade LGBTQIA+. O projeto, cujo objetivo é unir a comunidade a um número maior de aliados, oferece workshops, oficinas, painéis e videoteca com acervo Mix Brasil para o público geral, de 4 a 15 de Outubro. Confira a entrevista com Jamie abaixo:
Como marcas estão se relacionando com a comunidade LGBTQIA+?
Dentro de qualquer planejamento de marca, sempre existe espaço para aprimorar, crescer e alcançar novos públicos, especialmente na publicidade. É preciso representar melhor, e de forma mais diversa, as pessoas LGBTQIA+. Lembro que há alguns anos a IKEA fez uma campanha incrível que mostrava casais do mesmo sexo montando móveis juntos. São imagens apenas, mas para o público jovem funciona para que entendam que possuem um lugar e que pertencem a esse mundo. As marcas deveriam tentar fazer mais coisas assim…
Quais os cuidados que marcas devem tomar ao trabalhar com o público LGBTQIA+?
Marcas deveriam tentar incluir melhor as pessoas LGBTQIA+, porque o maior problema é quando as marcas querem contar nossas histórias, mas não nos incluem verdadeiramente nas campanhas. Por exemplo, se uma marca quer incluir uma pessoa trans, ou qualquer pessoa debaixo do guarda-chuva LGBTQIA+, deveria nos consultar primeiro antes de criar qualquer campanha. A Casa Ponte, por exemplo, é incrível porque tem muitas pessoas LGBTQIA+ nos bastidores construindo esse projeto. Desde que cheguei aqui, me senti muito confortável porque tem pessoas incríveis trabalhando nos bastidores e é dessa forma que a marca consegue colocar o holofote em nós, na comunidade.
Qual a importância de ter pessoas LGBTQA+ representadas na publicidade e em negócios e indústrias que não costumam abraçar estas pessoas?
Existem tantos estigmas e estereótipos quem vem junto com o fato de alguém ser LGBTQIA+ que é muito legal quando, por exemplo, posso ir ao banco, ao bar ou numa lavanderia e ver alguém da comunidade trabalhando ali. Representatividade é muito importante, principalmente na mídia, porque mostra de forma mais abrangente que nós estamos no mundo e pertencemos a ele e que somos seres humanos e queremos ter uma vida, ser felizes, ter um emprego e amigos e, quem sabe, um cachorro (risos). É por isso que representatividade é tão importante, porque ela mostra ao mundo que nós podemos fazer dele um lugar melhor e mais bonito. Não seria ótimo?
Marcas e diversidade: como ir além?
As questões relacionadas à comunidade estão avançando como nunca antes, mas ao mesmo tempo tempos forças antagonistas como Trump para combater tais avanços. Como você enxerga a comunidade LGBTQA+ avançando, apesar deste cenário?
Sendo americana e morando na California, nunca me senti atacada por um político, mas é um sentimento assustador. As pessoas no Brasil estão sentindo isso agora com esta possível lei que legaliza a cura de pessoas LGBTQIA+. Não tem nada de errado conosco, afinal somos seres humanos. O presidente dos EUA está tentando dizer que os LGBTQIA+ não podem estar no exército, por exemplo. Ele está tentando nos tirar os avanços que lutamos tanto para conquistar e para dizer ao mundo que estamos aqui, que somos parte da bandeira norte-americana. Tenho conversado com muitos amigos sobre política, e nós nunca conversávamos sobre isso, mas agora não conseguimos falar de outra coisa. Não sabemos de onde vem tanto ódio. Ao longo da minha vida, conheci pessoas que tem medo do que é diferente, pois elas não entendem. O mais bonito disso tudo é que os jovens estão se mobilizando e se unindo para lutar e resistir. É o que também vejo acontecer no Brasil. Como disse, nunca conversei antes com os meus amigos sobre política, mas agora que conversamos estou consciente de um jeito que nunca estive antes. Acredito que estamos vivendo um momento muito especial porque muitas pessoas nunca estiverem conscientes das coisas que aconteciam e conhecimento é poder. Acredito que quanto mais conhecimento a gente reúne, como membros da comunidade LGBTQIA+, mais poderosos e unidos ficamos, inclusive com diversos aliados fazendo parte desse movimento. Quanto mais pessoas se unirem e se educarem a respeito do que é importante para a comunidade, mais poderemos lutar por coisas que possam fazer este mundo melhor.
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