Milena Seabra
24 de outubro de 2012 - 11h57
“Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz à evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica.”
— Albert Einstein
A frase acima é atribuída a Albert Einstein. E realmente é dele. O problema é que tiraram totalmente a frase do contexto em que ela foi dita. O contexto da frase (que nunca é indicado nas citações) está relacionado à compreensão completa dos fenômenos da física clássica (conhecimento). Ele entendia tão bem a física Newtoniana que (ainda adolescente) fez um questionamento (imaginação):
Se o SOL desaparecesse, a influência gravitacional sobre a terra cessaria imediatamente ou demoraria o tempo necessário para descolamento da luz na distância SOL-TERRA? (Hoje sabemos que essa era uma questão que o próprio Newton se fazia e não sabia como respondê-la)
Ou seja, após conhecer bem os conceitos (embora sem a linearidade que a academia indicava) ele começou a questioná-los. E nunca excluiu o conhecimento anterior, ele apenas frisou que não era suficiente para fazer a ciência avançar. A imaginação é a chave para ruptura, mas não é suficiente em si. Isso fica claro na conclusão da frase :“..um fator real na pesquisa científica.”
A imaginação não exclui o conhecimento. É esse o ponto, a pesquisa e o desenvolvimento científico precisam dos 2 fatores: conhecimento e imaginação. Nos deparamos com milhares de referências incentivando a imaginação na WEB, mas o fato é que a imaginação é importante sim, mas sem conhecimento pode virar fumaça.
Mas essa provocação tem o objetivo de nos levar à reflexão sobre o que acontece diariamente na comunicação usada na internet, principalmente nas redes sociais. Essa linguagem também conhecida por internetês ou até tiopês é, na verdade, um dialeto originado a partir de erros de digitação associados a erros de ortografia. Versátil, flexível e criativo, esse dialeto da internet possui algumas regras próprias e sua principal característica é subverter, sendo considerado um jeito certo de escrever errado.
Quem não acompanhou a polêmica em torno do #corrão, criado pela websociologistas e curadora de conteúdo @biagranja? Ela faz uma provocação e uma defesa a respeito do uso da expressão, no qual é difícil ficar indiferente.
Para Bia, a grande mudança está no poder de criar, cada vez mais nas mãos das pessoas. Segundo ela, a cultura, a informação e o entretenimento deixaram de ser passivas e se tornaram organismos vivos e interativos. Por isso, é cada vez maior a importância de saber se comunicar com todos os públicos.
De modo tortuoso ou não, Bia Granja mostra que conhecimento e imaginação andam juntos. Conhecer e utilizar o português culto, o português jurídico, o português abrasileirado, o inglês culto, o inglês britânico, o inglês smart street boy… é uma vantagem. Desconhecer uma cultura não é naturalmente a porta para outra. Exatamente o contrário. Imaginar uma nova língua não exclui conhecer a antiga.
Colaboração de Ramiro Gonzalez
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