Geraldo Leite
6 de setembro de 2011 - 9h21
Tenho acompanhado com certa preocupação, uma indicação de queda que a mídia impressa tem apresentado na participação de mercado entre os meios, saindo gradualmente de 1/3 do mercado há 10 anos, para o atual 1/5.
Mais do que atribuir essa ação à falta de atualização e sintonia do setor com os leitores ou com o mercado anunciante, entendo que mundialmente há uma mudança brutal de ambiente, com a explosão de novas mídias, fruto, principalmente, do novo ambiente digital.
No caso brasileiro ainda, a hegemonia da TV (basicamente a “Aberta”), contra todos os prognósticos externos, se consolidou ainda mais e não vejo indicações, frente aos grandes eventos esportivos que vamos viver, que essa dominância vá se modificar substancialmente até lá.
Entendo como negativa essa diminuição de importância dos Jornais & Revistas no mercado anunciante pelo importante papel social que eles desempenham e, mesmo que eles venham a ser “aditivados” pelo ambiente digital (com Ipad, venda conjunta, promoções, etc), me parece que essas novas mudanças tendem mais a estancar a queda, do que a recuperar todo o terreno perdido.
Considero que a mídia impressa, entre os meios, é das que melhor constrói conteúdo, que esse produto final traz muito valor para a nossa sociedade e que crescerá de importância frente às novas classes entrantes.
Muitas vezes, inclusive, é na unidade impressa que está o coração dos grandes grupos de comunicação, a fonte principal dos fatos e o trabalho de maior consistência.
Não levar em conta os diferenciais que a mídia impressa proporciona é um raciocínio que despreza a qualidade, a responsabilidade social, a precisão da apuração dos fatos e a conscientização dos direitos do cidadão.
Independente de cor ideológica, investir nela (ou em seus desdobramentos digitais) é importante tanto pela profundidade que ela proporciona para a comunicação, quanto pelo efeito “holístico” que esse investimento representa na sociedade ou junto às diferentes comunidades.
Pra mim é como se esse “share” fosse uma espécie de voto de qualidade das empresas anunciantes que, mais maduras e responsáveis socialmente, não abrem mão de seu papel na construção de uma nação melhor, mais educada e mais justa.
* Geraldo Leite é sócio-diretor da Singular Arquitetura de Mídia
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