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Um Ctrl+Alt+Del no Ctrl+Alt+Del

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Ponto de vista

Um Ctrl+Alt+Del no Ctrl+Alt+Del


1 de outubro de 2013 - 11h23

Admiro o Bill Gates e o faço pelas mais variadas razões, mas confesso que o fato de que ele perturbava o Steve Jobs é a minha preferida. O motivo do incomodo era que Jobs considerava Gates avesso às interfaces bonitas e amigáveis em seus produtos, uma especialidade do criador da Apple. Pois agora o cofundador da Microsoft, homem mais rico do mundo, resolveu abrir o seu coração e se declarou incomodado com a existência do comando Ctrl + Alt + Del, afirmando que isso foi um erro. Ou seja, o que pensávamos ser o remédio contra os nossos erros é, em si, um erro.

A notícia não tem relevância alguma, não fosse o fato de o comando ter se transformado no esperanto do “apaga tudo e começa de novo”. Dar um Ctrl + Alt + Del é entendido em todas as línguas como a maneira de reiniciar as máquinas e, por que não, a vida. Portanto, quando o homem mais rico do mundo e de quebra o inventor das três teclas e das suas funcionalidades afirma que isso foi um erro e que as funções poderiam estar concentradas em um único botão, não fosse a teimosia de um “cara de design da IBM”, a humanidade pode perder o chão.

Para começar, o que esse “cara de design” está pensando que é para contrariar uma orientação do Bill Gates? Não acredito que ele soubesse no que se transformaria o Ctrl + Alt + Del. Mas agora, depois das palavras Gates, deve andar todo orgulhoso pelos corredores da IBM e espalhar pela vizinhança que é o homem que, para apagar tudo, insistiu na complexa operação que envolve a pressão de três teclas, quando, na verdade, só seria necessária uma.

Sempre me pergunto onde estão os Black Blockers nas questões realmente importantes? Por que não se rebelaram contra esse inequívoco símbolo do sistema capitalista que até para apagar as coisas demanda difíceis operações?

Os computadores travam assim como nós diante de situações absolutamente corriqueiras, mas para as quais precisamos ativar uma série de funções. Quando isso ocorre é senso comum apelar para as teclas Ctrl + Alt + Del, que isoladamente não dizem a que vieram, mas em conjunto fazem um estrago digno dos gênios das lâmpadas atendendo aos mais variados pedidos. Esse “pare agora”, a La Wanderleia, é obra inspirada nos desejos mais íntimos de todos nós de podermos praticar o “começar de novo”, a La Simone.

A máscara caiu e agora sabemos que Bill não gosta da combinação de teclas que acionam o comando que sobrevive no Windows 8, por isso acredito que nas próximas versões do programa o recurso não será mais encontrado dessa maneira, mas sim de uma outra, mais simples e tão eficiente quanto.

Enquanto isso não ocorre devemos resistir aos impulsos que transformam tudo e todos em descartáveis . Resistir ao Ctrl + Alt + Del não deixa de ser uma forma de encarar as adversidade e as contrariedades como situações naturais que existem para serem enfrentadas.

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