Mutato reposiciona operação com foco na creator economy
Agência quer operar com rede criativa sob demanda e enxugar estruturas fixas por cliente
A Mutato, que integra o portfólio do grupo WPP, passa por um reposicionamento estratégico, com ajustes no modelo de negócio voltados à creator economy. Com 12 anos de história, a agência social-first adota o conceito “creators as creatives” e anuncia a formação de uma rede criativa ampliada para atender seus clientes.

Daniel Cecconello (CEO), Décio Freitas (CCO) e Dindi Coelho (vice-presidente de criação) da Mutato
A movimentação representa uma evolução operacional ao substituir as tradicionais estruturas de squads – equipes relativamente grandes dedicadas exclusivamente a uma marca – por um novo formato. A ideia é manter apenas um núcleo duro, responsável pela estratégia narrativa do cliente, e expandir a camada de execução, em resposta à multiplicação dos pontos de contato.
Segundo Daniel Cecconello, CEO da agência, a mudança reposiciona o marketing de influência no processo criativo, considerando que as redes sociais se consolidaram como canais de entretenimento. Além disso, amplia a definição de creator, incluindo outros especialistas que também contribuem na construção de marca.
“Nessa rede, podemos plugar, por exemplo, um creator, um diretor de arte, um roteirista de cinema ou, ainda, um psicanalista. Queremos nos tornar uma fonte de curadoria interessante, com o entendimento claro de construção de marca. Essa é nossa responsabilidade, mas quem vai executar não precisa ser propriedade nossa”, explica o executivo.
Com esse modelo, a Mutato busca provocar o mercado sobre as atuais relações comerciais e de remuneração entre agências e clientes, hoje muito baseadas no modelo de full-time equivalent (FTE) — métrica que calcula o número de funcionários em tempo integral necessários para determinado trabalho.
“Hoje, inevitavelmente, em uma concorrência, caímos na comparação do valor cobrado por pessoa. Porém, o diferencial está na curadoria de quem vai se envolver em cada momento da marca, com uma lógica mais próxima da de uma produtora. Esse ponto precisa ser revisto”, defende o COO, Décio Freitas.
Dindi Coelho, vice-presidente de criação, ressalta que a mudança também abre oportunidades em termos de talentos, pela liberdade de conexão com diferentes projetos. “Temos um mercado efervescente, com alta rotatividade de mão de obra. Assim, conseguimos nos conectar com as pessoas certas, com base em um bom briefing. Cada um poderá somar no momento ideal.”
Juntamente a isso, a Mutato investe no desenvolvimento de propriedades intelectuais (IPs) que também possam ser conectadas a marcas. “Com isso, saímos da relação tradicional entre cliente e agência e vamos para um lugar de criador de conteúdo — que é, de fato, o que somos”, completa Cecconello.
Entre os clientes da agência estão Samsung, Ipiranga, Jack Daniel’s, Woodford Reserve, El Jimador, L’Oréal, Toyota e Danone.