Com Future Brand, Djamila Ribeiro faz rebranding pessoal
Nova identidade levou em consideração a relação da escritora e filósofa com o candomblé
A filósofa e professora Djamila Ribeiro acaba de iniciar processo de reposicionamento da sua marca pessoal, em um trabalho desenvolvido pela Future Brand. A construção da nova identidade visual se fundamentou, sobretudo, na relação da escritora com o candomblé, religião em que é iniciada desde os oito anos de idade.

Filósofa Djamila Ribeiro passa por rebranding (Crédito: Ricardo Barcellos/Divulgação)
A ideia de investir em um rebranding surgiu de uma conversa com Márcio Fritzen, CCO da Future Brand. Para ela, essa iniciativa foi o “casamento perfeito” com o momento profissional que está vivendo. Djamila está de malas prontas para dar aula no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.
A paulista natural de Santos (SP) vai lecionar no programa Dr. Martin Luther King Jr. (MLK Visiting Professors & Scholars Program), se tornando, assim, a primeira brasileira a tal feito. As aulas serão sobre “feminismos no sul global”. No ano passado, ela deu aulas sobre o mesmo assunto na Universidade de Nova York (NYU), durante seis meses. Naquela ocasião, a instituição publicou o livro Lugar de Fala em inglês. Agora, o contrato deve durar um ano, podendo ser renovado pelo mesmo período.
“O rebranding marca esse momento, de uma trajetória que avança internacionalmente. Tenho todos os meus livros traduzidos para o francês e já fui muitas vezes divulgá-los em outros países, mas a entrada no mercado estadunidense, como autora brasileira de não-ficção, é um marco. É um mercado que só traduz 3% de livro ao ano”, comemora.
Djamila e marca pessoal
Entre os elementos da identidade visual, a Future Brand se inspirou nos símbolos e cores de Oxóssi, orixá da caça, das florestas e da fartura, conhecido como “o guerreiro de uma flecha só”, por conta da precisão das estratégias de caça. O resultado, em um ensaio feito pelo fotógrafo Ricardo Barcellos, começará a ser visto nas redes sociais de Djamila.
Fritzen conta que, além da parte estética, houve a escolha de sintetizar as mensagens para ganhar e reter a atenção das pessoas, focando nas sete letras que compõem o primeiro nome da escritora. Trata-se, segundo o CCO, de um nome singular, que já tem o poder de dizer tudo, dispensando, assim, o complemento.

O reposicionamento encontro inspiração no orixá Oxóssi (Crédito: Ricardo Barcellos/Divulgação)
“Trouxemos o símbolo Ofá, arco e flecha de Oxóssi, inspirado na flecha Damatá, que simboliza a caça e o conhecimento. Guardião das matas e da sabedoria, aponta o caminho certo, representando ancestralidade, natureza e força intelectual. Símbolo da arma sagrada, carrega, também, o D de Djamila”, diz.
A paleta de cores se inspirou na floresta densa, folhagem viva, areia sagrada, ouro da caça, sangue da terra e flecha em fogo, complementa Fritzen. “Buscamos uma logomarca contemporânea, sofisticada e atemporal. Com força e delicadeza. Djamila surge em sua maior potência, presença que pensa e palavra que move”.
Espiritualidade
A escolha de reforçar profissionalmente a própria relação com a espiritualidade reforça, segundo a escritora, uma postura que já é uma marca em sua trajetória. “Eu me posiciono publicamente sobre a minha religião e, para além disso, tenho escrito bastante sobre o tema”, comenta.
A dimensão espiritual, nesse sentido, extrapola os limites de uma perspectiva puramente religiosa. É parte do cotidiano, por exemplo, a consulta aos Orixás para tomar grandes decisões, o que, de acordo com ela, transparece em seu trabalho.
“Trato o candomblé não só como uma religião, mas como um modo de ver a vida, uma filosofia. Por isso, uma marca que pudesse dizer quem eu sou, necessariamente, tinha que trazer esses valores juntos: a coisa da coletividade, da ética e de entender o nosso papel na construção coletiva das lutas que travamos”.
Além disso, Djamila reforça a papel político de pessoas públicas se posicionarem em relação às religiões de matriz africana, “ainda perseguidas, demonizadas e marginalizadas”.