Respeito à jornada demanda disciplina de companhias
Possibilidade de acesso às ferramentas de trabalho durante 24 horas desafia gestores e funcionários
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Salvador Strano
3 de abril de 2020 - 6h00
Entre os desafios da adaptação ao trabalho remoto está a capacidade de gestão de equipes levando em conta diferentes horários de trabalho. Formas de abordar o tema já são tradicionais em companhias onde o home office é prática comum, mas ainda causam estranheza em empresas — a maioria — que foram levadas à prática por conta do isolamento social da crise do novo coronavírus.
O problema se torna ainda mais latente quando a principal ferramenta de comunicação entre as equipes são plataformas usadas na vida pessoal dos empregados — como é o caso do WhatsApp.
“As pessoas, individualmente, precisam instituir mecanismos de controle. O WhatsApp destruiu a barreira de quando se começa a trabalhar, quando acaba e quando não se responde mais”, afirma Alfredo Soares, analista sênior da consultoria de RH Mercer. Segundo o profissional, “a pandemia simplesmente aflorou tudo”.
Entre os segmentos econômicos que contam com diversas equipes entrando em horários distintos estão tecnologia da informação, serviço de atendimento ao cliente e mídia.
Em jornalismo, é comum ter equipes de plantonistas que cruzam a madrugada e outras que entram ao meio da tarde, por exemplo. Apesar de estar na categoria de serviços essenciais e, portanto, ter o direito de ir às ruas para trabalhar, muitas empresas do ramo optaram por aderir ao trabalho remoto.
Esse foi o caso da redação integrada de Época, O Globo e Extra. Mantendo apenas poucos profissionais em sua sede, no Rio, os jornalistas e designers das publicações utilizam algumas ferramentas de comunicação: Microsoft Teams, WhatsApp e e-mail.
“Estabelecemos um esquema de reuniões remotas para emular a rotina de encontros presenciais que tínhamos”, explica Maria Fernanda Delmas, editora executiva de integração dos títulos. “A comunicação entre os gestores e as equipes é um exercício constante para que as tarefas sejam bem distribuídas e ninguém extrapole os horários”, destaca.
Desafio meridional
Empresas que possuem equipes formadas por profissionais localizados em diferentes fusos horários possuem, neste momento, a vantagem da experiência no respeito ao horário de seu corpo de colaboradores.
“Se estou no Brasil e tenho responsabilidade por uma operação em Singapura, preciso me disciplinar e constituir um conjunto de horários de atendimento para interagir com aquela parte do mundo”, destaca Alfredo, da Mercer. “Na própria Mercer temos um tipo de apoio que fica em Varsóvia, na Polônia. Os que interagem com o time daqui trabalham em um horário mais próximo do Brasil”, afirma.
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