Como Marvel e DC trabalham crossmedia?
Com estreia de Doutor Estranho, franquias potencializam audiência multiplataforma
Com estreia de Doutor Estranho, franquias potencializam audiência multiplataforma
Victória Navarro
3 de novembro de 2016 - 13h56
Nesta quinta-feira, 3, estreia Doutor Estranho, em que a Marvel apresenta no cinema o neurocirurgião, Stephen Strange. Interpretado por Benedict Cumberbatch, o personagem sofre um acidente de carro e, sem o movimento das mãos, acaba se envolvendo numa trama de magia e superpoderes. No mundo real, porém – no qual a empresa da Disney briga intensamente com DC Comics, da Warner, por fatias da crescente audiência interessada em vilões e super-heróis -, como ela se sai na ativação de seus produtos em multiplataformas?
Tanto a Marvel quanto a DC Comics exploram muito mais do que televisão e cinema. Ambas nasceram como histórias em quadrinhos e se desenvolveram também em jogos e produtos licenciados. Mas a Marvel faz com que seus personagens e enredos transitem mais entre animações, séries e películas, enquanto a DC não mistura nenhum desses meios de comunicação. “O trabalho da Marvel com a crossmedia é bem abrangente. Para cada mídia, porém, é criado uma versão alternativa direcionada para o público-alvo, sem grande conexão com o que acontece nos filmes, mas utilizando as histórias. A única exceção são as séries, que seguem a mesma linha dos filmes e pertencem ao mesmo universo”, afirma Michel Arouca, editor-chefe do blog Série Maníacos.
Apesar de a televisão e o cinema manterem-se distantes para DC Comics, o canal norte-americano The CW Television Network tem permitido que os personagens interajam mesmo fazendo parte de outras séries. Esse é o caso de Arrow, Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow. “A verdade é que os dois mundos possuem quadrinhos como matéria-prima e o grande público, muitas vezes, acaba misturando os universos”, opina Marcelo Forlani, diretor criativo e redator do Omelete. “A DC possui personagens muito fortes na cabeça das pessoas. Durante muito tempo ele dominou a parte de TV. Embora, a DC tenha começado depois a perceber essa força que tem, eu vejo que ela está indo para esse caminho de reconhecer mais sua força”.
“A maior competição entre os dois é fazer bilheteria e mostrar qual grupo de heróis é mais incrível”
Ao analisar as duas frentes é importante questionar se as empresas realmente competem entre si ou se essa rixa está, na verdade, na cabeça dos fãs. “Na verdade, existe até uma noção de que uma não consegue competir com a outra, Batman Vs Superman mudou a data de estreia para não entrar em confronto direto com Capitão América – Guerra Civil”, diz Michel. “A maior competição entre os dois é fazer bilheteria e mostrar qual grupo de heróis é mais incrível”, afirma Barbara Rodrigues, youtuber do canal Cuzcuz.
Segundo Marcelo, a linha editorial sofre muitas alternações que causam confusão na audiência da DC. “Ele foi mudando bastante durante a produção, ele foi sendo moldado pelo o que o público queria ver, como ser engraçadinho e usar várias referências como trabalhar música assim como em o Guardiões da Galáxia. Ficou um filme sem personalidade”, comenta sobre Esquadrão Suicida, que estreou em agosto deste ano.
“Na minha opinião, o crossmedia ainda está engatinhando. Em um futuro próximo, veremos uma transmídia de fato sendo colocada em prática, ou seja, as histórias sendo contadas completamente entre as mídias”, entende Michel Arouca. “A presença em todos esses lugares, tanto para a Marvel quanto para a DC, permite reciclar o público e cada vez mais atingir todo tipo de pessoas ao mesmo tempo, porque você acaba tendo uma mídia diferente para cada público, para cada gosto e para cada intenção”, considera Barbara.
Entendendo melhor os direitos cinematográficos
Os diretos cinematográficos da editora norte-americana DC Comics pertencem ao grupo Time Warner. Enquanto, em tempos que a indústria de quadrinhos da Marvel sofreu um quase quadro de falência, nos anos de 1990, vendeu Homem-Aranha para Sony, X-Men, Deadpool, Demolidor e Quarteto Fantástico para Fox, Motoqueiro Fantasma e Blade para New Line e Justiceiro para Lionsgate.
“Acontece que uma das cláusulas do contrato demanda que estes filmes sejam sempre lançados, correndo o risco de se reverterem para a Marvel após cinco anos sem nenhum lançamento. É por isso, por exemplo, que tivemos um novo Homem-Aranha em 2012, após Homem-Aranha 3, em 2007”, esclarece Michel. Por causa disso, títulos como Demolidor, Motoqueiro Fantasma, Blade e Justiceiro voltaram para Marvel. Recentemente, a Marvel e a Sony fecharam uma parceria para exibição, por exemplo, do Homem-Aranha em Capitão América – Guerra Civil. A Marvel Estúdios é propriedade da Disney e possui direitos sobre todos os outros personagens que não estão nas mãos da Sony e da Fox.
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