Mídia

Novo hub de notícias do Facebook remunera publishers

Plataforma lançada nos EUA agrega notícias com links para site de parceiros e pagará de US$ 1 milhão a US$ 3 milhões anualmente pela reprodução de manchetes

i 25 de outubro de 2019 - 8h48

Facebook lança hub de notícias que direcionará tráfego aos sites de parceiros (Crédito: Divulgação)

Por Garret Sloane, do Ad Age*

O Facebook inaugurou, nesta sexta-feira, 25, um hub de notícias onde pagará aos publishers para hospedarem suas manchetes e conduzir visitantes aos sites de parceiros. A estratégia, inicialmente focada no mercado dos Estados Unidos, faz parte de uma reaproximação da plataforma com a indústria, que tem sofrido com o crescimento da rede social e de outras plataformas.

Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, receberá parceiros de mídia em um evento em Nova York para divulgar a notícia. Parceiros têm trabalhado com o Facebook há meses para lançar o serviço. Entre eles: The Washington Post, The Wall Street Journal, BuzzFeed, CNN, Fox, Bloomberg, Condé Nast e outros.

A iniciativa é a última em uma longa linha de produtos que foram testados para melhorar o desempenho de mídia dentro de sua plataforma. Nos últimos anos, lançou o Instant Articles, vídeos sugeridos e o Facebook Watch, por exemplo.

Apesar de todos os produtos, diversas empresas consideram frustrante o desempenho na rede social. Publishers têm feito críticas sistemáticas a Facebook, Google, Apple e outras empresas por terem lucros bilionários com serviços de conteúdo, mas sem compartilhar a receita com quem produz.

Por que agora?
A ida de Mark Zuckerberg ao Congresso estadunidense é um dos sinais de que o CEO quer descobrir parceiros para o Facebook onde quer que seja. A audiência foi sobre a Libra, uma criptomoeda que precisa de aprovação do parlamento. Entretanto, o encontro foi uma oportunidade de representantes confrontarem Zuckerberg em diversos tópicos, incluindo como a rede social lida com fake news.

O Facebook News deve hospedar cerca de 200 parceiros de mídia. Alguns deles serão pagos diretamente, segundo publishers ouvidos pelo Ad Age. A empresa não quis comentar os termos das parcerias.

Um executivo de mídia que participará do projeto afirmou que a empresa pagará de US$ 1 milhão a US$ 3 milhões, dependendo da empresa. Ao todo, o Facebook poderá investir mais de US$ 100 milhões anualmente. “É dinheiro de graça”, afirmou o executivo. “Ninguém recusará a oferta, a não ser que estejam em algum tipo de briga moral contra o Facebook”. Ainda não está claro se o The New York Times fará parte do projeto.

Curadoria
Chaterine Levene, presidente e chief digital officer da Meredith Digital,  afirmou que o Facebook News oferece duas oportunidades: será um link para o site dos publishers, onde podem entregar publicidade aos usuários; e há a receita direta do Facebook. “O modelo de negócios funciona para nós”, afirma. Levene não afirmou quais os termos da parceria, entretanto.

“É importante para nós que a Meredith esteja em um ambiente que respeita o conteúdo de alta qualidade”, afirmou a executiva, “e trabalhar com uma companhia que possa suportar outras empresas como a nossa e que criam esse conteúdo”.

Uma das forças por trás do hub de notícias é a apresentação de uma seleção de notícias que têm mais verificações do que as que aparecem no News Feed. O Facebook contratou uma equipe de jornalistas que escolhem quais artigos aparecerão no Today’s Stories. A companhia afirmou que o time estará mais bem equipado para identificar as melhores reportagens das publicações que são, recorrentemente, o conteúdo com mais valor.

“Esse time é independente, livre de intervenção editorial de qualquer pessoa na empresa”, afirmou a empresa, em comunicado. O Facebook News tem sido comparado ao Apple News, que é, também, uma plataforma altamente seletiva comandada por editores.

O algoritmo da plataforma personalizará parcialmente o hub, entretanto. Dessa forma, usuários poderão consumir histórias baseadas em seus padrões de leitura. “Quando falamos de personalização, os publishers se preocupam sobre as limitações do machine learning. E eles estão certos”, afirmou a plataforma. “Temos progresso a ser feito antes de podermos confiar na tecnologia por si só para prover conteúdo de qualidade”.

*Tradução: Salvador Strano

**Crédito da imagem no topo: divulgação