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Mídia

Haters, redes e publicidade: combinação polêmica

Discurso de ódio presente entre usuários não faz da marca responsável criminalmente, mas pode ser publicidade negativa


8 de setembro de 2017 - 6h53

Crédito: Pexel

No fim do ano passado, a atriz Taís Araújo foi vítima de uma série de ataques em suas redes sociais. Em um post que a carioca exibia suas madeixas, diversos usuários do Facebook fizeram comentários racistas e machistas contra a celebridade. Agressões como “me empresta esse cabelo para eu lavar a louça” e “te pago com banana” foram feitas contra Taís, que é conhecida por seu ativismo em questões relacionadas a feminismo e cultura étnica. Ela não se calou: além do apoio popular com a campanha #SomosTodosTais, denunciou os usuários para a Polícia Federal.

Esse tipo de ofensa normalmente acontece com pessoas sem o poder de resposta de uma atriz global. A questão é: como parar o cyberbullying nas redes? E ainda, isso pode ser prejudicial para quem anuncia nessas plataformas?

 “Não é possível responsabilizar o anunciante a ponto que ele não tinha conhecimento de que o anúncio ia para um vídeo específico com conteúdo ilícito”

O discurso de ódio é combatido com diferentes padrões de censura, dependendo da empresa. Para o Facebook, comentários como os direcionados à Tais não podem ficar na plataforma. Entretanto, a dificuldade de retirar todas as ofensas é grande, uma vez que, para excluir conteúdo ofensivo, é necessário que um funcionário julgue se o material agride os princípios da comunidade.

Mariana Valente, diretora do InternetLab, explica que “o controle do conteúdo se dá em duas dimensões. A primeira é a jurídica, o que a lei exige que seja removido. Pelo Marco Civil, a regra geral é que a empresa só é responsável juridicamente por um conteúdo que uma pessoa postou depois de uma ordem do juiz, ou seja, quando, em uma ação, ele entende que aquilo viola a lei. A segunda são as políticas de remoção que cada plataforma tem”.

Se não for possível tirar todos os haters rapidamente, as marcas ficam expostas, correndo o risco de divulgar seu conteúdo no mesmo ambiente que esses usuários. Para Cassio Lopes Filho, CCO da PurpleCow, a “construção da marca estar relacionada a haters é um péssimo negócio, pois anunciar nestes canais indiretamente significa que você é conivente ou valoriza o assunto em questão”.

O Facebook afirma que as marcas “têm completo controle sobre onde os anúncios deles aparecem. Quanto ao anúncio no Feed de Notícias, vale reforçar que cada feed é dinâmico e único. As campanhas são baseadas nos interesses de cada pessoa, não no post que aparece acima ou abaixo.” É possível definir, por exemplo, que sua publicidade circule em páginas relacionadas a corrida, mas não em política, o que facilita o distanciamento de um tipo de conteúdo indesejável.

Marina ainda afirma que não é possível responsabilizar a plataforma “até o ponto que  não tinha conhecimento de que o anúncio ia para um vídeo específico com conteúdo ilícito, porque há uma imprevisibilidade sobre o que os usuários vão postar. Agora, outra discussão é o patrocínio direto, escolhido e consciente, de conteúdos ilícitos como de ódio. Aí podemos falar em responsabilização”.

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