Morre o crítico de cinema León Cakoff
Fundador e coordenador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo faleceu nesta sexta-feira 14, em São Paulo. Leia entrevista recente do crítico ao M&M
Fundador e coordenador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo faleceu nesta sexta-feira 14, em São Paulo. Leia entrevista recente do crítico ao M&M
Meio & Mensagem
14 de outubro de 2011 - 12h00
O crítico Leon Cakoff, fundador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, faleceu nesta sexta-feira 14, em São Paulo. Desde dezembro do ano passado, ele lutava contra um câncer no cérebro. Ele começou a carreira de crítico de cinema aos 19 anos, com textos para o Diário da Noite e o Diário de São Paulo, dos Diários Associados. Também integrou a equipe de articulistas da Folha de S. Paulo e foi colaborador do Valor Econômico.
Em outubro de 2009, deu esta entrevista ao repórter José Gabriel Navarro, para a Seção Sapo de Fora. Confira:
“Merchandising no cinema é mal feito por culpa dos publicitários”
Meio & Mensagem – Após o surgimento das videolocadoras, a disseminação da pirataria e, mais recentemente, o download de filmes, a indústria cinematográfica vem tentando se manter estável e reconquistar público com a tecnologia 3D. O senhor acredita que essa é mesmo uma opção viável para sustentar economicamente o cinema, como nós o conhecemos?
Leon Cakoff – Tudo depende, como sempre, de vários fatores. Cada filme é uma história. Não é uma fórmula que vai dar certo para todos. Não é porque o filme é em 3D que vai fazer sucesso. Tem uns que nem estão fazendo, por exemplo. Isso não vai salvar o cinema. O que vai salvar é a reconquista do hábito de se ir ao cinema. E para isso existem muitas alianças a serem feitas por parte do poder público: tem que acabar com meia-entrada para estudante, que é um absurdo, isso encarece o preço do ingresso de forma geral. É um vício brasileiro de fazer caridade com lei. Quem tem de dar coisa para o cidadão é o Estado, não a iniciativa privada. Que cinema é diversão, não tenho dúvida; mas, pra mim, é um prazer de aprendizado sempre.
M&M – Alguns especialistas criticam a teledramaturgia brasileira, dizendo que as novelas e séries do Brasil evitam demais fazer merchandising e, quando fazem, é com pouca naturalidade. Qual sua avaliação do merchandising no cinema brasileiro?
Cakoff – Em geral, é mal feito, mas por culpa dos publicitários, que são muito exigentes, e não trabalham a coisa a longo prazo, na sutileza. Aqui a gente sofre os males do imediatismo, é um país de tradição extrativista. Ninguém planta para o futuro, para colher sutilmente. Publicidade deveria se prestar a isso. Com a Lei Rouanet é parecido: as empresas têm 100% de isenção para investir em atividades culturais, como a Mostra, e ainda assim estão preocupadas em saber que vantagens elas vão tirar a mais! Temos que “tourear” esses imediatismos.
M&M – O senhor lida constantemente com filmes das mais variadas origens. Avaliando tantas obras diferentes, que país lhe parece mais promissor quanto à produção cinematográfica?
Cakoff – Muitos, felizmente. O Brasil, inclusive. Hoje têm destaque as produções da Alemanha, que faz muita coprodução em várias partes do mundo; do Brasil, que quer trabalhar essa vocação e tem assinado acordos de co-patrocínio – espero que funcione, que não fiquem só no papel; do Canadá, que tem apresentado uma cinematografia muito variada e rica; da França, como sempre, que tem um trabalho muito positivo também pela diversidade e pelas coproduções; da Suécia, que a gente está homenageando este ano na Mostra, porque eles têm uma grande experiência em filmes para crianças e adolescentes – que são muito importantes para formar novas platéias.
M&M – A hegemonia de Hollywood parece de alguma forma ameaçada, inclusive comercialmente?
Cakoff – A hegemonia de Hollywood nunca foi ameaçada. Eu acho que eles colhem o que plantaram com muita sabedoria desde o nascimento do cinema: uma indústria sólida, com um projeto de distribuição internacional, com produção que contrata muitos talentos no mundo todo e cuidando da exibição sempre. Isso se espalha no mundo por méritos. Tanto é que, quando o cinema norte-americano, entre os anos 60 e 80, esteve em crise criativa, a hegemonia deles continuou firme e forte distribuindo filmes europeus. Graças a isso ganharam projeção internacional autores franceses, italianos, belgas, alemães… Foi tudo para alimentar essa cadeia de distribuição que os Estados Unidos já tinham.
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