MWC antecipa o debate sobre as redes 6G e potenciais aplicações
Próxima geração do padrão móvel deve elevar metaverso, smart cities, games e indústria 4.0 a novos patamares de performance e desenvolvimento
Próxima geração do padrão móvel deve elevar metaverso, smart cities, games e indústria 4.0 a novos patamares de performance e desenvolvimento
Sergio Damasceno Silva
27 de fevereiro de 2023 - 14h43
Todo ano, a indústria móvel se reúne em Barcelona para o Mobile World Congress (MWC) com duas metas bem definidas: fazer o networking global que gerará negócios durante o ano entre os players, sejam teles, fabricantes de redes, startups ou desenvolvedores, e antecipar tendências, já que as comunicações móveis tratam do presente, mas, sobretudo, lidam com as novidades futurísticas que estão no horizonte. Algumas dessas inovações valem para o evento como curiosidade e não avançam em aplicações práticas. Outras, no entanto, são reais e começam a definir os próximos passos das comunicações para a próxima década. Este é o caso da sexta geração de redes móveis, ou 6G.
A 6G já está em pesquisas mais avançadas em países como Coreia do Sul, China, e Japão e, comercialmente, a previsão é que o padrão esteja disponível por volta de 2030. Como atrativo, o 6G oferecerá velocidades de download de cerca de 1 terabyte por segundo, ou dez vezes mais do que os 10 gigabytes por segundo do 5G. Por isso mesmo, o tema já está em debate no MWC. Porque aplicações como hologramas, por exemplo, que são um avanço do metaverso, poderão ser viabilizados para uso massivo. Em painel no evento, foram apresentados cases que smart cities, indústria inteligente, games e o próprio metaverso, os quais, nominalmente, devem atingir novos patamares com o 6G. O painel debateu os obstáculos a serem superados para se chegar à rede de sexta geração e como os avanços em 5G e outras tecnologias estão estabelecendo as bases para que se chegue a essa tecnologia. Participaram do painel a head of thinkenet 6G da Bayern Innovativ GmbH, Kimberley Trommler, a head of 6G Research da Samsung Research do Reino Unido, Yue Wang, o head of future telecom projects division da European Space Agency (ESA), Xavier Lobao, o principal research scientist e codiretor da Telefónica Research, Nicolas Kourtellis, e a engenheira-chefe e research planning da ZTE, Fang Min.
Lobao, da ESA, diz que o uso de satélites nas redes móveis é algo novo e, ao longo das últimas décadas, tem servido as áreas remotas nas quais as redes celulares não chegam. “Isso não é apenas a conectividade, o posicionamento e navegação com as redes como GPS. É algo que é crucial para o funcionamento de redes móveis celulares. Há alguns anos, percebemos que o papel do satélite estava aumentando porque não era apenas coletar as áreas desconectadas, mas vimos, em particular, a transformação digital desse sistema para a sociedade, com a extensão das redes móveis com foco na população, e não apenas no território. Há funções críticas para os negócios que não poderiam ser realizadas e, por isso, vimos a necessidade de ter satélites complementando as redes terrestres para comandar uma completa cobertura”, detalha o head da Agência Espacial Europeia. A ESA tem 22 estados-membros e orçamento anual de mais de 7 bilhões de euros (equivalentes a R$ 38,6 bilhões). “Somos, basicamente, uma agência de inovação e, como agência, fazemos muitas coisas desde a tecnologia até o espaço de desenvolvimento do sistema baseado no valor dos aplicativos, tanto nos setores de mobilidade e transporte quanto nas infraestruturas críticas, indo a todos os lugares para entregar educação, saúde e energia”, explica Lobao.
O impacto da economia 5G/66 e das oportunidades para a indústria satelital é estimado em é esperado em mais de 13 trilhões de euros por volta de 2035 para os países-membros da ESA. “É uma pequena fração da receita que será gerada por redes e serviços 5G/6G, mas, para nós é um tremendo desafio. O valor total do ecossistema de comunicações via satélite é de cerca de 8 bilhões de euros e, se eu combinar com a navegação, isso significa que é em torno de 200 bilhões de euros. A Agência Espacial Europeia, já há alguns anos, decidiu criar uma linha estratégica que abordaria o papel do satélite nas redes 5G e 6G e temos feito estudos e desenvolvimento de tecnologia e aplicativos”, diz o head da ESA.
A head of 6G Research da Samsung Research do Reino Unido, Yue Wang, é responsável pelo desenvolvimento de tecnologias para arquitetura 6G e inteligência artificial (IA). “Estamos tendo uma noção livre de 6G e, portanto, pensando se é hora de falar sobre isso. Estou aqui para fazer ainda mais perguntas e para nos ajudar a identificar quais são os próximos desafios para a rede futura. Tenho dois cases de exemplos e como isso afeta a rede 6G. São duas notícias recentes do ano passado, a primeira é em Cambridge, no Reino Unido, onde os estudantes de medicina usaram apenas pacientes gráficos, ou seja, em 3D, onde poderiam cometer erros com segurança quantas vezes precisassem. O segundo case era saber como uma ponte digital gêmea (da física) pode salvar as pessoas no mundo real, identificando quaisquer problemas e enviando sinais de alerta precoces antes que qualquer instância de desastre aconteça”, detalha a head da Samsung Research, explicando potenciais usos do 6G. “Há um valor social significativo associado a esses casos de uso, quero dizer, muitos de nós aqui estamos tão familiarizados com os requisitos de desempenho de rede que você sabe que pretendemos alcançar uma taxa de transferência ainda maior do que os extremos com os identificados em 5G. O que quero enfatizar é que, ao levar as matrizes de desempenho de rede a novos extremos, também há um valor social significativo que vem junto com isso. Esses cases são reais melhorias mundiais, mas são usados apenas por privilegiados, e não são acessíveis em grande escala”, diz. Yue estima que, até 2030, haverá 500 bilhões de máquinas conectadas, ou quase 60 vezes a população mundial e que o tráfego de rede também está crescendo significativamente. Essa expansão, entre 2020 a 2030, é de uma taxa estimada em 55% a cada ano. “Imagine o número de sensores que você colocará em seu carro ou ponte gêmea ou cidade gêmea e imagine o grande volume de dados que serão gerados. A rede 6G levará essa inteligência generalizada a um novo nível. Isso mudará fundamentalmente como se gerencia a rede e a inteligência na rede”, afirma a executiva.
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