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Caso Ronaldinho e Rexona: Quando a bola sai para escanteio

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Opinião

Caso Ronaldinho e Rexona: Quando a bola sai para escanteio


17 de junho de 2024 - 8h01

Nesse final de semana, um dos assuntos que mais repercutiu dentro do universo esportivo foi a declaração que Ronaldinho Gaúcho deu ao influenciador Cartolouco sobre a seleção brasileira:

“Não vou assistir nenhum jogo. Está faltando tudo. Garra, alegria. Faltando jogar bem, então, vou assistir nenhum jogo”, dizia um trecho da fala de Ronaldinho, campeão mundial em 2002.

https://twitter.com/Cartolouco/status/1801708021535674854

Quem entende minimamente de futebol e conhece Ronaldinho, de cara percebeu que se tratava de uma campanha publicitária, visto que o atleta raramente dá entrevista, sempre fugiu das polêmicas nas perguntas e, sendo ele um dos maiores nomes da história da seleção brasileira, não faria sentido algum falar uma frase dessa.

Como não se tinha a certeza oficialmente de ser uma publicidade, os veículos de imprensa começaram a repercutir inclusive internacionalmente a crítica de um dos maiores nomes da história do futebol brasileiro. Foi gigantesca a repercussão.

O estrago foi tão grande que gerou até pergunta para o atacante Raphinha, jogador do Barcelona, durante coletiva de imprensa, em Orlando, na preparação da seleção para a Copa América. Ou seja, causou um desconforto enorme com os atletas.

Pois bem, horas depois um outro vídeo, dessa vez com o Fred, do canal Desimpedidos, revelava que se tratava de uma campanha da Rexona, patrocinadora oficial da Copa América e, na verdade, R10 apenas citava frases de torcedores nas redes sociais.

Segundo fui informado, a estratégia inicial era a revelação ser apenas na véspera da primeira partida da seleção na competição, contra a Costa Rica, na segunda-feira, 24, mas a repercussão foi tão negativa que gerou a antecipação para o mesmo dia.

A seleção brasileira passa por um momento de transição. Tite saiu após a Copa de 2022, tivemos o Fernando Diniz e, há pouco mais de seis meses, Dorival Junior lidera os atletas nesse ciclo que vai até a Copa do Mundo de 2026.

Hoje há um hiato por parte dos brasileiros com o produto seleção. Alguns dos atletas convocados sequer possuem identificação com a torcida brasileira, por terem saído jovens para exterior e nunca terem jogados em clubes do Brasil.

Ou seja, Ronaldinho falar o que falou, gera um afastamento ainda maior das pessoas, até porque a repercussão da declaração dada ao Cartolouco, obviamente, seria infinitamente superior a repercussão da revelação de que se tratava de uma publicidade. Afinal, os veículos de imprensa não dariam a visibilidade para a Rexona de forma tão fácil.

Com isso, a maioria das pessoas ficaram com a percepção apenas da primeira declaração do atleta.

Talvez você que esteja lendo esse texto tenha descoberto agora.

Um outro ponto que precisa ser destacado é o fato de se “brincar” com uma fake news. Em tempos em que a busca pela credibilidade e acesso à informação verdadeira está cada vez mais difícil, não dá para uma campanha propagar uma fake News, ainda mais com um ícone do esporte mundial.

Por fim, imagino que tenha sido criada por uma agência de publicidade e não por uma agência de marketing esportivo. Trabalhar com futebol e/ou atletas é totalmente diferente de se trabalhar com bens de consumo, produtos e serviços. Estamos falando de várias nuances e aspectos que quem não respira esporte não consegue enxergar. Estamos falando de paixão.

Talvez tenham mensurado o alcance da primeira declaração, mas esqueceram de entender o cenário macro. Tudo que envolve a seleção brasileira nesse momento.

Confesso que quando vi a declaração, já pude perceber que era uma publicidade, mas achava que fosse algo ligado a energia e disposição.

Como se tratava de uma campanha “Não te Abandona”, da Rexona, fica aqui a minha expectativa da marca, de fato, liderar um movimento de engajamento e pertencimento dos torcedores brasileiros com a seleção.

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