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Opinião

Sem pessoas só nos restará o Metaverso

Essas tendências e muitas outras já conhecidas são muito importantes e terão seu merecido destaque nas principais manchetes no mundo dos negócios. No entanto, me pergunto como podemos ir além


7 de fevereiro de 2023 - 16h00

Passo a passo para entrar no Metaverso

Crédito: Shutterstock

O ano de 2023 já está entre nós e esse é o momento em que começamos a olhar com atenção quais são as tendências de marketing e consumo para os próximos meses. Algumas delas não são grandes novidades, mesmo que os dados continuem a impressionar: inflação acima das metas estabelecidas, rombos orçamentários, aumento do risco-Brasil e tantos outros índices mostram que as empresas, indústria e, principalmente, a população brasileira devem continuar enfrentando grandes desafios.

Por outro lado, se o futuro macroeconômico brasileiro gera apreensão, temos perspectivas bastante positivas no segmento plant-based. Uma pesquisa publicada esse mês pelo GFI traz dados otimistas em relação ao crescimento do setor: 65% dos brasileiros já consomem alguma alternativa vegetal pelo menos uma vez por semana em substituição aos produtos de origem animal e 52% fazer por vontade própria, ou seja, não apenas pelo aumento do preço da carne.

Essas tendências e muitas outras já conhecidas são muito importantes e terão seu merecido destaque nas principais manchetes no mundo dos negócios. No entanto, me pergunto como podemos ir além.

Não sei vocês, mas 2022 foi o ano em que mais pessoas próximas a mim (inclusive essa que vos escreve), quebraram mentalmente. Reflexo da pandemia, ou não, a nossa sociedade está sofrendo. Síndrome do Burnout, depressão, crise de pânico e ansiedade foram algumas das palavras que escutamos repetitivamente no ano passado.

Alguns números já vinham nos alertando: um estudo divulgado esse ano pela OMS revela que já são mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivendo com algum transtorno mental e dados do INSS de 2015 a 2020 apontam que no Brasil o pagamento de auxílio-doença por transtornos depressivos e de ansiedade dobrou nos últimos 5 anos, passando de 8,43% para 12,45% do total de CIDs (Código Internacional de Doenças) registradas.

Os dados mostram um mar de vertentes ligadas a questões emocionais, que precisam ser trabalhadas e discutidas. Para mim, a mais presente no nosso meio talvez seja a dos discursos de “produtividade” – que muito ouvimos e lemos em algumas das recentes demissões em massa. Justificativas como essa corroboram a sensação completamente injusta e quase unânime de que nunca estamos fazendo o suficiente. Em outras palavras, o sistema cria uma pressão, nos fazendo acreditar que está apenas nas mãos do indivíduo resolver problemas setoriais, coletivos e estruturais.

Pensar sobre isso e, principalmente, em como mudar essa realidade é um obstáculo que deve ser enfrentado por todos nós. E quando digo todos, se refere a indústria como um todo, líderes de times, colaboradores e, em geral, todos que de alguma forma compreendem que não há modelo de negócio, empresa ou qualquer transformação sem pessoas reais, saudáveis, com rotinas e estilos de vida possíveis.

Nesse sentido, é importante ressaltar quantas vezes for necessário a relevância da coletividade. Problemas que envolvem seres humanos não são fáceis de serem resolvidos. Nunca há uma receita de bolo ou uma fórmula pronta para ser seguida. Contudo, um bom caminho que parte do princípio deste espírito coletivo é de que os envolvidos tragam mais sensibilidade para o dia a dia.

Estamos falando da escuta ativa, pedir e oferecer ajuda, normalizar o não saber e o erro (não só o do time, como o seu). Cada vez que as pessoas mostram mais os seus medos, inseguranças e pedem algum tipo de auxílio, a equipe tende a ter uma aproximação maior. Os membros dela entendem que podem se abrir e que juntos é possível não só vencer as dezenas de desafios vividos dentro de uma empresa, como também deixar o cotidiano mais leve, saudável e, principalmente, humano.

Portanto, se pararmos para pensar por um segundo, a tendência de marketing e consumo que realmente importa a todos para 2023 vem em forma de reflexão: as relações com seu time e pares estão contribuindo para criar um ambiente onde o “perfeito” está abrindo espaço para o “real”? Se a resposta for não, já passou do momento da equipe em questão rever os seus valores, afinal, nenhuma tecnologia ou estratégia avança sem as mentes por trás delas.

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