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Quando TV não é mais TV e nem sabemos mais o que é.

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Quando TV não é mais TV e nem sabemos mais o que é.

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21 de julho de 2016 - 8h30

Quando você assiste ao programa de TV da vlogeira do You Tube Dani Noce, aquele que ela faz na rede internacional Food Network, de TV paga, só que entrando pela página dela do Facebook, você está assistindo TV?

E se fosse o mesmo programa originalmente produzido para TV, só que sendo assistido no You Tube, você ainda estaria assistindo TV?

E se fosse o mesmo conteúdo ainda, só que acionado a partir de um player do seu celular, ainda é TV? E a partir do seu console de X-Box?

E quando você assiste a uma série online do Netflix na sua TV conectada, você está assistindo TV ou navegando na internet ?

E quando você assiste no seu aparelho de TV digital um conteúdo do You Tube distribuído por um receptor/distribuidor de streaming tipo Apple TV, cujo sinal chega a você pela web, ainda é TV? Ou é You Tube? Ou é streaming via web? Ou é tudo isso junto, não sendo mais nada disso sozinho?

Onde começa a TV a gente sabe (quer dizer, nem isso a gente sabe mais direito, já vou mostrar por que). Onde ela termina é que ninguém sabe mais.

Há quem imagine que em algum tempo, num futuro não tão distante assim, não vamos nem chamar TV de TV, pelos motivos citados acima e tantos outros que deverão aparecer nos próximos anos e não temos como prever aqui.

O rompimento dessas barreiras de emissão, distribuição e captação no ecossistema da assim chamada TV é um fenômeno tecnológico e sociológico irreversível e deve embaralhar mais e mais os players, os custos de produção e distribuição e, por via de consequência imediata, toda a indústria de comunicação.

Com a chegada do que se convencionou chamar de OTT (over the top, péssimo nome aliás) esses canais e plataformas todas se sobrepuseram ainda mais. Chama-se over the top porque o sinal que transporta os conteúdos que trafegam pelo sistema passam “por cima” das operadoras de telefonia e de tv paga, chegando direto ao usuário pela internet. Não pé nem exatamente um sinal, são dados.

Só que há novas intermediações também nesse novo ecossistema, como uma Apple TV, por exemplo, que distribui conteúdos do Netflix, mas também pode perfeitamente transmitir vídeos do You Tube. Isso é TV? Sim é, só que não.

Podemos acrescentar a tudo isso agora a nova febre do livre streaming, dos pioneiros Meerkat e Periscope, que ganharam a ainda mais recente companhia do protagonista Facebook Live, que transmitem, todos eles, conteúdos em tempo real, sendo que esses conteúdos podem ser, perfeitamente, programas televisivos, como a transmissão de um show ou de uma partida de futebol da Rede Globo. Basta os envolvidos desejarem que isso aconteça, porque a tecnologia já é dada. Comodity, até.

Quando comento que não se sabe bem nem mesmo quem de fato produz os conteúdos, digamos, televisivos, é porque distribuidores são também produtores, como é o caso clássico de Netflix quando falamos de conteúdos online, mas é também o caso do convencional ecossistema de TV previamente existente, já que conglomerados como Sony e HBO, apenas para citar dois exemplos, produzem e distribuem conteúdos televisivos não é de hoje.

Coloquemos nesse bololô também os estúdios de Hollywood, cada vez mais envolvidos e arraigadamente emaranhados com as cadeias distribuidoras de TV, tanto abertas como fechadas. Antes havia a indústria do cinema e a da TV separadas, que agora se fundem cada vez mais numa coisa só.

Em um post anterior nesta semana mesmo comentamos aqui o impacto que tudo isso tem na audiência e em como a indústria da comunicação tem hoje problemas em medir quem está vendo o que e onde, tal é a pulverização e superposição das plataformas.

Vai ficar ainda mais complicado quando percebermos que, por exemplo, o Facebook pode ser perfeitamente um player do tal mundo OTT, já que tem o público e toda a tecnologia que desejar para distribuir TV quando quiser.

E para finalizar, dando um nó final aqui, lembro que está em vias de acontecer a disseminação das novas plataformas de distribuição de vídeos e aí não necessariamente teremos mais apenas o You Tube, mas as marcas poderão adotar para si essas plataformas já existentes para distribuir branded ou sponsored content de sua própria autoria, criando todo um novo ecossistema de players em cima de uma nova infra-estrutura de distribuição.

Você assistir então a um filme produzido e distribuído pela Nike via uma plataforma OTT de vídeo, na sua sala TV, é TV?

Ah, sei lá!

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