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Quebrando o código do novo Grupo Isobar Brasil.
A estrutura do novo grupo integra aparentemente disciplinas improváveis de caminharem juntas. E talvez possa estar justamente aí a fórmula que o mercado precisa.
Quebrando o código do novo Grupo Isobar Brasil.
BuscarQuebrando o código do novo Grupo Isobar Brasil.
BuscarA estrutura do novo grupo integra aparentemente disciplinas improváveis de caminharem juntas. E talvez possa estar justamente aí a fórmula que o mercado precisa.
Pyr Marcondes
28 de março de 2017 - 10h31
A Isobar nasceu no Brasil das costelas da Click e jamais chegou a ter brilho comparável a sua agência-hospedeira. Talvez porque jamais alguma agência digital consiga ter aquele brilho novamente, até porque eram outros tempos. Talvez porque o desafio de implantar um negócio com as características da Isobar no Brasil não seja mesmo tão fácil assim.
Ano passado, algumas das operações do conglomerado enfrentaram dificuldades, de resto partilhadas também por muitas outras agências no País. Cada qual das agências brasileiras com suas particularidades, é bem verdade, mas todas no mesmo balaio de gatos rescaldados de um incêndio de grandes proporções, que chamusca todo mundo.
O DAN pensa nossa indústria diferente do que pensam os demais grandes players do setor. É o único que tem como value proposition explícito e público, tanto aqui no Brasil como em todo o mundo, ser 100% digital até 2020. 2020 tá pertinho, mas eles caminham a passos largos para chegar lá.
Também não faz aquisições como os demais, que compram para acumular equity e receita, independentemente da sinergia das empresas adquiridas, que muitas vezes se superpõe a outras já existentes dentro do mesmo conglomerado.
As aquisições do DAN no Brasil foram feitas obedecendo a um conceito de complementariedade, a mesma complementariedade que neste momento facilita a nova revisão de estrutura da Isobar e de parte do Grupo no País.
Enquanto tudo isso acontecia, o cabeça dessa história, Abel Reis, se projetava como o mais destacado novo líder da nossa indústria. Dos poucos que fala sobre integração e disruptura digital com propriedade e dos poucos que não só fala, como pratica a transformação digital tão necessária – se não indispensável – nestes tempos que correm e que todos os demais grupos penam para conseguir.
Agora Abel pega a tal complementariedade e reagrupa a tropa, para enfrentar o desafio que tem pela frente de recolocar a Isobar e todo o DAN de volta no rumo do crescimento e da consolidação (é o mais jovem grupo de comunicação dentre todos os demais grandes em operação no nosso mercado).
Na nova estrutura, a Isobar deixa de ser uma agência para se transformar num grupo multidisciplinar de serviços e plataformas. O Grupo Isobar Brasil. Tudo com olhar e sob a dinâmica digital.
Os pilares dessa nova estrutura são curiosos, no mínimo, e bem diferentes do que vemos por aí. Temos como eixo central a Isobar, que já comentamos aqui. Temos a Ponto Mobi, que é uma operação com foco em serviços e plataformas mobile. Somamos à fórmula a incorporação da Cosin, uma consultoria recém-adquirida pelo Grupo. E por fim, mas nem de longe menos importante, a Isobar Worldsourcing, para a qual o Grupo nunca deu grande destaque em sua divulgação pública, mas que é de alta relevância para toda a lógica de negócios da operação internacional do DAN.
A Ponto Mobi tem seus desafios particulares. Precisa retomar o protagonismo que teve historicamente na consolidação pioneira do mobile no País, o que não é fácil, mas sem dúvida, em seu caso, é totalmente possível. Vai precisar contar, se assim puder ser, com o olhar de seu criador e timoneiro de uma década, Léo Xavier, o nome-referência quando se fala em mobile no País. E ainda do próprio Abel, sob o qual estará a gestão geral da operação. Terá que se redesenhar e se reposicionar.
Cabe destacar que nenhum outro grupo tem aqui uma operação como a Ponto Mobi em seu inventário. E mobile é o nome do jogo dos próximos anos, já que será por aí que virão as transformações do 5G, da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial. Só pra destacar.
A Cosin, por sua vez, navega bem em águas próprias, as águas das consultorias, mas agora sob nova direção. E num novo contexto de entorno. Ao olhar para o lado todos os dias ao acordar pela manhã, de agora em diante, a Cosin verá uma agência digital full, uma plataforma mobile full e uma fábrica de softwares. Meio dodio. Mas será assim.
Ter trazido uma consultoria para dentro do grupo, enquanto outros grupos estão assistindo de camarote a invasão das consultorias em seus próprios quintais, tem inegavelmente uma ponta de ardil estratégico notório. Isso é coisa do Abel.
Por fim, temos a tal fábrica de softwares, que a maioria dos leitores aqui deve estar se perguntando que cacete faz dentro de toda essa estrutura, mas cuja explicação é simples: tudo é software, desavisado leitor. Tudo. Não só nossa indústria é fundamentada em softwares, como todas as indústrias que você conhece. Ter uma máquina proprietária de produzir softwares não só é inteligente, como estratégico. Não para hoje, mas para os próximos anos.
Esse não é só um diferencial (como aliás o braço de consultoria inegavelmente também é), mas pode se converter também na base de geração de novas linhas de receita e na ocupação de um mercado que vai crescer, e crescer e crescer nos próximos anos.
O hub de tecnologia que o DAN mantém no Sul remete ao mesmo conceito do Vale do Silício, em que tecnologia e academia caminham de mãos dadas. Lá, o Isobar Worldsourcing tem um centro de desenvolvimento de softwares totalmente integrado com as universidades locais. Outras grandes operações mundiais de tecnologia também estão ma região, operando no mesmo modelo.
Ah, e chama “worldsourcing” porque é um dos quatro ou cinco hubs que o DAN mantém pelo mundo, produzindo hoje softwares mais para fora do País, do que aqui para dentro (onde a demanda ainda deverá se expandir nos próximos anos).
Junte tudo isso, misture e bata. Esse é o novo Isobar Grupo Brasil.
No release de divulgação da novidade, Abel Reis, que corporativamente segue sendo CEO do Dentsu Aegis Network e CEO da Isobar Latam, diz o seguinte: ““O Digital não é apenas um novo meio de comunicação: é uma força disruptiva que desafia anunciantes e mesmo indústrias inteiras, ao mesmo tempo que cria novas oportunidades de negócios e novas regras de geração de valor econômico e social. Nossa missão é apoiar anunciantes e negócios nessa jornada da reinvenção”.
Apoiar anunciantes e seus negócios é um desafio de todas as agências em qualquer lugar do mundo. Apoiar anunciantes e seus negócios numa jornada de reinvenção em que a força disruptiva é a tecnologia digital já é bem outra história.
Dos grupos em operação no Brasil, talvez o DAN e sua nova estrutura Isobar sejam dos mais preparados, não na teoria, mas de fato, para isso.
Se vão conseguir, a história nos dirá.
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