ProXXIma e Leandro Zen
28 de novembro de 2018 - 16h01
Por Leandro Zen (*)
Uma em cada quatro startups morre no primeiro ano de vida. Pelo menos metade das empresas novatas não ultrapassa o período de quatro anos, segundo estudo da Fundação Dom Cabral. Empreender no Brasil não é nada fácil, todos sabemos. Cinco anos após serem criadas, pouco mais de 60% das empresas já fecham as portas. Para você ter uma ideia, do total de 733,6 mil empresas que nasceram em 2010, mais de 277 mil (37,8% do total) sobreviveram só até 2015, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Então não devo empreender? O negócio que acabei de abrir não tem futuro? Para que haja solidez na atuação no mercado, é preciso estar sempre atento aos mínimos detalhes de cada componente, desde a estrutura, os colaboradores e fornecedores até a relação com os clientes e concorrentes.
Na verdade, não devemos atribuir a um único fator a causa da mortalidade das empresas, mas sim a uma combinação de ações em quatro grandes áreas: a situação do empresário antes da abertura, o planejamento dos negócios, a capacitação em gestão empresarial e a gestão do negócio em si. A probabilidade de fechamento é maior entre os empresários que tiveram menos tempo para planejar, não conseguiram negociar com fornecedores e não obtiveram empréstimos em bancos.
Quando falamos nos bancos, nas instituições financeiras, é que fazemos uma relação com o Peer-to-Peer Lending, também conhecido como empréstimo coletivo. Fora do Brasil, o P2P não é novidade. Essa modalidade contém um mercado bilionário em vários países como Estados Unidos, Austrália, China e Inglaterra. Mais de um milhão de pessoas já recorreram a essa alternativa, e a Zopa (plataforma que fundou o P2P) já emprestou mais de R$5 bilhões desde 2005. No mercado americano, as duas principais empresas (Lending Club e Prosper) já emprestaram, juntas, cerca de R$ 60 bilhões.
Podemos considerar o Peer-to-Peer Lending um sistema moderno de empréstimos. Por meio de uma fintech, os investidores têm várias opções de negócios disponíveis para aplicar seus recursos em troca de juros. Isso faz com que o empréstimo coletivo proporcione vantagens para ambas as partes. Os investidores têm uma boa rentabilidade sobre os valores aplicados — estando, em muitos casos, acima das principais aplicações financeiras, como poupança, CDBs, letras de crédito, etc. Já as empresas obtêm crédito com taxas de juros menores que as praticadas pelos bancos.
Além disso, há um outro grande benefício: a redução da burocracia. Como praticamente todo processo é feito por sites ou aplicativos — o que o torna muito mais rápido —, também não há a necessidade de ir pessoalmente a algum banco ou instituição financeira. Essa modalidade de empréstimo, portanto, é uma forma de gerar novas oportunidades para negócios de todos os tipos. Para se ter uma ideia, só esse ano é esperado mais de US$ 900 bilhões de movimento no mundo, segundo levantamento da Statista.
A facilidade de conseguir um dinheiro é evidente, mas recomendo que antes de tudo faça um planejamento financeiro. Avalie se o empréstimo é realmente necessário ou não. Afinal, mesmo que as condições desse modelo sejam mais acessíveis, assumir uma dívida sempre pressupõe algum risco. Após esta análise, é preciso escolher uma mediadora confiável para não cair em golpes. Por isso, antes de assinar qualquer contrato, avalie muito bem as ofertas e sempre pesquise sobre a situação das empresas junto à Receita Federal, na internet com amigos, nas redes sociais e até nos sites de reclamação. E desconfie se pedirem pagamentos antecipados, principalmente em contas de pessoas físicas.
Ter um recurso financeiro para tocar o negócio faz com que as chances de sucesso aumentem. Afinal, um crédito pode ajudar a empresa em diversas situações, inclusive, em períodos em que ela não esteja passando por uma crise. Aumentar o capital de giro, ampliar o alcance do negócio e investir em tecnologia são algumas das estratégias que podem ser traçadas quando há a possibilidade de contar com um recurso extra.
Identifique a necessidade da sua empresa e crie um plano de negócio. Com planejamento e uma avaliação exata, os riscos serão os menores possíveis. E você não vai querer brecar sua expansão por falta de crédito, vai?
(*) Leandro Zen, CEO da TuTu Digital