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3 de abril de 2019 - 6h36
Por Allan Fonseca (*)
O marketing das empresas está sendo pego de surpresa pelo jurídico para se adequar imediatamente a nova Lei de Proteção de Dados. Se você também está nesta situação, não fique em pânico, está na hora de entender o processo e liderar o movimento.
A Lei Geral de Proteção de Dados pessoais (LGPD – Lei 13.709 – 14/08/2018) entrará em vigor em agosto de 2020 e mudará para sempre toda a forma de proteção de dados tanto do lado do consumidor, que passa a ter cada maior conhecimento e controle de suas informações, quanto do lado da empresa, que precisa se adequar as novas exigências, tendo controle total sobre coleta, tratamento e armazenamento de dados pessoais, visando trazer mais transparência, inteligência e relevância para o consumidor.
Todas as empresas terão que investir em esforços e recursos para se adaptarem a nova lei, porém, o rápido timing de resposta a isso será um diferencial perante o cliente e principalmente perante a concorrência.
É simples de se pensar: você como consumidor, que faz uma compra ou se relaciona com uma empresa (digital ou não) que trata seus dados pessoais com total transparência, só pede informação realmente necessária e informa o motivo e o propósito para seu uso. A chance de você fazer negócio novamente com a empresa é grande?
A adequação a LGPD não se restringe a uma área apenas, ela envolve toda a empresa, porém, um papel fundamental dentro deste novo cenário passa a ser do Marketing, que sempre teve o cliente como o centro das atenções e agora com uma importância e cuidado como nunca. Isso significa que o consumidor passa a ter direito de saber quais dados a empresa está guardando, utilizando e para qual motivo. E ainda, passa a ter o direito de acessar suas informações e solicitar a retirada de algum dado ou sua exclusão completa. E a empresa deve garantir tudo isso de forma simples e transparente. Você já está se preparando para essas mudanças?
Este início não é fácil, o nível de adaptação e exigências vão complicar o cenário, mas no médio e longo prazos, você terá vantagens competitivas: seu processo estará mais forte, a confiança e fidelidade do consumidor maior, a imagem da sua marca melhor e seu cliente mais satisfeito.
Ainda está com dúvida como isso impacta seu dia a dia? Alguns exemplos práticos:
Você usa base de dados para enviar ao Facebook e fazer “look a like”? Ou terceiriza o trabalho para uma agência de mídia?
Suas agências de eventos e de live marketing, que trabalham um mailing para o dia de lançamento de um novo produto, já ouviram falar em dados sensíveis?
Sua área de mídia trabalha com DMP? Sabia que elas podem coletar, organizar, segmentar qualquer dado de cliente seu e que elas serão monitoradas pela LGPD?
Seu site coleta dados de clientes (área logada, cookies, etc) para depois sugerir conteúdo personalizado?
Se vazasse alguma informação indevida de clientes hoje, seja por hacker ou outro meio, você estaria preparado para identificar sua origem, estancar o problema e ainda notificar seus clientes e o mercado imediatamente?
A movimentação nas empresas já começou e uma forma bastante comum no dia a dia é que quase sempre o projeto se inicia pelo jurídico, que participa de um comitê interno e que contrata um escritório de advocacia especializado em LGPD (a espinha dorsal do processo). Dali em diante, começam a envolver outras áreas-chaves como Compliance, TI, Segurança, RH e principalmente o Marketing, que por sua vez, está sendo pego de surpresa com temas não tão agradáveis de mudanças em seu jeito de trabalhar.
Empresas européias que já passaram por este processo através da GDPR (General Data Protection Resolution – lei europeia da qual originou a nossa LGPD), reviram seus contratos com fornecedores e muitas passaram a trabalhar apenas com empresas que estejam homologadas e adequadas a nova a lei. No Brasil já acontece o mesmo: bancos e operações financeiras homologando parceiros que conheçam e que já estejam trabalhando para a conformidade da nova lei. É uma realidade.
Com isso tudo acontecendo neste momento, você tem duas opções: se envolver rapidamente com o assunto, contratar parceiros especialistas no negócio, sentar na cadeira do piloto e liderar essa jornada junto com suas áreas internas.
Ou… esperar o jurídico bater a sua porta.
(*) Allan Fonseca é consultor, Sócio Fundador e CEO Guardians Consulting