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Stranger Things e o voo da Netflix

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Stranger Things e o voo da Netflix

Que a Netflix está voando todo mundo sabe. O que poucos percebem é que, quanto mais ela voa, mais imbatível fic


4 de agosto de 2016 - 9h25

“Stranger Things se torna a série mais popular do IMDb, ultrapassando Game of Thrones” foi provavelmente uma das notícias mais inesperadas para nós, apaixonados por séries, agora em julho. Mas só para gente. A Netflix certamente já sabia onde isso ia dar.

Que a Netflix está voando todo mundo sabe. O que poucos percebem é que, quanto mais ela voa, mais imbatível fica. Explico.. essa história ficou evidente pela primeira vez com o sucesso de House of Cards. Ali está um grande exemplo de como trabalhar dados. Antes mesmo de ir ao ar eles já sabiam do sucesso porque “simplesmente” usaram seus dados para responder algumas perguntas.

Por que as pessoas param de ver séries? Em que momento da trama elas abandonaram? Quanto tempo demoraram para voltar? Muitas pessoas assistiram The Social Network (David Fincher), muitas pessoas viram a versão inglesa de “House of Cards”, mas quem assistiu as duas (David Fincher e House of Cards inglesa), tinham algo em comum? Sim, assistiram filmes com Kevin Spacey.

Por aí vai.. junta tudo, soma a um bom roteirista e a mágica está feita. O sucesso é comprovado em números. A chance de uma série renovar (nos EUA) é de 35% em média. As séries autorais da Netflix renovam cerca de 70% das vezes. Coincidência?

Seus números melhoram cada vez mais. E quanto mais ela cresce, mais informação é gerada e resulta em mais assertividade.

Stranger Things com certeza é a validação do modelo de sucesso. As referências são muito claras.

Star Wars, Alien, ET, X-men, Contatos Imediatos de Terceiro Grau (Close Encounters of The Third Kind), Sob a Pele (Under the skin), A Coisa (The Thing), A Hora do Pesadelo (Nightmare on Elm Street), Os Goonies (The Goonies), O Iluminado (The Shining), Viagens Alucinantes (Altered States)…

Um filme de ficção científica, estrelado pela Winona Ryder com crianças aventureiras, como há muito tempo não era feito, recheado de referências consagradas. Sim, os dados sabiam que ia dar certo e essa talvez seja a prova mais clara para aqueles que ainda não orientam suas vidas por dados.

São duas frentes muito importantes na Netflix. Dados que definem o que produzir e dados que ajudam a estimular o seu consumo.

Você já percebeu que um mesmo filme tem avaliações diferentes, dependendo da conta que você usa para acessar? As 5 estrelas não são uma média padrão de avaliação do filme. Ela é a avaliação precisa para você. Em outras palavras, ela te diz se você vai gostar do filme (não se as pessoas gostaram do filme) e isso faz toda a diferença.

Tem dois algoritmos mais conhecidos nesse processo: um é o “Restricted Boltzmann Machines” (uma derivação da Rede Neural), utilizado numa aplicação do “filtro colaborativo” que encontra de forma eficiente pessoas parecidas com você. O outro é autoral, foi produzido em uma competição de tecnologia da própria Netflix (The Netflix Prize) que premiou o vencedor com 1 milhão de dólares em 2009. Tudo isso para prever o que você vai gostar. E ainda assim não estão satisfeitos, pois acabaram de anunciar que existe uma grande chance de revisarem o jeito que recomendam os filmes. Dá para ter uma ideia da importância do assunto para a empresa.

Isso é o que sabemos e deve ser apenas a ponta do iceberg.

Marcelo Bernardes, CEO da Purple Cow

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