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A Verizon poderá salvar o Yahoo?
Com receitas em queda e prejuízo em alta, o grupo, comprado por US$ 4,8 bilhões pela telecom, teve seis presidentes nos últimos vinte anos e não conseguiu reagir à estratégia de seus concorrentes
Com receitas em queda e prejuízo em alta, o grupo, comprado por US$ 4,8 bilhões pela telecom, teve seis presidentes nos últimos vinte anos e não conseguiu reagir à estratégia de seus concorrentes
Luiz Gustavo Pacete
25 de julho de 2016 - 10h52
Por mais de uma década, o Yahoo, que um dia foi considerado um gigante da internet, tem se esforçado para buscar uma estratégia vencedora e lucrativa em relação a seus concorrentes. E essa missão passou pela mão de seis presidentes em vinte anos. Todos eles, no entanto, falharam. Após anos de crescimento, a receita do Yahoo vinha em declínio, principalmente após a crise financeira de 2009. No ano passado, o Yahoo perdeu US$ 4,4 bilhões em reestruturações e investiu na compra de empresas como o Tumblr, avaliado em US$ 1 bilhão.
Conforme os resultados do segundo trimestre, anunciados na semana passada, o Yahoo teve receita líquida de US$ 842 milhões no segundo trimestre do ano, queda de 20% em relação ao mesmo período de 2015. O prejuízo cresceu de US$ 22 milhões para US$ 494 milhões.
Verizon pagará US$ 4,8 bilhões pelo Yahoo
Desde 1996, seis executivos tentaram reverter o quadro da companhia. Tim Koogle, foi um dos primeiros, mas não ficou dois anos no cargo. Em seguida, assumiu Terry Semmel, contratado após deixar a Warner Bross, mas deixou o cargo sob pressão dos acionistas. Em 2007, foi necessário que Jerry Yang, cofundador da empresa, voltasse ao comando para reverter a situação, mas deixou o cargo em 2009, também pressionado pelos investidores.
Em 2009, Carol Bartz, assumiu a empresa deixando o cargo logo em seguida de forma polêmica afirmando que a empresa não foi ética ao lidar com ela. Em 2012, assumiu Scott Thompson, que ficou apenas dois meses no cargo após uma polêmica em seu currículo após um acionista revelar que ele trazia informações falsas.
A CEO sob pressão
Marissa Mayer assumiu em 2012, após treze anos de dedicação ao Google. No livro “Marissa Mayer – A CEO que revolucionou o Yahoo”, o jornalista Nicholas Carlson descreve a engenheira como uma executiva minuciosa a ponto de, ao assumir o Yahoo, em 2012, pedir acesso a toda base de códigos de programação, algo atípico entre executivos, mesmo os digitais.
O envolvimento de Marissa, no entanto, não foi suficiente para reverter a atual situação da empresa que, criada em 1995, é dos poucos sobreviventes da primeira fase da internet comercial. Em pouco menos de quatro anos à frente do Yahoo, a gestão da executiva foi marcada pelas aquisições de mais de 50 startups, entre elas o Tumblr, e o redirecionamento dos negócios para a área de marketing digital com foco em mobile e social.
Em 2012, quando ela assumiu, as receitas do Yahoo eram de US$ 4,5 bilhões. Em 2014, somavam US$ 4,4 bilhões. Na bolsa, as ações perderam cerca de 30% do valor até o final do ano passado. A dificuldade em reverter o cenário financeiro afetou a credibilidade de Marissa com os colaboradores. Em reportagem do New York Times, publicada no ano passado, é citada uma pesquisa realizada pela consultoria Glassdoor, na qual só 34% dos funcionários acreditam que as perspectivas do Yahoo estejam melhorando.
Além dos problemas internos, Marissa Mayer precisou reverter a confiança do mercado. A executiva lidou com a maior pressão que já sofreu desde que assumiu a empresa. Desde novembro, Jeff Smith, CEO do fundo Starboard Value, dono de 0,8% das ações do Yahoo, encabeçava um movimento entre investidores que defende a separação dos negócios de marketing digital e internet. Além disso, Marissa se indispôs com o mercado quando manteve os planos de vender a participação do Yahoo no chinês Alibaba, avaliada em US$ 31 bilhões, decisão revogada em dezembro do ano passado por burocracias fiscais.
Reflexos no Brasil
Marcelo Coutinho, professor da FGV e ex-diretor de inteligência do Terra (de 2010 a 2014), conta que o Yahoo se recuperou em 2015, mas no longo prazo, precisará de uma estratégia mais agressiva. O balanço da companhia referente aos nove meses de 2015, mostra crescimentos da receita de 18% com search, 10% com publicidade e 47% com mobile. “Apesar de positivos, esses números não agradam o mercado. Na visão dos investidores, já não fazia mais sentido seguir insistindo na divisão de internet, que é arriscada e demanda muito esforço para gerar retorno”, analisa Coutinho.
O reposicionamento do Yahoo nos Estados Unidos afeta diretamente a estratégia da empresa no Brasil. Aqui, porém, a empresa é proporcionalmente menor. Nos Estados Unidos ele lidera o volume de acessos entre os sites de notícias e está entre os três principais na categoria internet, acompanhado por Google e Facebook. No Brasil, está na quinta posição na categoria sites de notícias, segundo a ComScore.
André Izay, presidente do Yahoo no Brasil, em entrevista ao Meio & Mensagem, no ano passado, afirmou que seu esforço é convencer potenciais clientes sobre as oportunidades da operação local. “Estamos conversando com agências e anunciantes e tentando mostrar que temos soluções e serviços integrados em mídia programática”, explicou. Segundo ele, o Yahoo Brasil está entre os dez principais mercados da companhia.
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