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Cannes: Grand Prix de Cyber nasceu de situação absurda do protagonista
Social movie criado pela Pereira & O`Dell também faturou um Emy Awards
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20 de junho de 2013 - 11h55
Intel e Toshiba tinham um problema na virada de 2010 para 2011: eram marcas com poucas ligações com o público jovem. Por isso, a ideia de se fazer um filme com componentes de redes sociais, um formato inédito agora chamado de social filme, não parecia das mais absurdas.
À frente do processo, a Pereira&O´Dell criou e executou ainda em 2011 o primeiro do gênero, Inside Experience, uma trama de terror que pedia ajuda do internauta para resolver um caso de sequestro. “O primeiro projeto teve que ser de terror, porque era o jeito estratégico de começar. Mas nós sabíamos que o segundo projeto era o melhor. Só não o fizemos primeiro porque sabíamos que tínhamos que seguir um planejamento”, relembra Pereira. “É claro que sabíamos que estávamos correndo, com o primeiro projeto, o risco de matar o segundo. Mas estávamos muito seguros de que ele daria certo”, completa.
O problema para criar o projeto seguinte era a trama. O cliente estava muito preocupado com a questão, a ponto de pedir à agência, em um e-mail enviado numa sexta-feira por volta de 18h, que evitasse cenas de medo, para não trazer uma sensação negativa. Assim, seria um suspense sem suspense. A ansiedade na agência chegou a seu ponto extremo. O projeto voltava a uma estaca anterior, onde tudo o que se sabia era que a palavra “Inside” seria utilizada.
Após uma reunião, surgiu a ideia de se falar sobre outro tema tão forte quanto o suspense: o amor. “Tivemos a ideia de criar uma trama sobre o amor quando ninguém te compreende. Seria a história de uma pessoa que acorda todos os dias com um rosto diferente. Começamos a pensar na vida desse personagem, Alex, que teria, por exemplo, que ter absorventes femininos e lâminas de barbear masculinos em seu banheiro. Tudo começou a se encaixar e percebermos que essa era a trama perfeita”, relembra Pereira.
Antes das gravações, ninguém tinha noção sobre a forma com que o público iria interagir – e sequer se haveria participação. Com a aprovação em mãos, era hora de dar vida ao argumento criado pela agência e com roteiro de Richard Greenberg e que seria retratado em seis episódios. Os filmes da série, rodados em Los Angeles, trariam espaços em branco que seriam preenchidos pelos internautas, que participariam ativamente da trama. “Eu já não durmo e, durante o primeiro episódio, que foi transmitido ao vivo, eu dormi apenas três horas. No segundo dia, eu já consegui dormir mais, mas também não conseguia deixar de olhar a todo instante as reações nas redes sociais. Eu chegava à agência, parava o carro e, antes de sair, dava uma olhada pelo celular para ver como estava a reação das pessoas”, diverte-se Pereira.
Nos primeiros dias, percebeu-se que a história de uma pessoa que acordava a cada dia em um corpo diferente era muito mais profunda do que eles imaginavam. “Não criamos Alex para ser uma metáfora do ser humano incompreendido. Foi apenas uma história de alguém que tinha um rosto diferente a cada dia. Mas percebemos que essa característica casava com um sentimento mais profundo: o de amar quando ninguém te entende”, relembra Pereira. Essa maneira que o público resolveu enxergar Alex, mais profunda do que aquela planejada no papel, fez a diferença para o sucesso de “The Beauty Inside”.
“A reação do público foi muito doce. Tínhamos feito algo para gerar interação no Facebook, que é onde Alex pedia instruções, mas nós não contávamos que as pessoas começariam a relacionar a situação do personagem com suas próprias vidas”, relata Pereira. A ideia do projeto era responder às pessoas. Um garoto, por exemplo, afirmou se identificar com Alex por ser alguém “diferente” e não saber lidar com a situação.
Em outro caso, um fanático por jogos de videogame dizia não saber lidar com o mundo que o enxergava de maneira estranha. “Viramos um escritório de psicanálise aberto. Mudou tudo. Quando terminou o último capítulo, eu estava em San Francisco (sede da agência) acompanhando tudo. Eu não sabia que as pessoas iriam se identificar tanto. Quando “The Beauty Inside” terminou, ficou um buraco em minha vida. Por duas semanas senti um vazio, ficava olhando para as paredes. Porque foi um período muito bom”, emociona-se Pereira, que diz ficar assim após projetos grandes que envolvem grande carga emotiva. “Mas esse é o único case que me deixa, até hoje, um sentimento de saudades”, completa.
As vendas de produtos das marcas subiram substancialmente no mês da exibição, que era de volta às aulas. Mas no ano seguinte, 2013, outro resultado ajudaria a quebrar barreiras entre publicidade e entretenimento.
Uma noite em Beverly Hills
No último domingo, 16, Pereira e algumas outras pessoas da Pereira&O´Dell pegaram um avião em San Francisco para Los Angeles para participar da entrega do Emmy Awards Daytime, voltado aos programas de televisão que não estão no chamado “primetime”, o horário nobre. “The Beauty Inside” foi indicado para a categoria Outstanding New Approach to Original Daytime Programor Series.
“Gastei uma fortuna em um terno e gravata, que são coisas que eu nem uso. E eu estava me sentido um estranho no ninho, já que não tinha proximidade com o pessoal de TV. Na verdade, eu confesso que estava que estava até arrependido, porque a rede PBS estava ganhando tudo. Começaram, lá na mesa, a cogitar até de ir embora, apesar do dinheiro gasto”, diverte-se Pereira. “Foi quando na 37ª de 40 categorias, o locutor falou e eu parei no Beauty. Nem ouvi o resto. Fui no palco festejando, falei o discurso e ainda perguntei depois para alguém se eu havia me enganado e falado em português”, brinca, sobre o prêmio inédito para uma agência.
Na noite de ontem, 19, o Festival de Cannes adicionou um Grand Prix de Cyber à galeria da agência. E Pereira revela que, em breve, lançará um novo projeto do gênero com os anunciantes.
Confira abaixo o primeiro episódio de "The Beauty Inside":
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