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Como calcular o ROI da inovação em uma fintech?

Para Beatriz Montiani, diretora de inovação da Visa no Brasil, o retorno sobre o investimento permite quantificar resultados, mas não descarta a necessidades de realizar testes


1 de fevereiro de 2021 - 6h00

Para Beatriz Montiani, diretora de inovação da Visa no Brasil, a preocupação com o retorno sobre o investimento (ROI) pode limitar a criação de métodos, processos, produtos e serviços focados em inovação. “Inovação e ROI nem sempre conversam no que diz respeito a projetos e a soluções inovadoras. Para ter inovação, é necessário investimento, vide fintechs e startups com o uso de venture capital”, diz. Ao ProXXIma, a profissional ainda fala sobre a transformação digital no segmento financeiro e o trabalho da multinacional em inovação.

 

Beatriz Montiani, diretora de inovação da Visa no Brasil (crédito: divulgação)

O ROI da inovação
Inovação e ROI nem sempre conversam no que diz respeito a projetos e a soluções inovadoras. Para ter inovação é necessário investimento, vide fintechs e startups com o uso de venture capital. O próprio nome já diz: capital de risco. O que se espera é que a solução dê retorno e que seja exponencial. Na Visa, nossa visão é que, antes do ROI, é preciso ter alguns itens redondos e encaminhados: a solução, de fato, precisa resolver uma dor, seja para um investimento em uma solução da Visa ou na perspectiva de uma fintech. Caso positivo, precisamos analisar qual é o tamanho deste mercado. Dessa forma, caso a aceitação tenha sido boa, aí sim é possível dimensionar o ROI. Antes disso, geralmente, o ROI acaba sendo um chute. Na planilha, tudo é possível. A diferença é ver o quanto há de aceitação, se o mercado é grande o suficiente, ter alguns KPIs para fazer as projeções. A preocupação com o ROI, no primeiro momento, pode vir a limitar a inovação. Sabemos que os investimentos podem ser escassos e limitados, até conseguimos ter a informação mínima com relação ao investimento e despesas. É possível quantificar, mas para se ter dimensão real da receita, é preciso testar, ir para o mercado.

É possível quantificar, mas para se ter dimensão real da receita, é preciso testar, ir para o mercado

Além da inovação, o que exigir de uma startup
Além de inovação, diria que o time deve se complementar, para entregar a solução. Complementar, no sentido de experiências, know-how e áreas de atuação. Outro ponto fundamental é com relação ao desenvolvimento: tudo relacionado ao coração da solução de uma startup, necessariamente, precisa ser desenhado e desenvolvido dentro de casa. É o que vai mostrar expertise e fazer com ela se diferencie. A grande prioridade das empresas inovadoras tem sido oferecer mais valor ao cliente. Ao mesmo tempo, elas estão reconhecendo e capitalizando as oportunidades e demandas não atendidas que a pandemia despertou. O grande desafio será como atender a todas essas demandas e levar soluções rápidas para os problemas reais que a população e sociedade estão enfrentando. Quem sair na frente, com certeza, será reconhecido e conquistará melhores posições.

A transformação digital no setor financeiro
Na segunda edição do estudo da Visa, conduzido pela Americas Market Intelligence (AMI): Innovation Rising in Latin America: Lessons from Innovative Leaders Across the Region, podemos ver os progressos, os indicadores, as tendências e os padrões das empresas mais inovadoras da América Latina e do Caribe. Vimos que o Brasil despontou como líder absoluto, reunindo 43% das empresas mais inovadoras. Porém, a região tem outros fortes exemplos, incluindo mercados menores como Costa Rica e Uruguai. Nossos estudos com as empresas mais inovadoras deixam evidente que estamos entrando em uma nova era, onde os limites entre as empresas ficam indistintos: para avançarem, as empresas precisam ser mais do que instituições. Precisam ser plataformas. Pagamentos totalmente integrados, instantâneos e interoperáveis estão tornando-se realidade na região e o comércio acontece em todo e qualquer lugar. Além disso, acredito que empresas como a Visa, precisam continuar ajudando a fomentar ainda mais a inovação na América Latina. Do ponto de vista do nosso setor, experimentar, adaptar e implementar novas tecnologias de pagamento têm sido o principal foco. A experimentação é a maneira de testar o que de fato vem para ficar. Vemos muitas empresas brasileiras trabalhando com essas tecnologias, se esforçando para colocar pilotos no mercado. E, isso pode ser extremamente saudável para o avanço da inovação, no País.

Além de inovação, diria que o time deve se complementar, para entregar a solução. Complementar, no sentido de experiências, know-how e áreas de atuação

O trabalho da Visa com inovação
Na Visa, temos trabalhado nos bastidores para viabilizar e acompanhar as mudanças, desenvolvendo tecnologias para que nossos clientes possam oferecer soluções diversas, que sejam ágeis, inovadoras, interoperáveis e seguras para que os consumidores possam usufruir como preferirem. No cenário atual, o pagamento eletrônico ganha ainda mais importância. Vemos o crescimento no uso do pagamento por aproximação e o e-commerce sendo, cada vez, mais popular. Sabemos que as pessoas não buscam mais por produtos, mas sim por soluções que atendam às suas necessidades e que estejam inseridas na maneira como se relacionam e vivem socialmente. Na Visa, estamos cientes da relação entre a experiência do consumidor e a inovação. E temos buscado ser uma plataforma aberta e colaborativa, o que nos permite integrar novos serviços e soluções graças ao poder das parcerias estratégicas. Nos últimos anos, temos provocado uma verdadeira revolução na forma como trabalhamos disrupção dentro da empresa. Conseguimos abrir nossas APIs, para que desenvolvedores no mundo todo pudessem se beneficiar e fazer uso de nossas tecnologias. Além disso, há três anos, abrimos o nosso Estúdio de Inovação, em São Paulo. Não temos uma equipe responsável só por inovação. Todos da empresa participam dos processos e contribuem com suas expertises e vivências. Também temos contribuído e trocado muito com o ecossistema das startups, tanto por meio do programa Fast Track, conectando as fintechs as plataformas já certificadas pela Visa, por exemplo. Quanto pelo Programa de Aceleração Visa, que já teve 69 startups participando nesses últimos anos.

*Crédito da foto no topo: Vedanti/Pexels

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