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De onde virá seu próximo concorrente?

A verdade é que a concorrência está surgindo mais rápido, de vários lugares e das maneiras menos triviais


15 de fevereiro de 2016 - 3h16

Por Felipe Almeida (*)

O ranking da revista Forbes das maiores empresas de 2015 mostra um retrato do mundo dos negócios que, vale a aposta, não será mais o mesmo em poucos anos. Das Top 10, as 4 primeiras são bancos chineses. A quinta, a sexta e a sétima posições são ocupadas por empresas americanas, uma de investimento, um banco e uma companhia do setor de petróleo e gás, respectivamente. A oitava é uma chinesa do setor de petróleo, a nona uma de tecnologia americana e, finalmente, a décima é outra americana, também do segmento bancário.

Hoje, os players líderes das principais indústrias, seja de bens de consumo, bancos, telefonia ou seguradoras, entre outras tradicionais, estão sofrendo ataques de todos os lados. É difícil falar que os únicos concorrentes do Itaú são Bradesco, Santander e Banco do Brasil ou que os principais competidores da Natura são Boticário e Avon.

A verdade é que a concorrência está surgindo mais rápido, de vários lugares e das maneiras menos triviais. Tudo isso se deve há alguns fatores. O mais relevante é que a Internet está trazendo uma avalanche de informações que, catalisado pela tecnologia, resultam em ingredientes propícios para grandes transformações.
Além disso, os novos consumidores estão cada vez mais em busca de empresas com as quais se identificam, que entregam conveniência e uma experiência única. Se essa empresa for online e não tiver loja física ou agência, quem se importa?

Já vimos gigantes como Kodak e Polaroid sendo dragadas pela ascensão das fotos digitais. Imagina a bomba atômica que será com a democratização e evolução das impressoras 3Ds. Qualquer um poderá ser competitivo com a China para produzir itens de plásticos, que poderão ser um utensílio doméstico, uma peça para seu carro ou o que sua mente puder imaginar.

Basta um rápido exame de DNA nas 10 maiores do mundo do ano passado para diagnosticar que a maioria corre o risco de ceder seus postos nas próximas décadas para novatas com menos de 20 anos – algumas com menos de cinco anos – criadas sobre alicerces digitais e alimentadas pela inovação e capacidade de estabelecer novos modelos de negócios em setores até então dominados por empresas herdeiras da revolução industrial, mas que se não acordarem rapidamente podem perder o passo da revolução digital.

O avanço veloz em diversos setores de startups que ainda engatinham, mas são embaladas pelo capital de risco e comandadas por empreendedores jovens e um time de talentos da geração millenium, com sangue nos olhos, conectados desde o berço, leva a batalha para as trincheiras digitais, onde irá vencer não necessariamente quem tiver mais tempo de mercado, verba de marketing ou estrutura operacional, mas os que estiverem prontos para rapidamente conquistar novos clientes com produtos e serviços realmente disruptivos, impressionantes, surpreendentes, que transformem definitivamente negócios até então soberanos.

De onde virá o próximo concorrente? Quem poderá roubar market share? Para manter a liderança, qualquer que seja o segmento, as grandes corporações terão que ligar seus radares e estar sempre alertas para responder estas perguntas, investir em P&D e se antecipar às tendências. E não tenham dúvidas: muitos dos novos competidores serão empresas que estão bebendo na fonte da inovação para construir negócios que em tempos pré-digitais exigiam muito mais esforço, capital financeiro e humano.
Os exemplos já são muitos e em vários setores.

Entre as brasileiras deste seleto clube, não há como deixar de citar o Nubank, suportada pelos VCs Founders Fund, Sequoia Capital e Kaszek Ventures. Comandada pelo empreendedor David Velez, a empresa foi fundada há menos de 3 anos e já é avaliada em US$ 500 milhões. O Nubank cresceu rapidamente ao oferecer em tempos de crise um cartão de crédito que, além de não cobrar tarifas e praticar taxas de juros bem abaixo dos concorrentes, se tornou objeto de desejo por conta do seu app, simples, funcional e repleto de recursos que dispensam qualquer contato por telefone ou ter que ir a uma agência, nem mesmo para solicitar o cartão ou mudar o limite de crédito. Fica a pergunta: qual o futuro do setor bancário?

Em dimensão global, o Uber, outro modelo de negócio acelerado no universo dos apps e da explosão no uso de smartphones, já ultrapassou 1 bilhão de corridas realizadas em 370 cidades de 68 países, alcançando um inacreditável valor de mercado de US$ 62,5 bilhões, superando, à título de comparação, empresas brasileiras como Itaú, Bradesco, Petrobras e Vale. Fica a pergunta: qual o futuro do setor de transportes, considerando inclusive o desenvolvimento de projetos de veículos autônomos?

Outra gigante, em julho do ano passado a Amazon ultrapassou o Wal-Mart em valor de mercado, chegando a US$ 267 bilhões contra US$ 233,5 bilhões, uma briga dantesca entre uma varejista originalmente digital e outra com milhares de lojas brick and mortar espalhadas pelo mundo. No fechamento deste artigo, o preço da ação da Amazon na Nasdaq estava em US$ 482,07 e o do Wal-Mart na Bolsa de New York estava em US$ 65,81. A Amazon foi fundada em 1994. O Wal-Mart em 1962. Fica a pergunta: qual o futuro do varejo?

No Brasil, o mercado de turismo assiste o rápido avanço do Hotel Urbano, fundado em 2010 e valor de mercado de R$ 2 bilhões, sobre a CVC, que abriu as portas em 1972, tem mil lojas físicas e é avaliada em R$ 1,6 bilhão. Este é, aliás, um setor com enorme potencial. Com avaliação de US$ 20 bilhões, o Airbnb é maior que qualquer rede hoteleira do mundo e o Priceline, que comanda o Booking, já ultrapassou a casa dos US$ 50 bilhões. Fica a pergunta: qual o futuro do mercado de viagens?

A Forbes também organizou uma lista das empresas mais inovadoras do mundo de 2015, liderada pela Tesla Motors, fabricante de carros elétricos (qual o futuro do mercado de petróleo?) e, em segundo lugar, a Salesforce.com, empresa de aplicações em cloud computing (qual o futuro dos grandes CPDs?).

Das 10 primeiras, oito são americanas. Mas o jogo da inovação está apenas começando e, como ela poderá vir de qualquer canto do planeta, o Brasil deve fechar os olhos para a crise, ou se aproveitar dela, para criar um ecossistema fértil onde continuem sendo germinadas empresas como o Nubank, o Hotel Urbano ou, nosso caso mais clássico, o Buscapé.

De todas estas perguntas, fica ao menos uma certeza: sua próxima concorrente não estará necessariamente no ranking das maiores, mas tem boas chances de estar no das mais inovadoras.

(*)Felipe Almeida é CMO da ZUP (www.zup.com.br)
 

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