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Desconhecimento é barreira para mulheres nos NFTs

Iniciativas de DAOs, como a Eve, querem ampliar o conhecimento sobre o setor e quebrar esses obstáculos de entrada


15 de julho de 2022 - 6h03

A Eve tem 10 fundadoras, 20 embaixadoras e 5 mil mulheres inscritas na base da organização (Crédito: Divulgação)

O Relatório Global sobre Mulheres, Criptomoedas e Independência, de 2021, mostrou que mulheres ainda eram pouco representativas no mercado de criptomoedas: embora 32% das entrevistadas fossem de países desenvolvidos com infraestrutura de alta tecnologia, a maioria classificou com nota 3, numa escala de 0 a 10, seu acesso ao sistema financeiro.

Mas essa nota sobe a 7 quando perguntadas se sua alfabetização financeira e independência melhoraram desde que começaram a usar criptomoedas. Feito pelas pesquisadoras Marina Spindler e Paulina Rodriguez, foram entrevistadas na pesquisa 60 mulheres, metade latinoamericanas, de 31 países para entender suas motivações para possuir criptomoedas. 

Reconhecendo esse problema, estão pipocando grupos para democratizar esse acesso e combater o desconhecimento sobre o mercado de criptos. O qual, para Cíntia Ferreira, é o principal impasse para as mulheres acessarem o segmento de tokens não fungíveis (NFTs). Bancária no Itaú por 16 anos e empreendedora, Cíntia começou a investir em startups e foi uma das fundadoras da Eve, organização autônoma descentralizada (DAO, na sigla em inglês) lançada em março deste ano. É a primeira iniciativa voltada à educação de mulheres no NFT no Brasil.  Segundo Cíntia, “essa não é hora de competição, é hora de se apoiar”.

O formato DAO é uma tendência de modelo de gerenciamento no mercado de criptomoedas que se libertaram das transações financeiras convencionais. O Bitcoin, por  exemplo, lançado em 2008, foi a primeira DAO totalmente funcional.

A Eve foi inspirada em iniciativas similares, como as americanas World of Women (projeto de nível mundial apoiado por Madonna), Women Rise NFT, que é apoiado pela fundação Malala, e Boss Beauties NFT, e apoia as brasileiras Women Force e Impact Women NFT, que também tentam popularizar o tema entre as mulheres.

A organização tem público médio de 10 mil pessoas impactadas em workshops presenciais e webinars e é composta, em sua maioria, por espectadoras curiosas, que ainda não investem e não estão no mercado. “A diversidade está muito ligada a essa liberdade financeira”, afirma Cíntia, se referindo a tanto mulheres desempregadas que querem ser influencers digitais sobre o mercado cripto a empresárias com situação financeira estável e que querem entrar nesse mercado.

A empreendedora observa aperfeiçoamento de conhecimento nos últimos cinco workshops da Eve: perguntas básicas sobre o passo a passo da entrada no mundo dos NFTs agora passam a um plano mais avançado, sobre gasto energético, sustentabilidade e tecnologias envolvidas.

Nesse contexto, a Eve faz a criptografia de produtos da economia criativa,  por exemplo, e a organização de leilões em benefício de artistas mulheres. No fim de julho, o Women in Web 3.0 Summit em São Paulo, organizado pela Eve, acontecerá com o propósito de  fazer com que essas mulheres conheçam os primeiros passos para a criação de NFT. Algumas marcas já as procuram para parceria, mas ainda seguem em processo de negociação. 

Entrada das mulheres

Cíntia diz ver oportunidade no mercado de NFTs para minorias, em geral. Mas fato é que, como no cenário atual do mercado financeiro, no qual as mulheres são 23% dos investidores na Bolsa de valores, a maioria dos artistas e dos investidores de NFTs são homens. Mulheres representam somente 4% do mercado de criptoativos, segundo pesquisa de dezembro do ano passado da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Ainda há muitas pessoas desbancarizadas no Brasil e para, entrar nesses temas mais complexos, é necessária longa gestão de conhecimento e educação no País”, diz Cíntia. Segundo ela, a realidade da Web3 está posta e  temos que aceitá-la, mas uma das barreiras é o gênero.

“A partir do momento que começarmos a entender mais, ver o resultado desse negócio, vermos referências no mercado, dá para entrar”, afirma, e o propósito da Eve é esse: apoiar mulheres que ainda não sabem de nada. Elas também têm tomado cuidado para não reproduzir estereótipos e desafios da web2 para a Web3, no caso dos NFTs. “Queremos que cada mulher se sinta parte desse projetos, não só mulheres brancas, magras”, exemplifica.

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