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Renda-se! É a principal mensagem do SXSW
Doidão vestido de Star Trek na agitadíssima noite da 6ª Avenida de Austin. É o SXSW te surpreendendo e tirando o teu fôlego
Doidão vestido de Star Trek na agitadíssima noite da 6ª Avenida de Austin. É o SXSW te surpreendendo e tirando o teu fôlego
10 de março de 2013 - 5h53
Por Pyr Marcondes
De Austin
O que dizer de um evento que tem o Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web (isso mesmo, você leu certo, foi ele) falando sobre o as plataformas abertas e seu impacto na próxima web, a que ele afirma estar se construindo para o futuro? E que traz em seguida Chris Anderson, ex-editor da Wired, para entrevistar ao vivo Elon Musk, o cara que criou e foi CEO e Presidente do Pay-Pal (que revolucionou o pagamento online), fundou a Tesla (que promete revolucionar a indústria automobilística com seu projeto do carro elétrico), construiu a SpaceX (maior empresa privada depois da Nasa a fazer projetos de exploração espacial, na órbita terrestre e em outros Planetas) e é o principal investidor da SolarCity (maior operação de energia solar dos EUA) ? E que, logo depois, traz o jornalista Walt Mossberg, editor responsável pela unidade digital do Wall Street Journal e idealizador de um dos mais destacados evento digitais do mundo, o All Things D, para entrevistar Al Gore? E que, enquanto isso, durante o dia inteiro, está realizando um projeto de fomento ao empreendedorismo digital comandado por Eric Ries, um dos ícones do mundo do Venture Capital mundial?
O que dizer de um evento que em poucas horas te oferece tudo isso e que aqui não caberia a descrição de tudo o que ele traz em um dia inteiro, muito menos durante seus dez dias de duração?
O que dizer do SXSW?
Ele é quem diz. Ele te cala e grita no seu ouvido, o tempo todo: renda-se! Você não dá conta. Não do evento, gigantescamente maior que a capacidade de qualquer cristão, mas da realidade. Que ele representa tão bem.
Sabe aquela do “não tenho palavras”? Pois é, melhor poupá-las.
A desorientadora e impossível tarefa de reportar o SXSW deixa qualquer coitado que tente frustrado no primeiro parágrafo, pela certeza de que estará fazendo um péssimo trabalho, deixando de fora a maior parte e reduzindo um universo extremamente abrangente a poucas linhas de uma síntese injusta com o que rola na real.
Terminando aqui a choramingas da frustração, vamos a alguns destaques (aliás, para ver mais do que aconteceu ao vivo no evento, entre no www.sxsw.com e procure a área de streaming. Tem um apanhado bem bom de vídeos com o melhor da festa).
Nada entre nós e o comando das máquinas
Michael Buckwald e David Holz, dois nerds fundadores da Leap Motion (www.leapmotion.com) se impuseram uma missão curiosa: eliminar a intermediação entre nós, assim chamados seres humanos, e o mundo digital. Quer dizer, abaixo mouses, teclados, telas multitouch, enfim, tudo que se coloca no meio do caminho entre nós e as máquinas digitais. Os caras mal falam uma língua intelectível de gente normal. Quase grunhem, impregnados por um tecnologês que faria inveja ao Sheldon, do Big Bang Theory (cujo criador e produtor, Chuck Lorre, aliás, está aqui também). Apesar disso, que parece mais um problema nosso do que deles, os caras aparentemente estão no caminho. Fizeram algumas demonstrações no palco para provar isso, regendo imagens à distância e afirmando que serão nossos sentidos que comandarão tudo, sem aparelhinhos facilitadores. É o sistema do Kinect aplificado.
Elon Musk, que admitiu que fala com seus filhos mais por e-mail que ao vivo, mostrou avanços na sua tecnologia de fabricar foguetes, que tem deixado os engenheiros da NASA de queixo caído. Entre elas (são várias) mostrou como sua empresa está solucionando uma questão vital para o setor aero-espacial: a necessidade de descarte de muitas das aeronaves após uma única viagem. A NASA joga parte do que usa fora depois de uma única viagem, o que ele qualificou de uma estupidez sem fim. A SpaceX já desenvolveu um modelo que pode ir e voltar do espaço, pousando mansamente de volta em solo terrestre. Neste vídeo ele mostrou com exclusividade pela primeira ao mundo no SXSW, o foguete da SpaceX que sai do chão, para no ar alguns segundos como um metálico beija-flor sem asas, e volta graciosamente ao ponto em que saiu.
Arrancou aplausos de pé da plateia presente.
Climão no palco: Walt Mossberg e Al Gore trocam farpas
Al Gore se embananou aqui e ali em seu discurso sobre sustentabilidade, que para muitos aponta para o caminho certo, mas aparenta esconder interesses nem tão acertados assim. Foi feliz ao defender a migração de toda a informação existente imediatamente para a transparência pública da internet. Boa, Al. Não disse direito como seria o modelo de gestão dessa transparência, algo que na verdade está no centro das discussões sobre liberdades individuais e controle dos estados no mundo digital. Evitou esse lodaçal, mas mandou bem no atacado.
Walt Mossberg, do WSJ, seu entrevistador no palco, quis saber por que Al vendeu à Al-Jazeera, rede de notícias que desde 2011 passou a ser controlada pelo Governo do Qatar, seu canal de televisão Current TV, numa operação pela qual está sendo processado por um antigo parceiro. Gore, visivelmente contra a parede, tentou manobrar seu discurso enquanto Wossberg enfiava a faca um pouco mais, destacando que o Qatar é um país produtor de petróleo, portanto explorador da energia fóssil, a que mais polui o Planeta. Aquela que Gore mais diz combater. Climão no palco.
Gore saiu-se pelas tabelas alegando que a Al-Jazeera em inglês produz um jornalismo que dá um banho de ousadia no jornalismo norte-americano (ele tem razão) e aproveitou para cutucar Mossberg de volta, perguntando por que ele não abandonava o WSJ, parte do conglomerado do mega-empresário da mídia Rupert Murdoch, também processado por conduta não-ética. Climão seguiu no palco.
Mossberg desviou-se da cutucada e partiram ambos para a seção de Q&A via Twitter.
De bom do discurso geral de Gore fica uma frase: “O futuro da democracia depende da continua liberdade e independência da internet”. Ninguém poderia discordar, precisamos só discutir como.
E fica também o elo de ligação que o ex-Vice-Presidente dos EUA faz entre sustentabilidade, gestão transparente do poder e o mundo digital. Linha de raciocínio que poucos fazem. Mas que talvez devessem fazer.
Pronto. Três horas de evento. Tá bom pra você?
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