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Uma análise sobre a TV Digital: quanto mais rápido, melhor
Gordon Smith, presidente e CEO da NAB e ex-senador dos Estados Unidos, fala sobre o fim da TV analógica no Brasil
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21 de agosto de 2013 - 12h19
Por Nathalie Ursini
Do Meio&Mensagem
O ex-senador dos Estados Unidos, Gordon Smith, atual presidente e CEO da National Association of Broadcasters (NAB), entidade que reúne as emissoras de rádio e televisão norte-americanas, foi o palestrante principal de abertura do Congresso da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (Set).
Gordon assumiu o a presidência da NAB em 2009 e liderou o processo de transição da TV analógica para a digital. O presidente destacou a oportunidade que a TV e o rádio terão nos próximos anos (com Copa do Mundo e Olimpíadas) para demonstrar seu papel fundamental em levar informação e entretenimento à todos, ao redor do mundo, que possam desfrutar.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, o ex-senador, fala sobre a importância da transição da TV analógica para a digital, como foi feita nos EUA e a dá sua visão sobre o processo no Brasil.
MEIO & MENSAGEM ›› Quais tipos de problema a NAB encontrou durante o processo de transição da TV analógica para a TV digital?
GORDON SMITH ›› Eu era senador americano quando ocorreu, estava no Comitê de Comércio, que supervisionou a transição. Aprendemos que há problemas que podem ser superados. O governo e as transmissoras, trabalharam juntos. Informaram a população de que haveria uma data em que a TV analógica não funcionaria mais e que, até aquele dia, precisariam adquirir um televisor digital ou adquirir, com o governo, um conversor que permitiria à sua TV receber o novo sinal. Funcionou muito bem. Começamos em janeiro de 2009, quando Barack Obama chegou à presidência. Isso gerou debate sobre adiamento, mas em julho daquele mesmo ano já estava tudo pronto: o sinal analógico terminou e o digital veio.
MEIO & MENSAGEM ›› Olhando para o que já foi feito, há alguma questão que você abordaria de forma diferente? Qual?
GORDON SMITH ›› Acho que não. Uma das coisas que antecipamos e que se provou correta é que o sinal digital é muito mais eficiente que o analógico. Você pode fazer quatro canais digitais dentro de só um sinal analógico, é o chamado multicanal. Isso permitiu aos radiodifusores passarem adiante 108 Mhz de espectro às telecoms, que vendiam banda larga, mas não perdemos nada, pois ganhamos eficiência com o sinal digital. Isso foi bom para os radiodifusores, para as operadoras de telefonia e banda larga. Trazer essa tecnologia para mais gente é bom para todos os lados, todos ganham. É bom para a economia, para a audiência, para a mobilidade.
MEIO & MENSAGEM ›› Recentemente, em entrevista dada ao Meio & Mensagem, Jim Egan, ex-diretor da Ofcom, que coordenou o processo de transição no Reino Unido, disse que o governo deve providenciar que o mesmo número de pessoas que tinham TV analógica se mantenha com o sinal digital. Você concorda? Como foi o programa da NAB?
GORDON SMITH ›› Para garantir que todas as pessoas pudessem ter uma TV com sinal digital conseguimos disponibilizar os aparelhos conversores por apenas US$ 5. É o que o governo pode fazer. Só o conversor por aquele preço custou aos cofres americanos US$ 3 bilhões. Cada governo deve decidir como fazê-lo. A realidade é que não se deve prover dinheiro público para comprar TV, quando você pode dar para o conversor, que não é caro.
MEIO & MENSAGEM ›› Os Estados Unidos terminaram o processo de desligamento da TV analógica em 2009; o Japão em 2011; o Reino Unido em 2012; e o Brasil apenas em 2018. O que você imagina que seja um bom prazo para um processo como esse? Você acredita que as autoridades brasileiras deveriam agilizar o processo, uma vez que estamos recebendo dois eventos globais de audiências multinacionais nos próximos três anos?
GORDON SMITH ›› Eu não quero ter a pretensão de dizer ao governo brasileiro o que fazer. Mas deveriam simplesmente pesquisar o que funciona melhor para o publico daqui. Para nós, foi um processo de mais ou menos três anos. Determinamos o dia, anunciamos o prazo e as transmissoras informaram por meio dos Public Service Announcement (Anúncios de Serviços Públicos) que a TV não mais funcionaria, a não ser que fizesse a troca. E isso foi feito por todo os EUA. E as pessoas se mostraram interessadas, eles gostam de televisão, e por isso responderam ao chamado. Mas eu acho que quanto mais rápido o Brasil fizer, de uma forma que funcione para o seu público, melhor. Pois vai melhorar a qualidade da televisão, o público vai gostar mais, a imagem fica melhor. E também vai prover melhor funcionamento dos celulares sem congestionar as linhas.
MEIO & MENSAGEM ›› Se você pudesse dar algumas sugestões para as emissoras brasileiras e as autoridades sobre o desligamento da TV analógica e a implantação da TV digital, o que você diria?
GORDON SMITH ›› Façam. Apenas façam. Não tenham medo. Contanto que as redes e o governo trabalhem juntos a favor do interesse do público. A TV dará muitas oportunidades e capacidades; o público receberá imagens de mais qualidade e uma experiência de mobilidade avançada. É muito importante que o governo lidere esse movimento numa parceria com os radiodifusores, pois vai ajudar a todos.
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