Opinião
Por que diversidade, equidade & inclusão é um tema fundamental para o metaverso hoje
O metaverso precisa ser construído consolidando pontos de vistas diversos
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23 de junho de 2022 - 6h00
Uma pesquisa feita pelo Institute of Digital Fashion (IoDF) quantificou a importância da Diversidade, Equidade & Inclusão para o desenvolvimento dos metaversos. Segundo esse levantamento, para 70% dos entrevistados, a representação de gênero é vital nos mundos virtuais, 68% afirmam que grupos minorizados são sub-representados nestes ambientes e 59% sentem falta de roupas que incluam formatos de corpos diversos nos universos digitais imersivos.
Estes números mostram como representatividade importa para os usuários também nos metaversos. Segundo 87% destas pessoas, seus avatares virtuais se relacionam com sua identidade global (a da “vida real”, digamos assim). As pessoas buscam representar a si mesmas nos mundos digitais, e isso cria uma responsabilidade imensa para quem os está construindo.
Temos à nossa frente uma decisão a ser tomada numa bifurcação moral: o metaverso pode contribuir para diminuir a discriminação ou pode elevá-la à enésima potência. Na pesquisa feita pelo IoDF, uma das entrevistadas reclamou, por exemplo, do fato de que a maior parte das personagens femininas seguem o modelo Lara Croft, de Tomb Raider: seios fartos, blusa e shorts curtos. Ou seja, uma visão misógina da representação do corpo feminino.
Não podemos construir a Web 3, a dos metaversos, esquecendo os aprendizados da Web 2, a das redes sociais. Vimos como ambientes sociais digitais podem ser dominados por trolls que disseminam discurso de ódio, e como isso gera um impacto extremamente negativo na sociedade. Por outro lado, vimos também como estes ambientes podem ser usados para provocar revoluções benéficas, disseminando brisas primaveris geradas por grupos minorizados. Tudo depende da infraestrutura do ambiente digital, que pode estimular mais determinados usos e coibir outros.
O metaverso precisa ser construído consolidando pontos de vistas diversos. Hoje, a construção desses mundos virtuais ainda está sob responsabilidade de homens brancos heterossexuais e de classes privilegiadas socialmente. O reflexo disso é possível ver nos dados da pesquisa citada: os usuários se incomodam em não poder representar a si mesmos virtualmente como gostariam.
O metaverso pode ser uma indústria de US$ 13 trilhões em 2030 (o PIB da China), reunindo 5 bilhões de usuários (a população da Ásia). É uma oportunidade gigantesca para avançar décadas na inclusão de grupos minorizados, seja na partilha dessa riqueza que será criada, seja no protagonismo e na representatividade desses públicos.
Não vale a pena criar um metaverso que replique ou potencialize as discriminações que temos na sociedade. Um metaverso sem DE&I criará uma realidade distópica e insustentável. Por isso precisamos considerar Diversidade, Equidade e Inclusão desde o dia zero do metaverso, para que sua realização supere as visões hoje tidas como utópicas, de um ambiente livre, descentralizado, diverso.
A viabilidade e a sustentabilidade do metaverso depende disso, mais do que de avanços tecnológicos ou aportes financeiros. Ambos virão se tiver público interessado em viver nos metaversos, e isso não acontecerá se estes forem ambientes tóxicos e opressivos. O metaverso para se realizar precisa permitir a auto representação livre da diversidade da sociedade. Não fazer isso será desperdiçar uma oportunidade de trilhões de fazer o mundo um lugar melhor.
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