Opinião
Sim, este é mais um texto sobre Clubhouse
A chegada da nova rede social, que tem a voz como protagonista, é mais um teste de rápida adaptabilidade para o mercado publicitário
A chegada da nova rede social, que tem a voz como protagonista, é mais um teste de rápida adaptabilidade para o mercado publicitário
23 de fevereiro de 2021 - 8h00
Na coluna de janeiro “Novos tempos, novas habilidades: o lugar do profissional híbrido” falei sobre como o nosso tempo exige adaptabilidade. Quase um lugar-comum, mas desses que são reais, e não desprovidos de sentido. Prova disso é que menos de duas semanas depois desembarcou no Brasil a nova sensação das redes sociais, o Clubhouse.
Com características bem diferentes das plataformas que já se consolidaram — pautadas na interação com conhecidos e em fotos e vídeos — o Clubhouse chega com um formato que instigou curiosidade imediata e movimentou, de novo, a forma de pessoas e marcas se posicionarem e se comunicarem. Baseada em áudio, num híbrido de rádio ao vivo, podcast e WhatsApp, ela se pauta na mais elementar forma das pessoas se comunicarem, a voz.
A adesão foi expressiva. Embora ainda não haja dados específicos sobre o Brasil, até dezembro a rede tinha 600 mil usuários e hoje já conta com mais de 6 milhões. A ideia de uma espécie de podcast ao vivo supre a lacuna de interação presente na produção do conteúdo tradicional em áudio, eliminado o tempo de execução (rádio ou podcast) e a restrição de alcance qualificado de um áudio de WhatsApp. O paralelo com os formatos já existentes mostra que o áudio é uma mídia que engaja e que as pessoas gostam de se expressar pela linguagem falada.
E o que o Clubhouse tem a ver com adaptabilidade? O poder de se adaptar é habilidade exigida desde a escola, muito se bate nesta tecla e no nosso mercado ele caminha de mãos dadas com a inovação, precisamos estar à frente. Assim como com outras redes, rapidamente marcas e celebridades marcaram presença na plataforma, em salas que propõem discussões de assuntos que dialogam com seu posicionamento público ou que engajavam pelo entretenimento, como as para debater Big Brother Brasil ou tantas outras coisas. Diversão mais do que bem-vinda em tempos de isolamento social.
E a sede por novidade, tão característica do nosso mercado, também marca essas primeiras semanas de chegada do Clubhouse ao Brasil. Para quem busca maneiras de se conectar com assuntos de trabalho, a rede também mostrou um enorme potencial. Ainda é fácil encontrar alguns dos principais líderes do mercado publicitário por lá. Tem rolado de tudo: dicas de portfólio para os criativos, debates sobre plataformas ou discussões sobre o modelo de TV aberta no Brasil e no mundo. O “como é que tá lá?” nunca esteve tão presente, tem gente até usando como Linkedin.
Desta vez, as marcas têm o enorme desafio de participar de uma plataforma de interação dando voz ao que é genuíno, em um território que faça sentido para cada uma delas. Mais do que perfis de marcas — o que não é recomendados pelo próprio Clubhouse — a proposta é encontrar qual o melhor porta-voz para cada ação, que pode ser um influenciador, um embaixador da marca, um executivo da empresa ou um moderador profissional, por exemplo.
A retomada da força da voz, literalmente, parece ser um caminho sem volta. Além dos já consolidadíssimos áudios no WhatsApp, os podcasts e agora o Clubhouse, novas plataformas despontam neste terreno, como Twitter Spaces e a popularização do Discord, que passou a extrapolar o universo gamer.
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* Daniel Martins é chief transformation officer da Ogilvy Brasil
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