Mão na massa: o que do SXSW é aplicável na realidade das empresas brasileiras?
Ir para Austin continua com aquele mix de sentimentos que sempre me deixam com vontade de colocar a mão na massa
Ir para Austin continua com aquele mix de sentimentos que sempre me deixam com vontade de colocar a mão na massa
21 de março de 2024 - 16h09
Depois de uma maratona de 10 dias em Austin, saímos retratando o cansaço, a FOMO de ideias e, principalmente, a vontade de colocar em prática muita coisa que vimos. Eu acredito que ir para o SXSW é a parte mais fácil para quem busca a inovação, afinal, o evento se tornou o polo mundial de grandes marcas, profissionais e cases que ditam tendências. Mas, e aí? Como trazer toda essa informação e aplicá-la ao contexto das empresas brasileiras?
Na volta para casa, comecei a refletir sobre esses aspectos e decidi compartilhar meu olhar sobre o que acredito serem os próximos passos das empresas nacionais. Por estar próximo de grandes players dos setores de viagens, fidelidade e utilities, vivi o evento fazendo paralelos. Nos próximos parágrafos deixarei o que considero serem os desafios na hora de sermos disruptivos e o que será necessário para que as grandes empresas brasileiras permaneçam competitivas.
Lógico que vou falar sobre o tema do ano! O crescimento exponencial de empresas e ferramentas que usam inteligência artificial é um fator que demanda muita agilidade das lideranças e dos negócios.
Desafios relacionados à cultura organizacional e a resistência à mudança podem ser obstáculos enfrentados aqui no Brasil, pois muitas empresas hesitam em adotar novas tecnologias devido à necessidade de mudanças nos processos de trabalho estabelecidos. Além disso, a disponibilidade de dados de qualidade é crucial para o sucesso dessas iniciativas e tenho visto que muitas companhias possuem dificuldades na coleta, organização e limpeza de dados, especialmente se estiverem fragmentadas em sistemas legados.
Ainda sobre esse tema, observo que encontrar talentos qualificados em IA pode ser particularmente difícil no nosso país, devido à escassez de especialistas em tecnologia e ciência de dados. Formar equipes multidisciplinares, combinando habilidades técnicas e conhecimento do domínio do negócio vem sendo um movimento natural e essencial. Além disso, a infraestrutura de TI existente pode não ser adequada para suportar implementações de IA, especialmente em termos de capacidade de processamento e armazenamento para lidar com grandes volumes de dados e executar algoritmos complexos de aprendizado de máquina.
Pode até parecer uma frase motivacional para líderes, mas quando assistimos uma sessão com Amy Webb, entendemos que isso não é um clichê corporativo. Pensar estrategicamente sobre o futuro é estar preparado para o inesperado. Aqui percebo inúmeras oportunidades para empresas brasileiras saírem da reatividade de suas operações.
Quais são suas prioridades? Onde você quer chegar? O que mudou no seu público? Quantos usuários não se engajam com uma nova funcionalidade? Quando é o melhor momento de desistir e quando devemos acelerar? Eu poderia listar outras mil perguntas que vejo na rotina do meu time e que podem ser respondidas com testes e soluções criativas.
O que ainda percebo é que muitas vezes os times estão muito focados no operacional para executar esses testes e os líderes estão muito imersos em problemas, e não sabem o que é melhor priorizar para manter um negócio competitivo.
Precisamos não só falar sobre tendências mas aplicá-las ao nosso dia a dia e parte desse processo é sobre fazer as perguntas certas para o seu negócio.
O lado humano da tecnologia ficou enraizado em Austin. Nas conversas com colegas e profissionais que encontrei por lá, ou nas falas de palestrantes como John Maeda, percebi que empresas que permanecerão vivas são aquelas que olham além do código.
Em uma era de competição acirrada e mudanças quase diárias de novas tecnologias, a chave está em construir soluções e resolver demandas reais, muitas vezes excedendo as expectativas dos usuários, pois é a experiência dele que determina o sucesso de um produto ou serviço.
Aplicando para o contexto brasileiro, vejo oportunidades de melhorias na coleta e análise de dados para entender o comportamento e as necessidades dos usuários. Muitas vezes, devido à fragmentação das informações em diferentes sistemas e departamentos, é difícil ter uma visão completa dos dados. Além disso, a integração de tecnologias diversas é complexa, especialmente quando desenvolvidas por fornecedores diferentes ou baseadas em infraestruturas heterogêneas.
Para superar esses desafios, uma parte importante é investir em treinamento e capacitação para garantir que quem está na operação tenha as habilidades necessárias para desenvolver e manter entregas centradas no usuário.
Será que temos propósitos genuínos? Minha reflexão final é muito mais sobre como as marcas brasileiras estão se propondo a encantar e gerar lealdade aos seus clientes.
Ir para Austin continua com aquele mix de sentimentos que sempre me deixam com vontade de colocar a mão na massa. Por isso, faço o convite para você também! Vamos passar a falar menos sobre o futuro e começar a vivê-lo?
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