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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Tendências e desafios da Creator Economy em 2025

À medida que o mercado evolui, o mais importante será a capacidade de adaptação. A realidade é que não se pode contar apenas com uma plataforma


11 de março de 2025 - 11h13

O painel “Beyond the Buzz: Mastering Creator Economy Trends in 2025” (em português, Além do Hype: Dominando as Tendências da Economia dos Criadores em 2025), que ocorreu no SXSW 2025 neste domingo (09), trouxe à tona questões essenciais sobre o futuro da economia dos criadores de conteúdo. Com um foco nas tendências do marketing de influência, o papel crescente da inteligência artificial (IA) e as incertezas políticas que afetam as plataformas de mídia social, a conversa ofereceu uma visão privilegiada das complexidades do setor.

Para Jasmine Enberg, VP & Principal Analyst da eMarketer, e Kaya Yurieff, Team Leader Creator Economy da The Information, em 2025, a creator economy finalmente começa a amadurecer. O marketing de influência, que representa 60% da receita gerada por criadores nas redes sociais, deixa de ser uma simples prática promocional e se estabelece como um modelo de negócios sustentável. Com o aumento da profissionalização, muitos criadores estão se posicionando como empreendedores, controlando suas marcas pessoais e explorando novas formas de monetização. Para as marcas, isso significa que são, mais do que nunca, parceiros estratégicos e suas campanhas vão além da simples promoção de produtos.

Embora o marketing de influência continue a crescer, a desaceleração é um reflexo natural de um mercado que está se tornando mais maduro. Em 2025, 86% das empresas norte-americanas com mais de 100 funcionários já adotaram o marketing de influência como parte de sua estratégia, mas a diversificação das campanhas é uma tendência clara. Criadores estão expandindo suas atividades para além das tradicionais redes sociais, explorando novos canais como TV conectada (CTV), podcasts e até mídia de varejo. Essa diversificação não só amplia o alcance, mas também ajuda a mitigar os riscos de dependência excessiva de uma única plataforma.

No entanto, um dos maiores desafios atuais para a economia dos criadores é a incerteza em torno do TikTok. Marcas e criadores estão ampliando sua presença em outras redes. Em 2025, a expectativa é que 84,5% das empresas usem o Instagram para marketing de influência. Com questões legais e políticas que ameaçam a permanência do Tik Tok nos EUA, criadores e marcas estão sendo forçados a repensar suas estratégias de presença digital. Plataformas rivais, como Instagram e YouTube, têm se beneficiado dessa incerteza, oferecendo incentivos financeiros e criando novas oportunidades para atrair influenciadores. A possível separação do Reels do Instagram em um aplicativo independente e os contratos exclusivos oferecidos aos criadores são exemplos de como essas plataformas estão tentando se posicionar como alternativas viáveis. Flip, Meta, Substack e TikTok lançaram novos fundos de incentivo, com valores de até US$ 100 milhões para estimular a criação de conteúdo.

Nota-se também que o “boom” dos podcasts continua. A receita de criadores de podcast nos EUA deve atingir US$ 943 milhões até 2025, um aumento de 27,3% ao ano. No entanto, a concorrência neste mercado é alta, e crescer sem ter uma audiência consolidada em outras redes é um desafio.
A inteligência artificial tem se tornado uma aliada crescente no processo criativo dos influenciadores e marcas. De ferramentas de brainstorming a algoritmos de personalização de conteúdo, a IA está moldando a maneira como o marketing de influência opera. No entanto, o uso da IA ainda apresenta um gap significativo entre as ferramentas disponíveis e a aplicação prática delas no dia a dia dos criadores. Embora muitos já a utilizem para geração de ideias, há uma resistência quando se trata da automação total do trabalho criativo, com muitos influenciadores preocupados com a perda da autenticidade de seu conteúdo.

O cenário geopolítico também tem suas repercussões na economia dos criadores. As tarifas comerciais entre os EUA e a China, que afetam diretamente o comércio eletrônico, podem gerar incertezas para as marcas que dependem de fornecedores chineses. Como a maior parte do marketing de influência envolve produtos físicos (como cosméticos, roupas e acessórios), as tarifas comerciais podem impactar não apenas o e-commerce, mas também as estratégias de marketing de influenciadores.

Embora os desafios sejam muitos, o futuro do marketing de influência permanece promissor. A expectativa é de que a prática continue a ser uma parte crucial das estratégias de mídia e comércio, mas seu crescimento será mais lento e calculado. As marcas e os criadores terão que se adaptar a um cenário cada vez mais complexo, em que a inovação tecnológica, as mudanças nas políticas de plataformas e as dinâmicas políticas influenciam diretamente os resultados. O marketing de influência será mais eficaz se for focado na construção de relacionamentos autênticos e na personalização das campanhas.

Um mercado em evolução

Em 2025, a creator economy está em uma encruzilhada, em que a profissionalização e a diversificação são necessárias para enfrentar os desafios do mercado. As plataformas de mídia social, os criadores e as marcas devem aprender a navegar com astúcia pelas incertezas políticas, a influência da IA e as mudanças nas preferências do consumidor. Embora as ameaças e dificuldades sejam evidentes, o potencial de inovação e engajamento contínuo no marketing de influência é mais forte do que nunca.

À medida que o mercado evolui, o mais importante será a capacidade de adaptação. A realidade é que não se pode contar apenas com uma plataforma. O segredo está em consolidar sua comunidade em um ambiente primeiro, antes de expandir para outros. Criadores e marcas que souberem diversificar suas estratégias e abraçar as novas tecnologias estarão mais bem posicionados para prosperar neste cenário de rápidas transformações.

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