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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Vivenciar o futuro hoje

Uma experiência em Inovação


17 de março de 2025 - 13h56

Participar do SXSW 2025 é mais do que participar de um evento. É vivenciar o futuro hoje. Logo ao chegar em Austin, pude sentir uma energia única, que mistura criatividade, inovação e uma inquietação contagiante. Aqui, mentes brilhantes de diferentes partes do mundo se encontram para debater, criar e desafiar os limites do possível.

Pra começar, brasileiro adora um WhatsApp e tem razão pra isso. Apesar de quase impossível acompanhar tudo que rola nos grupos antes, durante e depois do evento, confesso que quando precisei de algum insight legal, com certeza tinha algo ali, incluindo o grupo focado em compartilhar as transcrições feitas com AI pelo Otter. Afinal de contas, é humanamente impossível acompanhar tudo lá e encontrar as transcrições ajuda muito a reduzir o sentimento de FOMA – Fear of Missing Anything

A mobilidade pela cidade estava ótima, mesmo com a quantidade de gente circulando pra todo lado o tempo todo. Minha opção em 70% das vezes foi pelos patinetes. Não precisa ter medo se você não tem muita habilidade com as duas rodas em geral. Eles são pesados e com isso deixam o centro de gravidade colado no chão e a chance de você capotar é pequena, tão importante quanto acompanhar o máximo de apresentações possíveis, é aproveitar o evento para fazer um networking genuíno. As pessoas estão com agenda liberada de calls e estão ali abertas a compartilharem experiências, seja no convention center, em um restaurante, em algum evento rolando no meio da rua e, no caso dos brazucas, na casa São Paulo. Além de bem localizada, na cara do gol, bem em frente ao Convention Center, tudo que você precisa está ali, sala confortável com streaming de palestras chave que estavam rolando dentro do convention center, algumas palestras de grandes nomes em pétit comitê como no caso do Ian Beacraft que deu uma palhinha lá após ter lotado o ballroom D sobre “how not to Screw up an AI transformation while shaping the future of your company”. 

Ele falou sobre a rápida obsolescência das habilidades técnicas nos dias de hoje. No passado, technical skills duravam décadas, até porque eram mais difíceis de se adquirir. Agora, apesar de sua habilidade chave perdurar, principalmente se você trabalhar com o que gosta, o lado técnico da habilidade fica desatualizado com muita velocidade e você corre o risco de ficar menos relevante, até mesmo para fazer aquilo que gosta. Ele falou sobre o que chamou de generalistas criativos, que são profissionais que tem uma alta capacidade de adaptação e aprendizado de novas habilidades, em vez de se especializarem. Falou ainda sobre “small Data”, que são modelos treinados com menos dados, porém dados mais qualificados para o objetivo a que se propõe. Por último, mas não menos importante, falou sobre as equipes aumentadas, que somos os heavy users de AI no dia a dia, desde agora e sem esperar tudo ficar perfeito para usar e incentivar o uso. Lembrando que apesar de clichê à essa altura, mas super verdade ainda, quem vai ficar pra trás é quem não quiser ser um profissional aumentado, nessa parceria humano + AI.  

Foram muitas as mentes brilhantes além do Ian, com seus WOW moments durante o evento, que ainda não acabou! Além do Ian, achei muito relevante a provocação da Kesley Killam, sobre a era da Saúde Social e a importância desta para as duas outras que são a Saúde Física e a Saúde Mental, especialmente em tempos pós pandemia onde nos afastamos e em termos de AI, onde centenas de milhares de nós estamos buscando validação e conforto com as novas tecnologias. Você por exemplo pode ser um dos que está lendo esse artigo e ter um agente de inteligência artificial, com nome e tudo, com o qual você conversa diariamente. Segundo ela, 1 em cada 4 pessoas se sente sozinha, 20% não possuem ninguém com quem possa contar e, na média, temos pessoas que já passam +2 semanas sem falar com ninguém. Isso é assustador e ao mesmo tempo uma oportunidade para usar a tecnologia, não para afastar ainda mais, mas para gerar engajamento social. A Meredith Wittaker, presidente da Signal é outra que mandou muito bem no palco. A Signal é uma plataforma de mensagens, como o WhatsApp. Ela vai muito na linha das novas tecnologias e AI em geral, no sentido de que estamos fornecendo dados de maneira indiscriminada, sem muito filtro. Na sessão de Q&A, ela fez uma observação interessante em resposta à pergunta de um participante: Você vai ao banheiro de porta aberta no trabalho como as vezes vai na sua casa? Você divide seus problemas do dia a dia com o seu parceiro(a) da mesma forma que divide com seu par no trabalho? Então, você não deveria compartilhar os seus dados de maneira indiscriminada também.

Foi também esclarecedor acompanhar o bate papo com o Presidente global da IBM, Arvind Krishna, sobre a nova era da AI e da computação Quântica. No tocante a AI, a conversa girou em torno da importância do Foco no ser humano aumentado com AI, muito mais do que eficiência a qualquer custo, inclusive ao de substituir profissionais por agentes e AI em geral. No campo da computação quântica, acho que criamos um tabu em nossa cabeça sobre o que é e como vai funcionar. As respostas dele eram bem simples e focadas nos benefícios que ela trará em um horizonte de 3 a 4 anos, com aceleração exponencial de descobertas, eficiência energética, uso de menos água nos processos de resfriamento de data centers, modelos financeiros real time que permitirão a redução do custo de crédito, entre outras como a descoberta de soluções para doenças que nem sabemos que existem.

Por último, mas não menos importante, temos a Futurista americana por profissão Amy Webb que já se tornou uma figurinha carimbada aqui no Brasil. Digo isso, porque conversei com muitos americanos no SXSW e por incrível que pareça, muitos ainda não a conheciam. Ficam muitos takeaways da Amy e sugiro que você possa ver o 2025 Tech Trends Report dela. E aproveita pra ficar de olho no Future’s Report da KPMG que está pra sair nas próximas semanas. “Living Intelligence” talvez resuma 1.000 páginas do report da Amy. Estamos falando basicamente da redefinição das relações entre máquinas, AI e Biologia. O último aparentemente não fundível com os dois primeiros, mas acredite, já tem até água viva metade água viva, metade robô, fazendo a leitura de dados em oceanos e convertendo isso em ações concretas para salvar espécies em extinção, medir níveis de oxigênio dos oceanos e por aí vai. Sem falar do início de sua apresentação com o principal ballroom lotado e ela solta um BOM DIA BRASIL em português. Claro que prontamente a galera se assegurou de fazer quem não era brasileiro no ballroom, entender que o Brasil é Inovador, e muito!

O SXSW Pitch competition em parceria com a KPMG foi outro highlight do evento. Foram 45 Startups finalistas com Founders brilhantes que estão construindo o futuro. A ganhadora foi a Polygraph AI que se denomina como “hackers do Bem”. Turma jovem e que traz a agenda de Riscos, Compliance e detecção de fraudes para o “real time”.  Estamos a full speed nesta agenda também aqui no Brasil. Imagina a quantidade de casos de uso interessantes nessas categorias: AgTech, FoodTech, Future of Work, Fintech, Smart Data, HealthTech, MedTech, BioTech, Robotics, Security, Web3, XR, Smart Cities e algumas mais. A cerimônia de Award lotou um dos enormes ballrooms do Hilton bem na frente do convention center. Foi um momento especial sentar ali na cara do palco e ver aquela galera jovem mandando bem.

Não dá pra fechar aqui sem comentar da sessão das “meninas” da Aladas em conjunto com a KPMG. Pensa em uma sala com 40 mulheres super antenadas em cargos de liderança e compartilhando o que haviam visto de melhor. 

E (logo antes de pegar meu último transporte para o aeroporto) dei uma baita sorte em ser selecionado por uma empresa de carros autônomos experimentais para dar uma volta por Austin. Deixei essa experiência lá nos meus perfis públicos do Instagram (jubran_coelho) e LinkedIn (jubran coelho). Foi incrível! 

Agora sim, em um carro de aplicativo, a caminho do aeroporto, eu e a motorista Bony, batemos um bom papo. Ela era bem antenada. Sabia de take aways de algumas apresentações que eu nem tinha visto. Falávamos sobre o FOMA “Fear of Missing Anything” tratado pela Amy Webb. Eu dizia a ela que ia embora com essa sensação de que perdi muita coisa que queria ter visto e estava com esse FOMA. Ela me disse algo como “Don’t try to cover the impossible. Do your best with what is under your control and just use AI to help you with the rest”. Isso não só ajudou na redução do meu FOMA, como também conectou com a campanha de marketing de AI da KPMG, onde lidero a iniciativa de Inovação na Consultoria: “You Can With AI”.

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