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Santander explica encerramento de mostra LGBT

Em comunicado, banco explica por que interrompeu a exibição de "Queermuseu" após receber críticas de pessoas ofendidas com as obras


11 de setembro de 2017 - 15h21

No último domingo, 10, o Santander Cultural de Porto Alegre suspendeu a exibição da mostra “Queermuseu — Cartografias da diferença na arte brasileira” depois de a instituição ser alvo de críticas em sua sede e nas redes sociais. A exposição estreou há cerca de um mês e estava programada para ficar em cartaz até 8 de outubro.

Diante das reações adversas de diferentes grupos de pessoas diante das obras – algumas das reclamações acusaram as obras de difundir a pedofilia, a zoofilia e de praticar a blasfêmia por utilizar símbolos católicos indevidamente – o banco encerrou a exibição e, nesta segunda-feira, 11, emitiu um comunicado em que explica a decisão (leia a íntegra ao final da nota).

“Queermuseu” abarcava mais de 270 obras, dentre pinturas, gravuras, fotografias e colagens, de coleções públicas e privadas, que tinham como temática a diversidade de de gênero. Quando a exposição foi anunciada, o Santander havia declarado que “valoriza a diversidade e investe em sua unidade de cultura no Sul do País para que ela seja contemporânea, plural e criativa”.

A pressão para o fechamento da exposição, que conta com obras de nomes como Portinari e Lygia Clark, ganhou corpo com manifestações de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL). Em sua página no Facebook, o MBL reproduziu, no sábado, 9, um texto publicado no site Jornal Livre intitulado “Santander Cultural promove pornografia e até pedofilia com base na Lei de Incentivo à Cultura”. O posicionamento do grupo de ativismo político ganhou endosso de entidades com ideologias similares, assim como de organizações religiosas, que pediram o encerramento da mostra. Uma das estratégias do protesto online foi rebaixar a avaliação da página do Santander Cultural no Facebook e a proposta de um boicote ao banco.

Leia o comunicado do Santander Cultural:

“Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na Arte Brasileira. Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.

O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.

Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.”

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