Alexa, OnlyFans e primeiras impressões
O evento está muito maior, tanto em estrutura quanto em público
O evento está muito maior, tanto em estrutura quanto em público
4 de novembro de 2022 - 12h36
Esta é minha segunda vez no Web Summit. Última vez que estive aqui foi em 2018 e, sinceramente, me surpreendi com as mudanças desde a primeira visita. Sinto que o evento está muito maior, tanto em estrutura quanto em público, com mais pavilhões, mais exposições, mais empresas e uma audiência ainda mais diversa. Dessa vez, eu vim com um grupo de 20 C-levels trazidos pela B2BMatch e nós somos parte de um quórum impressionante.
As mais de 2 mil startups vindas de 94 países só não impressionam mais que os 2 mil membros da mídia presentes (cobertura de todos os ângulos e com os mais diversos pontos de vista). Os mais de mil palestrantes e outros mil investidores vindos de 60 países garantem toda a relevância e capital intelectual do evento. E, aqui, um dado bastante expressivo sobre os 71 mil participantes vindos de 160 países: a presença feminina constitui 42% desse público.
Para os não familiarizados com o Web Summit, o evento – que é originalmente irlandês – ganhou notoriedade por eventos como o Collision em Toronto, o RISE em Hong Kong e o SXSW em Austin. Para uma visão ainda mais aproximada do que é o evento, o Político classifica o evento como “a principal conferência de tecnologia do mundo” e o New York Times vai um pouco além, nomeando o evento como “um grande conclave dos sumos sacerdotes da indústria de tecnologia”.
As palestras estão realmente muito interessantes, mas poderiam ser um pouco mais longas. Grande parte delas com uma duração de apenas 20 minutos, diferentemente do SXSW, cujas apresentações têm em torno de 50 minutos. Fica aquele gostinho de quero mais, e alguns painéis com mais de três pessoas acabam ficando superficiais.
O que chama atenção mesmo é a parte de exposição: conforme mencionei, são mais de 2mil startups que mudam diariamente e mais de 300 empresas que expõem seus produtos e soluções, oferecendo brindes e cafezinhos. Conversando com alguns investidores locais, muitos acabam focando apenas nesta área e muitas vezes nem acessam o palco principal.
Eu tentei fazer um pouco de tudo. Foquei no palco principal na parte da manhã e visitei a exposição à tarde.
Para este artigo, selecionei duas palestras que me marcaram. A primeira foi a do cientista-chefe da Alexa, Rohit Prasad, no painel “Alexa’s next AI trick: Disappearing”, que foi mediada por Nick Thompson, CEO do The Atlantic.
Em um momento em que a maioria das empresas está focada em tecnologias ou hardwares que mantenham os usuários colados a uma tela ou a um mundo virtual, a Amazon quer que a gente passe a interagir com sua tecnologia apenas quando for necessário. Nesta palestra, Prasad explicou como a filosofia de ‘inteligência ambiente’ está impulsionando o desenvolvimento de uma IA que aja de forma “invisível” em nosso ambiente, ajudando quando solicitada e desaparecendo em seguida.
De acordo com o Senior VP & Head Scientist da Alexa, nos últimos 12 meses, as interações com o gadget cresceram mais de 30%. E ele falou bastante sobre o futuro da Alexa não a deixar se resumir a uma assistente virtual baseada em IA, mas a uma espécie de advisor. E, convenhamos que, dadas todas as interações por minuto e a consequente quantia brutal de coleta de dados, é natural que a Alexa fique exponencialmente mais inteligente a cada dia.
Outro ponto muito interessante desse painel foi a abordagem da possibilidade da Alexa se tornar uma espécie de acompanhante de rotina dos seus usuários. Prasad afirmou que, em dado momento, a assistente virtual da Amazon terá tanto conhecimento sobre seus usuários que será capaz de antecipar suas perguntas ou criar soluções para problemas que eles ainda nem notaram que poderiam ter. Aqui vai um exemplo: se a temperatura do ambiente estiver em um nível bom, o gadget vai recomendar que você desligue o ar-condicionado para economizar energia.
A segunda palestra que me chamou bastante atenção foi a da CEO do OnlyFans, Amrapali Gan. Mediado pela editora da Fast Company, Yasmin Gagné, o painel “The future of OnlyFans: Who we are and where we’re going” surpreendeu ao desmistificar muitos dos mitos acerca da plataforma.
Todo mundo já ouviu falar do OnlyFans, mas quem são as pessoas por trás do aplicativo e quais são seus planos para o futuro? Gan satisfez muitas das nossas curiosidades, trazendo informações inusitadas, como o fato de o OF ter alcançado a marca de U$S 10 bilhões em remuneração de criadores
Diferentemente de outras plataformas, como o Youtube, o OnlyFans coloca o criador de conteúdo no centro de tudo. A cada R$1 que a plataforma monetiza, R$4 são pagos ao criador de conteúdo. A intenção, segundo a executiva, é dar cada vez mais recursos e autonomia para os criadores.
Uma pauta aguardada pelos presentes era a abordagem do papel do conteúdo adulto na plataforma. Gan se mostrou muito segura ao tocar no assunto devido ao fato de afirmar que há um trabalho sério de curadoria do conteúdo. O fato de haver pagamento pelo que se consome garante que não haja tabu quanto à entrega.
Bom, esse foi o primeiro dia e já estou ansioso para as novas descobertas do dia 2.
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