“O ecossistema vem crescendo mais do que a base de talentos”, diz Felipe Matos

Buscar

Web Summit

“O ecossistema vem crescendo mais do que a base de talentos”, diz Felipe Matos

Presidente da Associação Brasileira de Startup avalia esforços do governo português no fomento à inovação, e desafios e tendências no mercado brasileiro


7 de novembro de 2022 - 17h31

O Web Summit é conhecido por ser um evento feito por e para startups. Todo ano, startups de diversos países enchem os pavilhões do Parque das Nações, em Lisboa, para apresentar seus produtos e serviços e atrair investimentos. O governo português e da capital reforçam o comprometimento. O poder público busca fomentar o investimento em tecnologia e atrair capital para o país como saída às crises vividas nos últimos anos. Na abertura do Web Summit, o governo anunciou pacote de 90 milhões de euros para apoiar três mil startups nos próximos quatro anos.

O Brasil teve a terceira maior delegação de participantes, atrás do Reino Unido e da Alemanha, e avançou no número de startups inscritas. Um dos palestrantes na programação da conferência foi Felipe Matos, presidente da Associação Brasileira de Startup e co-fundador e CIO da Sirius Educação. Ele esteve em um painel voltado a discutir o que torna o Brasil um território fértil para inovação e investimento.

Felipe Matos, presidente da Associação Brasileira de Startup e co-fundador e CIO da Sirius Educação (Crédito: Divulgação)

Ao Meio & Mensagem, Matos comentou as diferenças no fomento público à startups entre os mercados português e brasileiro, além de pontuar tendências e desafios para o setor.

Meio & Mensagem – O que, no mercado português, atrai ou fomenta o surgimento de startups?
Felipe Matos – Na perspectiva do empreendedores do Brasil, é uma boa plataforma para entrada na Europa. Custo mais acessível, idioma e facilidades imigratórias são alguns dos atrativos. Há também benefícios do governo português para a atração de empresas estrangeiras.

M&M – De que forma o Web Summit influencia nesse contexto?
Matos – O Web Summit faz parte de um grande investimento do governo português para dar visibilidade ao mercado local, atraindo milhares de empreendedores e membros da comunidade de startups do mundo todo. Isso, sem dúvida, ajuda na promoção do ecossistema local.

M&M – Como as startups brasileiras estão inseridas nesse contexto português? Existe uma troca de conhecimentos? Quais são as formas com as quais há conexão entre ambos os mercados?
Matos – Há grupos de discussão com ambas as comunidades. Startups brasileiras interessadas no mercado português têm participado do próprio Web Summit como uma forma de se aproximar desse mercado. Existem alguns programas do governo português que oferecem visto, apoio com aceleração e espaço de escritório, dentre outros benefícios para startups brasileiras que queiram se instalar no país.

M&M – Na abertura do Web Summit, representantes do governo de Lisboa e Portugal expuseram os esforços públicos para fomentar e atrair startups para a cidade e o País. Lisboa já é considerada um polo de inovação. Qual é sua avaliação sobre os esforços públicos do governo brasileiro para fomento de startups?
Matos – O governo brasileiro ainda tem muito o que avançar no apoio a startups e empreendedorismo. Embora haja algumas boa iniciativas, elas são ainda limitadas em alcance e escopo de atuação comparativamente à necessidade e potencial do ecossistema brasileiro.

M&M – Você mencionou em seu painel que há uma crise de talentos tech no Brasil. Ao que se deve essa falta? E que tipos de iniciativa pode modificar esse cenário?
Matos – O ecossistema de startups no País vem crescendo muito mais rapidamente do que a base de talentos em tecnologia. Isso faz com que eles se tornem escassos e disputados. Essa crise precisa ser combatida com mais formação de profissionais e mais estímulos nesse sentido, tanto por parte do governo como das empresas.

M&M – Do que foi discutido no Web Summit a respeito de startups, o que você identifica como tendências e oportunidades no mercado de startups?
Matos – Houve muitas discussões sobre o papel da IA (Inteligência Artificial), que inegavelmente estará cada vez mais presente nas soluções das startups e precisam ter seus impactos bem endereçados e melhor entendidos pelas empresas e pela sociedade. Ficou claro também como cada vez mais grandes empresas valorizam a relação com startups como fonte de inovação e transformações de seus próprios negócios.

M&M – Como o risco de uma recessão global afeta as startups brasileiras?
Matos – Uma eventual recessão afetará toda a economia e com as startups não será diferente. Nesse cenário, é provável que investimentos se tornem mais escassos e as empresas tenham de rever seus planos de crescimento

M&M – Quais são as expectativas com o novo governo para o setor de startups?
Matos – Ainda é cedo para dizer. O novo governo expressou em seus discursos e planos a importância do empreendedorismo, ciência e tecnologia para o futuro do País. Esperamos que esse discurso se reverta em melhores práticas e políticas estruturantes para o setor.

Publicidade

Compartilhe