Barça x Real: a consolidação da presença feminina no futebol
Ainda temos um longo caminho rumo à tão almejada igualdade de gênero no futebol, mas começamos a ter boas histórias para contar e exemplos relevantes
Barça x Real: a consolidação da presença feminina no futebol
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12 de abril de 2022 - 0h25
Noventa e uma mil pessoas lotaram o Camp Nou no último dia 30 para ver Barcelona e Real Madrid pelas oitavas de final da UEFA Champions League Feminina em um jogo sensacional, vencido pela equipe catalã por 5 a 2, que garantiu a vaga nas semifinais da competição. Além do feito em campo, o que se espalhou também foram as lindas imagens de um estádio lotado em uma partida de futebol feminino, com direito a “More than empowement” em mosaico, brincadeira com o tradicional “Més que un club” exibido nas arquibancadas nos jogos do masculino.
Tal feito deve realmente ser celebrado. O recorde anterior de público em uma partida feminina era a final da Copa do Mundo de 1999 entre EUA e China, com 90 mil pessoas no Rose Bowl. A marca atual é tão expressiva que supera inclusive os 86 mil espectadores registrados no último Barça x Real masculino em outubro do ano passado. Um grande momento para as jogadoras, que cumprem as mesmas rotinas de treino e de dedicação dos jogadores do masculino, porém com muito menos reconhecimento. Inclusive no aspecto financeiro.
Mas esse jogo está realmente virando e começamos a ver sinais claros de incentivo ao futebol feminino. A Conmebol, por exemplo, organizadora da Copa Libertadores masculina e feminina, anunciou em dezembro do ano passado o aumento considerável da premiação do time vencedor para 1,5 milhão de dólares a partir de 2022, contra os 85 mil dólares pagos até então.
O aumento das premiações em torneios é só um dos fatores que contribui para a expansão do futebol feminino. Com mais recursos, pode-se valorizar os talentos que jogam no clube e, é claro, investir em melhores condições para que os estádios lotados sejam cada vez mais uma realidade.
O futebol feminino começa a despertar o interesse das marcas e passa a ser visto também como negócio relevante. Ainda há uma longa estrada, mas vemos boas iniciativas em prática. Um bom exemplo é a Heineken, tão reconhecida por seu tradicional apoio a UEFA Champions League masculina, que depois do clássico com recorde de público exibiu outdoors pela Europa celebrando a conquista da equipe feminina do Barcelona. Um pequeno passo, mas de um significado enorme para mostrar como as mulheres vêm encontrando o seu lugar no futebol. A Nike, tradicional patrocinadora de atletas do futebol masculino, começa a ter cada vez mais esportistas mulheres e, em parceria com o Corinthians, lançou pela primeira vez uma camisa inspirada no time feminino, com os dizeres #respeitaasmina nas costas.
Ainda são cifras expressivamente menores, mas cada dia testemunhamos a mudança de uma realidade, abraçada por marcas que acreditam em um propósito de transformação para além de terem apenas um discurso.
E podemos ver essas mudanças dentro e fora de campo. O exemplo mais recente e emblemático foi a final do mundial de clubes da FIFA, em que vimos duas mulheres à frente dos dois melhores clubes do planeta. De um lado, Leila Pereira, presidente eleita do Palmeiras, e, do outro, Marina Granovskaia, diretora do Chelsea e conhecida como “Dama de Ferro”, em uma referência direta a Margaret Thatcher. Duas mulheres que lideram o futebol em clubes de expressão, um território até então visto como estritamente masculino. Sinal de mudança dos tempos.
Ainda temos um longo caminho rumo à tão almejada igualdade de gênero no futebol, mas começamos a ter boas histórias para contar e exemplos relevantes. Esperando que em um futuro não tão distante, esses exemplos façam parte da nossa realidade e que não sejam apenas ações pontuais. Seguimos assim na torcida pelo espaço da mulher no futebol. E lotando as arquibancadas.
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