Gentileza como soft skill
Acredito que uma estratégia de liderança poderosa e fundamental está sendo amplamente negligenciada. É, de fato, a mais inatamente humana: seja gentil
Acredito que uma estratégia de liderança poderosa e fundamental está sendo amplamente negligenciada. É, de fato, a mais inatamente humana: seja gentil
22 de junho de 2022 - 9h06
Tenho lido muito sobre liderança gentil. É claro que esse, como diversos outros assuntos, foi acelerado pela pandemia nas corporações. Muitos gestores se depararam com o desafio de manter a sanidade da equipe não só pelo lado corporativo, mas também no lado pessoal. Afinal, ninguém passou ileso por uma pandemia global seguida de uma guerra.
Em artigo publicado no site Working Knowledge, de Harvard, o professor Boris Groysberg relata que um número crescente de alunos e ex-alunos têm buscado seus conselhos sobre como liderar em um panorama sem precedentes de ciclos de incerteza e estresse profundo das pessoas.
Segundo a OMS, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. E de acordo com o estudo da McCann “The Truth About Welness”, 48% das pessoas globalmente acreditam que saúde mental deveria ser a grande preocupação mundial.
Acredito que uma estratégia de liderança poderosa e fundamental está sendo amplamente negligenciada. É, de fato, a mais inatamente humana: seja gentil. Infelizmente, a noção de gentileza na forma das palavras e gestos mais simples muitas vezes se perde quando CEOs e gerentes estão em modo perpétuo de gerenciamento de crises, lutando com demissões, tecnologia de trabalho remoto, problemas de mercado e uma série de outras interrupções frustrantes.
Infelizmente, hoje em dia, um número crescente de pessoas acredita que ser um bom líder significa que você tem que ser duro. Ao mesmo tempo, mostrar bondade é muitas vezes erroneamente percebido como um sinal de fraqueza. Uma das mulheres que eu mais admiro atualmente, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, comentou que uma das críticas que ela enfrentou ao longo dos anos é que “não sou agressiva o suficiente ou assertiva o suficiente, ou talvez de alguma forma, porque ‘sou empática’ significa ‘eu sou fraca’. Eu me rebelo totalmente contra isso. Eu me recuso a acreditar que você não pode ser ao mesmo tempo compassivo e forte”.
Eu concordo com a Jacinda, por isso cada vez mais me interesso pelo assunto. Não só pela admiração, mas porque os dados comprovam que um ambiente gentil gera mais frutos, e mais resultados.
De acordo com a Mayo Clinic, os atos de bondade ativam a parte do nosso cérebro que nos faz sentir prazer e “libera um hormônio chamado oxitocina, que ajuda a modular as interações sociais e as emoções. Ser gentil é bom para a nossa saúde mental e a de nossos funcionários”. E isso se traduz em melhora no ambiente, no desempenho, produtividade e retenção de talentos – assunto discutido há algum tempo no nosso mercado devido ao alto turnover.
O valor e as recompensas da gentileza foram elogiados por líderes lendários como Desmond Tutu a executivos modernos como a CEO da GM, Mary Barra, conhecida por seu estilo inclusivo e centrado no colaborador.
Entre tantos soft skills que precisamos ter, creio que o mais importante é, de fato, ser gentil. Segundo documentário de David Gaz, narrado por Catherine Ryan Hyde: “kindness is contagious”. E, como diria José Datrino, “gentileza gera gentileza”. Assumir um papel ativo na formação do futuro da nossa indústria é mais importante do que nunca. Então vamos juntos propagar a gentileza?
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