Demonstrar paixão no trabalho pode atrapalhar mulheres, revela estudo
De acordo com nova pesquisa da Harvard Business School, entusiasmo profissional favorece carreira dos homens e prejudica a das mulheres
Demonstrar paixão no trabalho pode atrapalhar mulheres, revela estudo
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Meio & Mensagem
24 de junho de 2025 - 16h18
(Crédito: Shutterstock)
Um novo estudo da Harvard Business School (HBS), publicado na revista acadêmica Organization Science, revela que demonstrar paixão no ambiente de trabalho pode ser um ótimo caminho para homens serem promovidos. No caso das mulheres, no entanto, o efeito pode ser o oposto: a mesma clareza sobre o entusiasmo pode prejudicar as perspectivas profissionais delas.
De acordo com a pesquisa, homens que demonstram paixão no trabalho têm entre 20% e 30% mais chances de serem considerados um “alto potencial” para programas de liderança em relação a mulheres com o mesmo grau de entusiasmo.
O levantamento, detalhado pelo Wall Street Journal, analisou dados de desempenho de mais de 4 mil colaboradores de uma grande empresa de engenharia baseada nos Estados Unidos. Também foram conduzidos experimentos com mais de 2.100 participantes norte-americanos, que avaliaram vídeos de pessoas expressando entusiasmo no trabalho.
Os resultados mostraram que 38% dos homens foram classificados como talentos com alto potencial, contra apenas 30% das mulheres, mesmo com níveis semelhantes de paixão.
Os autores do estudo, entre eles Joyce He (Universidade da Califórnia) e Jon Jachimowicz (Harvard Business School), sugerem que o viés vem de estereótipos clássicos de gênero.
Enquanto a paixão é vista como um sinal de diligência e comprometimento entre homens, para mulheres ela ainda costuma ser associada a uma “excessiva emotividade”, traço culturalmente desvalorizado em ambientes corporativos.
Além disso, a pesquisa alerta para um fenômeno conhecido como “viés de segunda geração”: preconceitos sutis e enraizados que afetam processos de promoção e avaliação sem que líderes e avaliadores necessariamente percebam.
Ser rotulado como “alto potencial” é um fator decisivo para o avanço em programas de liderança e para a construção de uma carreira executiva. Segundo a pesquisa, a diferença de 20% a 30% na indicação representa uma barreira significativa para mulheres, mesmo quando elas demonstram igual ou maior entusiasmo que seus colegas homens.
“O estudo sugere que demonstrar paixão no trabalho não apenas deixa de ajudar mulheres a avançar na carreira, mas pode, de fato, atrapalhar suas oportunidades profissionais”, destacou o Wall Street Journal.
Os autores do estudo sugerem algumas práticas que podem reduzir o viés de gênero nas avaliações de potencial, como a padronização de critérios objetivos nos processos de promoção; treinamento de líderes para reconhecer e mitigar estereótipos inconscientes; análise de avaliações e feedbacks em busca de padrões de viés; e a implementação de processos anônimos nas fases iniciais de triagem e indicação para programas de liderança.
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