Uma conversa interseccional sobre gênero

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Uma conversa interseccional sobre gênero

Isabela Venturoza, antropóloga e facilitadora de grupos reflexivos com homens; Angerson Vieira, diretor executivo de criação da Africa, e Pedro de Figueiredo, fundador do Memoh, falam sobre a responsabilidade masculina na temática de igualdade


21 de março de 2023 - 17h42

No palco do Woman To Watch, Angerson Vieira, Isabela Venturoza e Pedro de Figueiredo falam sobre o papel masculino na discussão sobre equidade de gênero (Crédito: Eduardo Lopes / Imagem Paulista)

O Relatório Global do Fórum Mundial apontou que o Brasil ocupa, atualmente, a 94ª colocação no ranking de igualdade de gênero, além de ser o detentor de um dos piores índices na América Latina. Esse problema, no entanto, é naturalmente associado a um debate exclusivamente feminino e essa é uma mentalidade que precisa ser mudada.

A antropóloga e facilitadora de grupos reflexivos com homens, Isabela Venturoza, avaliou no palco do Summit Woman To Watch, nesta terça-feira, 21, o cenário atual em que as discussões sobre as masculinidades no painel “O papel dos homens na discussão sobre equidade de gênero”, moderado por Eduardo Zanelato, Diretor de Comunicação & Estratégia na agência Ágora e Conselheiro do Observatório da Diversidade da Propaganda (ODP).

Para ela, não é uma responsabilidade exclusiva da mulher conseguir espaços nas lideranças corporativas “Tem a ver com, de fato, compreender que essas problemáticas são problemas de homem, já que eles estão no topo”, explica.

Essa reflexão é caracterizada por dois espaços dentro da discussão sobre igualdade. Em um primeiro momento, é relacionado ao lugar de fala; em segundo, sobre o momento de escuta.

Por esse motivo, também cabe aos homens participar dessa discussão com o objetivo de entender o que é promover um ambiente igualitário sobre como é necessário entender as questões de gênero. Por mais que as mulheres precisem ser ativas nesses debates, são os homens os maiores protagonistas de casos de violência contra a mulher, por exemplo.

Para Angerson Vieira, diretor executivo de criação da Africa, existe uma necessidade de os homens começarem a ouvir e entender o processo de discussão sobre gênero. “Precisei ouvir que fui machista para me sentir anestesiado. Confesso que é um aprendizado solitário, sem saber a quem recorrer, consigo reconhecer os padrões, mas quando ouvi de alguém foi um choque”, contou.

A discussão de gênero nas empresas

O ambiente corporativo também é um lugar importante para a criação da discussão sobre as questões de gênero. Por isso, a Memoh, do fundador Pedro de Figueiredo, propõe levar às empresas discussões sobre a masculinidade e como isso afeta as mulheres e o ambiente,

O executivo defende que o processo de construção de uma estrutura que trabalhe a igualdade não deve ser um caminho solitário, mas que consiga trazer o homem como parte fundamental das discussões, entendendo o seu papel. “Esse processo não pode ser solitário. Se for, entramos num processo de culpabilização. Queremos envolver o homem nesse processo e para que ele traga as suas questões”, pontuou.

Por fim, os debatedores concordam que, é preciso olhar esse debate de forma interseccional, como um todo e com as suas complexidades, e que essa discussão não pode ficar focada apenas em homem e mulher, mas que compilem toda a sua diversidade.

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