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Comunicação

André Zimmermann cria startups de conteúdo

Ex-presidente da Z+ investe em empresas dedicadas à produção voltada ao digital. Mais do que diminuir o ritmo de trabalho, ele queria contribuir para a evolução do mercado brasileiro


2 de setembro de 2014 - 11h11

Por Flávia D´Angelo, do Proxxima

Pouca gente sabe. Filho de família alemã, André Zimermann ganhava seus trocos dando aula de inglês e alemão (ele morou cinco anos da Suíça e três na Espanha na infância). Profissional da publicidade com mais de 15 anos de experiência, começou meio que por acaso na área. Se formou em administração na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), mas o destino lhe traia um outro desafio. Ao buscar um estágio foi indicado por um conhecido ao publicitário Luis Grottera, que o colocou na área de mídia. Era o que o universo queria. Zimmermann começava, então, a sua trajetória no mundo da publicidade.

Da área de mídia, foi para contas e execução, o que exigiu dele o aprimoramento do seu poder de negociação. Depois, a entrada de uma conta digital na agência lhe mostraria o caminho que seguiria. A Usina do Som, primeira rádio online brasileira chegava ao país em meados de 2000 e André teve como missão entender esse universo e mais, vendê-lo ao mercado. “Na época um projeto de vanguarda, era a primeira rádio online no Brasil e a (editora) Abril estava fazendo o lançamento. Recebi a missão de entender de internet em duas semanas para fazer campanha de mídia online e lançamento”, conta.

Antes do lançamento, ele chamou os principais players para saber qual caminho trilharia. Embora o mercado ainda fosse insipiente (tinha apenas seis meses), foi possível tirar algum ensinamento disso. “Chamamos UOL, Zipnet, Starmidia, Terra. Queríamos entender como era feito o planejamento e a compra de mídia para saber mais sobre o marketing digitalizado”, explica. O lançamento foi um sucesso e, como sucesso chama mais sucesso, a agência ganhou a conta do Bando do Brasil, que ficou a cargo de André Zimmermann, na época com 19 anos. “A conta era dividida entre três agências e a Grottera ficou com praticamente toda a parte digital. Na época era a maior conta digital do Brasil”, orgulha-se.

A partir daí, Zimermann já participava de iniciativas do mercado de internet e, em uma delas, ficou sabendo da chegada da Media Contacts no Brasil. Mandou seu currículo e, em pouco tempo, fazia parte do quadro de funcionários. Parte do Grupo Havas, a Media Contacts estava entrando na América Latina. Foram 12 anos no grupo. “Passei por diversas funções, por diversas empresas do grupo e por dois países. Fiquei três anos na função de planejador de mídia no Brasil, fiz coordenação de gestão de mídia para 14 países da América Latina para a Reckitt Benckiser e, em 2004, eu fui para Madri, onde era a matriz”, diz. Na matriz, ficou de 2004 a 2007.

O período em solo espanhol foi muito bom, segundo define, mas depois e receber alguns convites ele decidiu voltar ao Brasil. Começava, então, a parceria com um de seus sócios nas empresas que possui hoje. “O Ricardo Reis me chamou e eu aceitei. Assumi então a direção geral da Media Contacts.” Ele então abriu a segunda operação do grupo no Brasil: a Mobext, uma agência de marketing mobile.

Nesse momento, ele se tornou diretor geral da Havas Digital e abriu uma terceira agência digital do grupo, a Latitude. Até 2012 ele acumulou a função de diretor geral das agências. Até que o grupo comprou a Z+ e convidou André para ter uma função mais executiva na Z+ e consultiva na Havas Digital. “Buscávamos promover o que todas as agências estavam buscando na época: a integração do off-line e do digital. A visão que colocamos é que a integração tem que vir já do planejamento”, lembra.

O futuro é aqui
Mas a vontade de empreender era maior e Zimermann, que já estava havia mais de uma década no grupo, saiu em 2013 para os “famosos” novos desafios. Na época, houve muita especulação se iria abrir outra agência, mas não. Junto com Ricardo Reis, começou a criar um ecossistema de startups de tecnologia dedicadas à produção de conteúdo digital. Hoje, possui (ou participa, como ele gosta de definir) quatro empresas: ADTZ, Smartclip, Saltzen e Netcos. Todas têm ligações com a publicidade digital.

A ADTZ faz a gestão de publicidade das marcas diretamente do inventário do Facebook e do Twitter. É uma é um PMD (Preferred Marketing Developer). Como a empresa já tem atuação em outros países, a operação brasileira necessitou somente de um pequeno aporte para começar aqui. A Smartclip, por sua vez, que tem a AdOnion como sócio investidor em 26 países, é uma plataforma de distribuição de vídeos multitelas e multiformatos. “Na prática, é uma rede premium, em que agregamos vários portais e sites verticais grandes (não entram pequenos) e fazemos a gestão de inventário de publicidade em vídeo desses parceiros em computador”, explica. Já a Saltzen é o nome da empresa que André abriu para fazer a representação da publicidade na página de e-commerce do WallMart. Por fim, a Netcos, a grande paixão atual do empresário. Fundada em outubro do ano passado, é uma empresa de advisoring para produção de conteúdo em vídeo. Basicamente, diminui o abismo entre agências e as marcas para o trabalho de engajamento em conteúdos digitais no YouTube. “Os canais não tem a linguagem de marca, não sabem falar com as agências e não querem, na palavra deles, servir de babás para as agências e para as marcas. Por outro lado, as agências querem falar com esses caras mas não sabem onde buscar, com quem falar”, explica.

O seu modelo de empreender, segundo define André, é diferente de muitos que vemos por aí. Ele escolheu abrir seu negócio, até confessa com uma boa pitada de humildade que tem uma liderança natural, mas não queria ficar à frente de nenhuma operação executiva das agências. Até chegar a Netcos. Ele hoje não recebe salário, apenas dividendos e atua, na medida do possível, na linha de frente da agência.

A contribuição para o mercado passa pela sua atuação no IAB (Interactive Advertising Bureau). “No IAB comecei como participante dos comitês e depois passei a presidir comitês de agencia e de search. Hoje, sou diretor e VP consultivo. O objetivo sempre é fazer o mercado crescer, se profissionalizar e ter mais gente na base. Dizemos que estamos abrindo o caminho com um facão. Inventando formatos, criados modelos porque isso ainda não existe.”, diz ele, criticando a grande juniorização do mercado. “Você percebe que há um grande despreparo de profissionais”, diz. Para ele, o mercado de conteúdo de vídeo online é expoente. “É o the next big thing e vai reunir todo o pensamento, tempo e dinheiro do mercado publicitário.”

A rotina, hoje combinada com trabalho e almoços em casa preparados pelo próprio, passagens esporádicas pelos dois escritórios (além do na Berrini, ele tem outro em Pinheiros), Zimermann divide entre obrigações de dono de casa e as viagens. Aos 35 anos e depois de sofrer com alguns problemas de pressão e de colesterol altos, privilegia uma vida saudável. Adora esportes e pratica vários (tênis, natação, corrida e bicicleta) e viaja muito. Em média, faz 10 viagens por ano. “Quero seguir esse modelo que estou agora, empresas pequenas, com poucas pessoas e muito baseadas em tecnologia e serviço sem necessidade de escala. Precisamos de pessoas que pensam e façam estratégias, mas, sobretudo, que sejam do bem. É uma grande vantagem”, ressalta ele. Quando questionei sobre o seu sonho, ele me respondeu em linguagem de negócios e ainda arriscou dar conselhos. “Meu objetivo macro é ser feliz. Fazer algo por obrigação é um sinal que deve-se abandonar e seguir outro foco.”

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