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Comunicação

O empreendedor precisa saber lidar com fracasso

Roberto Grosman, sócio e co-CEO da Fbiz, fala sobre empreendedorismo, comunicação integrada e a nova área de marketing tech da agência


23 de setembro de 2015 - 9h35

Em 1999, quando ajudou a fundar o site Fulano.com, Roberto Grosman vislumbrava o futuro promissor da internet, caminho que, à época, ainda era bastante incerto no Brasil. Apesar do sucesso da empresa, em 2003 o executivo decidiu passar uma temporada no Vale do Silício, onde trabalhou na Amazon. Posteriormente, integrou a equipe do Google no Brasil. A experiência nas duas gigantes globais foi fundamental para que regressasse em 2006 à Fbiz, única parte sobrevivente do Fulano. Hoje, Grosman divide o posto de CEO da agência com seu sócio Pedro Reiss. Após a venda do controle acionário para o Grupo WPP em 2011, a missão da dupla, dos demais três sócios executivos (Marcello Hummel, Marcelo Castelo e Paulo Loeb) e dos 300 funcionários é a de consolidar a Fbiz como agência de comunicação integrada. Apesar da crise, Grosman espera crescer 25% neste ano — “para 2016, as expectativas são mais altas”, garante.

Confira abaixo um trecho da entrevista publicada na edição 1678, de 21 de setembro, exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.

Meio & Mensagem — A agência acaba de criar uma área de marketing tech. De onde surgiu essa necessidade?
Roberto Grosman — O desafio das empresas hoje é muito mais complexo, e o CMO, dentre todos os outros cargos, é o que mais está sofrendo, porque de repente precisa saber tudo de tecnologia, que agora é fundamental para o marketing. Um exemplo óbvio é o e-commerce: antigamente, o diretor de marketing não tinha que se preocupar com isso e, hoje, é o core de muitas empresas. Também há necessidade de lidar com os dados dos seus consumidores, toda a parte de compra de mídia por DSP e outros formatos. Porém, as empresas e os CMOs não estão preparados para isso. E, como temos o background digital, conhecemos muito as tecnologias, ferramentas e sabemos como usá-las, resolvemos ampliar o que já vínhamos fazendo para alguns clientes, como Netshoes e Multiplus, pois achamos que isso vai ganhar ainda mais importância. Será uma área liderada por três engenheiros, um focado mais em negócio, um nas ferramentas e outro em processos.

M&M — Muito se fala sobre comunicação integrada, que não tem mais sentido separar on e off, no entanto muitos grandes anunciantes ainda separam as verbas online e off-line. A própria Claro, que você citou, mantém a conta digital na Fbiz e a off-line na Ogilvy. Por que essas marcas continuam a fazer essa divisão? Não estão convencidas de que não há mais separação entre uma coisa e outra, como dizem muitas agências?
Grosman — É uma transição. Muitas vezes, anunciantes trabalham com a mesma agência há vários anos, então é uma tarefa difícil mudar toda a verba, envolve muita responsabilidade. Há uma certa inércia: “Se eu sempre trabalhei com essa agência, por que vou mudar agora?”. Muitos anunciantes tentaram fazer comunicação integrada com suas agências “tradicionais”, só que a maioria delas não conseguiu fazer isso, seja por falta de capacidade, interesse ou investimento. A busca pelas agências digitais foi contra a vontade dos anunciantes, mas já que apareceu a necessidade, foram atrás. Algumas empresas começam a perceber que o grande foco tem que ser na estratégia. Usamos o termo integrado de propósito, não full service nem 360 graus — acho isso uma bobagem. Tem que fazer o que funciona naquele momento para determinado objetivo, somos agnósticos em relação ao canal, pensamos na estratégia, na marca e no consumidor. O on e o off, na nossa opinião, é uma decisão de mídia, não estratégica. Não vemos a conta da Claro dividida entre off, com a Ogilvy, e on, com a Fbiz. Vemos o cliente que tem duas agências. Do mesmo jeito que o Itaú tem Africa, DM9 e DPZ. São agências com pontos de vista diferentes. 

M&M – Como você enxerga o movimento do empreendedorismo no Brasil desde a criação do Fulano?
Grosman — Não adianta ter somente bons engenheiros com boas ideias, é preciso ter estrutura financeira, legal, ação governamental benéfica a isso. No Brasil, não temos quase nada, mas melhorou um pouco desde que começamos o Fulano. Hoje, há fundos de investimentos locais e globais com escritórios aqui. O perfil cultural de tomada de risco demora uma geração para mudar. Quando me formei na faculdade, ninguém queria empreender. Todo mundo queria trabalhar no banco, na consultoria, na multinacional. Hoje, o pessoal da GV me diz que 40% dos alunos querem ter negócio próprio. É uma mudança muito grande e eu só me formei 15 anos atrás, não faz tanto tempo (risos). O ambiente legal é difícil também. No Brasil, quando a pessoa vai à falência é vista como um fracasso. Lá fora, é vista como experiente, porque se você quebra uma vez, dificilmente irá quebrar na segunda. Então, também tem esse aspecto cultural, que está mudando aos poucos. Ninguém fala sobre o fracasso no Brasil. O fundador do Uber teve uma startup que quebrou feio. É raro um desses grandes empreendedores não terem vivenciado um fracasso.

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