Reestruturações em meio à crise

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Reestruturações em meio à crise

Venda da RBS em SC, negociações do Grupo A Tarde na Bahia e emissões de títulos da Band, Abril e Globo são um termômetro do atual momento do mercado


8 de março de 2016 - 10h22

A venda das operações da RBS, em Santa Catarina, anunciada nesta segunda-feira, 7, foi apresentada ao mercado como uma forma de o grupo focar esforços de mídia no Rio Grande do Sul, seu estado de origem.

Apesar de não existir detalhamento dos principais motivos que resultaram no negócio é natural, em momentos de crise, que empresas façam o chamado “desinvestimento” abrindo mão de negócios ou mercados não prioritários.

Quem comprou as operações da RBS em Santa Catarina, estimadas em R$ 1 bilhão, foram os empresários Carlos Sanchez e Lirio Albino Parisotto, figuras conhecidas do mercado de investimentos e responsáveis por reestruturar empresas.

Sanchez, por exemplo, é dono do laboratório farmacêutico EMS e será o sócio majoritário com 75%. Parisotto, que terá 25% de participação, possui investimentos nas áreas de siderurgia, bancos e companhias elétricas, além de ser proprietário da Videolar.

Essas operações que também ocorrem em outros mercados devem movimentar a área de fusões e aquisições no Brasil. Em um relatório do início do ano, Flavio Mourão, diretor de Investiment Banking do Credit Suisse, considerou que o Brasil deve fechar 2016 com um total de R$ 150 bilhões em fusões e aquisições, ante os R$ 142 bilhões do ano passado. “Essas operações são motivadas por consolidação, busca de liquidez e reorganização de dívidas e provavelmente 2016 será dessa forma", observou.

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Em janeiro, o baiano A Tarde, dono do jornal popular Massa!, do portal A Tarde da Rádio A Tarde, foi vendido para a DX Investimentos, especializada em recuperação de empresas em dificuldades financeiras.

Estima-se que as dívidas cheguem a R$ 150 milhões. Ao assumirem o grupo, os empresários Felício Rosa Valarelli Junior e Roberto Lázaro prometeram reestruturação. No entanto, na última sexta-feira, membros da Família Simões, antigos proprietários da empresa, interditaram a sede do grupo alegando “descumprimento de contratos”. A decisão final ainda precisa ser tomada pelo conselho da empresa.

Além dessas duas operações relevantes no mercado de mídia neste ano. No fim do ano passado, a família Civita investiu R$ 450 milhões no Grupo Abril para reorganizar suas finanças para este ano e reperfilar as dívidas. "Fizemos os ajustes necessários, nossa rentabilidade melhorou e entramos em 2016 com nova perspectiva”, disse, na ocasião, Giancarlo Civita, presidente do Grupo Abril, em comunicado.

Em dezembro, o Grupo Bandeirantes concluiu uma operação de debêntures, uma forma de captar recursos emitindo uma dívida futura. O valor total da operação foi de R$ 250 milhões. No início de 2015, a Globo já havia emitido US$ 325 milhões em bônus. “A operação pode ser resumida como um refinanciamento a um custo mais baixo”, disse, na época, Sergio Marques, diretor de finanças e relações com investidores da Globo, em entrevista ao jornal Valor.

Quando não se pode captar, renegociar ou vender a operação um dos resultados diretos da crise nas empresas é o corte de pessoal. Samuel Lopes, sócio da Tiex Consultoria, especializada em reestruturações financeiras, observa que no caso do mercado de mídia que já vivia uma crise antes de a crise econômica se agravar as empresas são forçadas a reavaliarem seu modelo de negócios e operação.

“Com certeza, alguns setores devem ter cuidado extra, no caso dos jornais por exemplo, sabemos que não apenas a crise econômica que o país enfrenta é que dificulta o crescimento e até sua manutenção, acontece um outro fator, o de mudança de perfil dos clientes. Se reinventar sempre, apostar em novas tecnologias, novos modelos de negócio, olhar sempre para o futuro e acompanhar a tendência do mercado e dos potenciais clientes", pondera.

Um passo importante para empresas que querem reestuturas suas finanças é fazer o levantamento de toda a divida, seus respectivos prazos e taxas, apurar custo e resultado de todas as áreas e levantamento de custo da estrutura. “Isso irá possibilitar identificar áreas ineficientes, gastos passíveis de corte ou redução e a renegociação de dívidas”, diz Lopes. De acordo com o consultor, demissões devem ser as últimas medidas a serem tomadas. “Depois de feitos os levantamentos e renegociações conforme já mencionado, teremos uma maior viabilidade do negócio por área e saberemos quais áreas são rentáveis e mesmo às de apoio ao negócio, quão eficientes são”, explica.

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